A maioria dos filmes e seriados de TV nos últimos anos mostram o lado glamouroso de Los Angeles, as lojas chiques da Rodeo Drive, as mansões de Beverly Hills, o desfile das celebridades com suas roupas e joias caras no tapete vermelho do Oscar e outras premiações em Hollywood. Nós amamos tudo isso, assim como vocês, mas é importante lembrar que em uma cidade grande (Los Angeles é maior que Sao Paulo territorialmente) e cosmopolita como esta nem tudo é belo e perfeito como mostra o cinema e a televisão.
A coluna “Além do Script”, que desvenda segredos da cidade, que nem mesmo muitos dos angelenos, nativos de LA, conhecem, leva vocês a uma vizinhança na periferia, próxima ao LAX, aeroporto internacional de LA, onde encontramos uma das maiores obras de arte dos EUA. O bairro de classe média baixa, foi a residência do imigrante italiano, Simon Rodia. Um operário da construção civil durante o dia e um sonhador determinado, Simon queria deixar uma herança artística para a humanidade. Em 1921, nas suas horas de folga, Rodia começou a construir sozinho, com ferramentas simples e sucatas a Watts Towers. Durante 34 anos, ininterruptos, este fã de Michelangelo, passava noites em claro trabalhando em seu projeto num pequeno terreno que comprou próximo a sua simples residência.
Este homem do povo, estrangeiro, deixou na terra que escolheu viver, as torres, viradas para o sol, que hoje são consideradas um dos maiores marcos da arquitetura e escultura moderna do país. Simon Rodia tinha como objetivo de vida fazer algo grandioso, e ele encontrou uma forma de expressar seu sonho e ser reconhecido como um artista talentoso não só por seus vizinhos mas como por milhares de pessoas pelo mundo afora.
A inspiradora história de Simon e a visita a Watts Towers e ao centro cultural construído próximo a escultura, com exposições gratuitas imperdíveis, nos fizeram pensar: sem nenhum recurso financeiro, mas com muita determinação, Simon realizou seu sonho. Mas para tal teve que trabalhar arduamente e mesmo diante de tantas dificuldades, não desistiu. E nós, estamos nos esforçando o suficiente para atingir nossos objetivos de vida? O que falta para começarmos a construir a vida que imaginamos?
Só por ter a oportunidade de fazer esta reflexão e ver o resultado fantástico ao vivo e a cores do sonho de Rodia valeu a pena a visita a Watts Towers, no último sábado. O melhor que ainda fomos premiados com a apresentação de um grupo folclórico, que na tenda cultural, anexa às torres, celebrava a defesa dos direitos humanos, especialmente a liberdade de escolha das mulheres.
Sem dúvidas, um programa inesquecível até para nos lembrar que Los Angeles não se resume aos holofotes da indústria do entretenimento, carros conversíveis e casas de milhões de dólares, mas não muito longe de tudo que a TV e o cinema mostram, há muitos trabalhadores que ralam e vivem sem luxo nenhum e, ainda assim, são grandes artistas que podem não ser astros da telona, mas contribuem e muito para a cultura do país.
Conheça mais da história da Watts Towers:
E já que você está na região centro sul de Los Angeles, não muito longe da Watts Towers você vai encontrar um dos melhores donuts dos EUA. Nós experimentamos e aprovamos. confiram os detalhes nesta reportagem: