Por: Raquel Zambon
Vou começar essa matéria fazendo uma confissão: eu assisto muita TV – assim, muita, muita mesmo! Acompanhar vários shows faz com que alguns roteiros se tornem previsíveis e as atuações fracas, o que deixa difícil se encantar de verdade por uma nova produção. E é por isso que, quando encontro algo que realmente me empolga, sinto que preciso dividir.
Nos últimos anos, nada conquistou tanto meu amor quanto “Zoey’s Extraordinary Playlist”. A série tem um tema bem absurdo: a programadora de software Zoey Clarke passa por um terremoto enquanto está fazendo uma ressonância magnética e, depois disso, começa a ver as pessoas à sua volta cantando sobre seus sentimentos. É com esse novo poder que Zoey navega mudanças na carreira, em sua vida amorosa e um grande drama familiar: seu pai, Mitch, sofre de paralisia supranuclear progressiva (PSP) e não tem muito tempo de vida.
Drama, comédia e romance com música e dança? Não tem como não dar certo! Depois de assistir a primeira temporada, eu estava empolgadíssima para participar de um evento com o elenco em Los Angeles, que aconteceria em abril. Entretanto, a pandemia transformou mais este momento em uma reunião virtual, que foi publicada pelo The Paley Center for Media recentemente.
O painel online contou com a presença do criador Austin Winsberg, a coreógrafa Mandy Moore (que divide o nome com a atriz) e de todo o elenco principal do show, incluindo Jane Levy, Skylar Astin, Alex Newell, John Clarence Stewart, Mary Steenburgen, Lauren Graham e Peter Gallagher.
Jane Levy, que interpreta Zoey, disse no painel que fica impressionada com o talento do elenco e que é por isso que foi capaz de ter reações tão realistas às performances musicais da primeira temporada: “Pessoalmente e como atriz, fico impressionada com a musicalidade e as performances, então, não é tão difícil reagir”, afirmou. Jane disse que Pressure e Crazy foram os números musicais mais difíceis de fazer na temporada, mas que estes desafios provaram que o elenco pode fazer qualquer coisa.
O elenco de “Zoey’s Extraordinary Playlist” é, de fato, o segredo do sucesso da série: atuações incríveis tornam todos os personagens interessantes, dos principais aos secundários.
Skylar Astin falou sobre Max, que é amigo/interesse amoroso de Zoey: “Eu amo a integridade do Max. O Austin foi muito incrível em trazer isso para o personagem e quero que esta integridade esteja presente de todas as maneiras”.
Simon, personagem de John Clarence Stewart, trabalha com Zoey e é o concorrente de Max pelo coração da protagonista. O ator falou da vulnerabilidade de Simon e de como ele admira a forma com que seu personagem se abre para os outros e, principalmente, para Zoey.
Uma das personagens favoritas dos fãs é Joan, a chefe de Zoey. Joan é interpretada por Lauren Graham, a famosa Lorelai de “Gilmore Girls”, que estava afastada da TV e decidiu retornar especialmente para o show. Ela conta por que se encantou com a personagem: “Nós já vimos várias chefes malvadas e eu queria fazer algo mais específico e estranho. Essa é uma pessoa que vive sob pressão, cujo casamento está desmoronando e que provavelmente foi a única mulher do escritório pela maior parte de sua carreira… Eu queria que ela tivesse um coração”. Lauren ainda afirmou que admira a parceria e a amizade entre Joan e Zoey, mesmo que a chefe seja meio durona às vezes.
A vizinha e confidente de Zoey, Mo (Alex Newell), também garante momentos incríveis na série. Mo, que se identifica como mulher e não tem medo de ser quem é, foi foco de um episódio emocionante na primeira temporada, no qual decide retornar à igreja. “Ser autêntico é uma das coisas mais difíceis que uma pessoa pode fazer nesta caminhada da vida”, afirmou Alex, admirando a veracidade de seu personagem.
Mesmo com tantas histórias para contar sobre tantos personagens incríveis, o ponto de destaque da primeira temporada é o relacionamento de Zoey com o pai, que ela sabe que partirá em breve.
O pai do autor Austin Winsberg teve paralisia supranuclear progressiva e faleceu 9 meses após a descoberta da doença. Austin chegou a chorar durante o painel quando dividiu sua experiência: “Eu senti que tinha de contar essa história e mostrar como foi”. O autor confirmou que dividir o caminho de seu pai através da série e da música o ajudou a lidar com a tristeza da perda.
Peter Gallagher, conhecido por seu papel em “The O.C.”, falou sobre o desafio de interpretar o pai de Zoey – alguém que, por conta dos sintomas da doença, não pode expressar o que sente. “Eu tive muita experiência com a minha mãe, que viveu com Alzheimer por 20 anos. Quando ela morreu, eu percebi que nossa conexão era genuína… Quando eu a fazia se sentir amada por meio de gestos, ela ainda dava um jeito de se comunicar. Eu conseguia ver nos olhos dela”.
Os atores ainda falaram sobre a última música interpretada na primeira temporada: American Pie. Não vou dar detalhes para não estragar para quem ainda não assistiu, mas a música marcou a conclusão de um ciclo e representou um momento especial para o elenco e os fãs.
Assistir “Zoey’s Extraordinary Playlist” é uma experiência incrível e eu não vejo a hora de termos novos episódios! A série não está disponível nos principais serviços de streaming do Brasil, mas pode ser encontrada online. A segunda temporada já está confirmada, sem previsão de gravação.