Vivendo Longe de Casa: Inspiração para quem pretende morar no exterior

Por: Raquel Zambon

Deixar o conforto do seu país para morar fora é, inevitavelmente, um sonho realizado e um desafio constante. Uma coisa é fato: nenhuma experiência no mundo será igual a sua e, portanto, a jornada dos outros não deve servir de modelo para o seu caminho. Ela pode e deve, entretanto, ser fonte de inspiração para que você consiga conquistar seus objetivos!

Nesta semana em que completo um ano vivendo em Los Angeles, decidi compartilhar com vocês um pouquinho da minha experiência e, quem sabe, trazer inspiração para quem busca essa mudança de vida.

Meu primeiro quarto em LA - 2010

Meu primeiro quarto em LA – 2010

Eu pisei em LA pela primeira vez em agosto de 2010, com o objetivo de fazer intercâmbio durante um mês. Foi a minha primeira viagem sozinha… Lembro até hoje que, no primeiro dia, sentei no quarto do meu apartamento estudantil e chorei compulsivamente, me perguntando de onde tinha tirado a ideia absurda de fazer aquela viagem!

O sentimento de medo foi logo substituído pela certeza de que LA é o grande amor da minha vida. Voltei para dois novos intercâmbios na cidade em 2011 e 2012. Enquanto isso, minha cabeça já estava trabalhando em um plano para que eu pudesse me mudar de vez e fazer pós-graduação na UCLA.

Visita ao campus da UCLA - 2012

Visita ao campus da UCLA – 2012

Depois de três anos juntando os recursos necessários para fazer a pós, embarquei em um novo voo para LA em setembro de 2015. E aqui estou desde então!

Os desafios começaram desde a preparação para a mudança. Quando as pessoas me perguntam o quanto a minha pós-graduação custou, eu nunca consigo dar uma resposta. Só sei que Henry David Thoreau não poderia estar mais certo quando disse que “O preço de qualquer coisa é a quantidade de vida que você troca por isso”. Foram anos trancada em um escritório, sem carro, sem sair com os amigos… Mudar para o exterior é muitas vezes um plano em longo prazo. Sinto informar, mas os belos textos de internet sobre jogar tudo para o alto e ir embora nem sempre são aplicáveis na vida real.

Visita ao Getty Center - 2016

Visita ao Getty Center – 2016

Como em toda grande história de amor, devo confessar que o meu relacionamento com a cidade não é sempre um mar de rosas. Eu tenho momentos de solidão, nos quais me dou conta que troquei todas as pessoas que amava por um lugar onde estou constantemente rodeada por estranhos. Eu tenho momentos em que me desvalorizo, tentando entender porque troquei um cargo de responsabilidade em uma multinacional por uma vaga inferior que não me agrada muito.

Tem dias em que o transporte público me estressa, em que o inglês trava no telefone. Tem dias que o dinheiro contado me deixa ansiosa, em que eu não me alimento tão bem quanto a minha mãe gostaria, em que a saudade bate mais forte do que a gente pensa que consegue lidar.

Conhecendo a Big Sur - 2016

Conhecendo Big Sur – 2016

Por que eu estou aqui então? Porque a maioria dos dias não são esses. Também têm os dias de nascer do sol com as palmeiras enfeitando o cenário, os dias em companhia dos novos e bons amigos… Tem dias em que tenho aulas com escritores renomados, bem como dias em que conheço Tyler Hoechlin, Grant Gustin e Stephen Amell pessoalmente! Independente de ser um dia perfeito ou imperfeito, sei que sou grata por todos.

Kellan Lutz_raquel_zambon

Com o ator Kellan Lutz

Se eu recomendo que as pessoas peguem suas malas e saiam da sua zona de conforto? Sim, com certeza! Mas, por favor, com consciência: não dá pra fingir que tudo será um conto-de-fadas e que sua vida nunca mais terá momentos ruins. Vão existir problemas de saúde, problemas financeiros… Depois de um curto espaço de tempo, você ainda vai descobrir que a vida no seu país vai continuar sem você! Seus amigos vão começar a ligar menos, casamentos e nascimentos vão acontecer sem a sua presença e, muitas vezes, você chega a pensar que perdeu a importância. Mesmo com tudo de bom que a gente lê por aí, não dá para escolher viver em outro país sem entender as consequências que esta decisão vai trazer.

A verdade é que a gente se sente cansado na maior parte do tempo. Um estrangeiro, um estranho no ninho, alguém que deita e levanta lutando contra a maré. Mas, toda vez que eu acordo e vejo a luz do sol nas palmeiras, eu tenho certeza de que vale a pena.

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