Por: Camila Sá
Sair e fazer as coisas sozinha parece ser mais fácil do que realmente é. Algumas pessoas não têm dificuldade alguma nisso, mas almoçar sem companhia, por exemplo, já foi muito desafiador pra mim. Houve um tempo que eu odiava pisar fora de casa sem alguém comigo, até mesmo pra ir pra escola.
Sempre gostei de estar rodeada de pessoas, sair junto e dividir minha atenção com um grupo de amigos, mas de uns anos pra cá eu tenho dado muito valor a estar mais comigo. É uma via de mão dupla pra uma canceriana, já que nós costumamos dramatizar e inventar cenários que não existem na nossa cabeça, de fato. Mas eu tenho descoberto coisas interessantes sobre mim mesma.
Há muito tempo atrás, eu comecei a deixar de lado esse pânico de pisar fora de casa, de fazer trabalhos acadêmicos sozinha, ir a shows, passei a almoçar comigo mesma antes de trabalhar e agora não tem drama (quase) nenhum nisso. Eu sento numa praça de alimentação sem ninguém, tranquilamente. Depois eu fui a outro nível: ao cinema, lembro até hoje que o filme foi “Um Dia”, com Anne Hathaway e Jim Sturgess. Chorei sozinha nesse dia, o filme dá o maior nó na garganta.
Em 2016, eu fui pra Los Angeles e passei 15 dias sem companhia. Encontrei algumas pessoas, saímos e nos divertimos muito, mas eu tava por mim mesma. Acordava a hora que queria, almoçava onde queria, trocava os passeios de dias e horários. A única parte chata nesse rolê inteiro era ter que pedir pra estranhos tirarem as minhas fotos, mas tudo bem. Meu Instagram segue vivo e sem danos.
Essa liberdade é incrível, todos os dias eu não tinha nada decidido e escolhia de acordo com o tempo ou o meu humor. Falando assim parece que tenho facilidade de escolher alguma coisa, mas não se engane. Eu sou uma libriana encubada apesar de não ter nem libra no meu mapa astral. No ano passado, encarei uma tatuagem sem companhia, eu tremia tanto que achei que o tatuador iria errar tudo. Mas deu certo.
Estar por si só significa ser capaz de fazer as próprias decisões, ainda que pequenas mas que nos dão a sensação de que estamos sendo capaz de cuidar de nós mesmos. Isso vaio nos ajudar a lidar com as decisões mais difíceis, futuramente. Não precisa se afastar de todo mundo, deixar de sair com quem você gosta, mas eu aprendi que precisamos gostar daquela única pessoa que vai estar com a gente a qualquer momento, 24/7, sem um segundo de descanso: nós mesmos.
Bom, da minha lista de coisas a se fazer sozinha acho que só falta ir pra uma balada. Isso, confesso, ainda é um paradigma grande pra mim, mas há duas semanas eu bebi numa festa sozinha e me senti muito feliz.
Um passo de cada vez. ♥
Vou ao cinema sozinha pela primeira vez na semana que vem e estou bem nervosa, apesar de já ser acostumada a fazer coisas sem companhia como ir almoçar, na sorveteria, compras no shopping. Mas no cinema me parece estranho ir sozinha, espero mudar de ideia depois dessa experiência.