Muita gente já me perguntou porque não falo sobre a vida pessoal das celebridades no Hollywood é Aqui. Aliás, já ouvi várias vezes: “você que mora entre NY e LA e vive encontrando esse povo, se contasse detalhes ou pedisse pra tirar fotos com eles em bares, boites e restaurantes podia até vender pros sites de fofoca no Brasil e fazer uma grana”. Ainda tem quem diga: “poxa, conta os podres dos famosos que o número de acesso no seu site vai triplicar e dos seus seguidores nas redes sociais também”.
Óbvio que eu tenho consciência que se eu falasse tudo que sei e compartilhasse tudo que já vi nos bastidores da TV Globo (durante os 5 anos que trabalhei lá) e da indústria do entretenimento nos EUA eu estaria muito bem de vida agora. Como alguns que vivem de fazer fofoca nas redes sociais no Brasil e são considerados “influencers”, fazendo dinheiro e ainda viajando pelo mundo representando nosso país em prêmios e coletivas de imprensa às custas de detonar a vida alheia.
A indústria da fofoca é extremamente rentável em qualquer lugar do mundo. Sabemos que todos os veículos e os “influencers” que focam neste mercado estão ricos e são poderosos. E levando em consideração que eu encontrei nas noitadas a atriz Dakota Johnson, estrela da trilogia “50 Tons de Cinza”, mais vezes que vi meus próprios pais nos últimos 2 anos, eu teria pauta de sobra pra alimentar um bem-sucedido site de fofoca.
| Fofoca:
Ato de querer saber para ir contar a outrem. |
Isso sem contar dos meu encontros com Shailene Woodley na première de seus filmes que, sim, postei fotos, pois eram eventos relacionados à vida profissional da atriz, protagonista da saga “Divergente”, mas fiz questão de deixar de fora todos os detalhes da vida pessoal dela que presenciei.
Minha lista é extensa, pois a minha primeira chefe em Hollywood foi Elain Lively, mãe da atriz Blake Lively, com quem convivi ainda nos tempos que ela interpretava a Serena em “Gossip Girl”. Fã da série, tive até a oportunidade de assistir uma gravação do último episódio em NY. Mas fiz questão de compartilhar meu deslumbre de fã de Blair Waldorf e Chuck Bass, que conheci no set e a declaração de amor que fiz pra Stephanie Savage, produtora e uma das criadores de “The OC”, um dos meus seriados favoritos de todos os tempos. Mas nunca aproveitei de nenhuma oportunidade que Elain e Blake me deram para me promover ou fazer dinheiro às custas de sua fama. Tanto que tenho uma relação amigável e respeitosa com a família Lively até hoje e isso é muito mais precioso e importante pra mim do que engordar a conta bancária às custas da vida alheia.
Isso também explica o fato de até hoje eu não ter tirado nenhum foto com ou da Dakota Johnson. Se eu posto que estou no mesmo bar que ela, muitos fãs me pedem o registro do momento. Eu entendo a empolgação porque sou fã também, mas sempre explico carinhosamente que a atriz está se divertindo com os amigos e ela tem o direito de não ser incomodada.
Já disse várias vezes e repito, não é porque uma pessoa segue a carreira artística que ela tem obrigação de estar sempre à disposição do público. Como todos nós, meros mortais desconhecidos, antes de eles serem famosos, eles são seres humanos e devem ser respeitados como tal.
E se eu não os incomodo como fã, jamais, em hipótese alguma, usaria a vida pessoal dessas celebridades e tantas outras com as quais trabalho e convido para tirar vantagem e transformar este portal de entretenimento em um site de fofoca.
Eu tenho plena noção do dinheiro e das oportunidades que perco por isso, assim como compreendo a curiosidade do público em relação à vida pessoal dos famosos. Faz parte da natureza humana gostar de uma “fofoquinha” e não sou eu que vou dizer que nunca li esses sites, pois admito que no passado eu fazia e com frequência.
Mas, quanto mais tempo trabalhando na indústria, mais gente eu conheço e mais vejo como os seres humanos sofrem por tudo que é dito e publicado sobre eles tanto por jornais, revistas, como nos sites e nas redes sociais. Hoje em dia, desprezo todos os sites de fofoca e os “influencers” que fazem fofoca. Porque, sim, existem verdades, mas conhecendo os bastidores como eu conheço, eu garanto pra vocês que a maior parte dessas noticias são fabricadas. De qualquer maneira, sendo a fofoca real ou inventada pra fazer dinheiro e causar o tal do “buzz”, ela é um veneno pra alma e a energia dos envolvidos.
Ainda lembro como o ator Ian Somerhalder e sua esposa, Nikki Reed, sofreram quando começaram a namorar. Os fãs da atriz Nina Dobrev, ex de Ian na vida real e no seriado “The Vampires Diaries”, não se conformavam com a separação dos atores e, pior, com o fato dele estar apaixonado por outra pessoa. Eu tenho amigos em comum com os três atores e já os entrevistei diversas vezes, eu soube como foi difícil para os três lidarem com as fofocas fabricadas pela mídia e pelos supostos fãs (eu acredito que quem é fã de verdade não age desta forma nunca).
Diante de todas as situações que vivenciei e graças a proximidade que tenho com os seres humanos que estão por trás da fama, eu prefiro fazer zero de dinheiro e batalhar mais pra conquistar oportunidades sendo editora de um portal de entretenimento ético, do que alimentar a indústria da fofoca.
E digo mais, acredito e apoio a liberdade de imprensa, mas acho que se um veículo, papparazo, “influencer” ou mesmo um fã, publica uma notícia, comentários ou fotos de uma celebridade, a ponto de causar danos morais à pessoa, deveriam ser severamente punidos. Infelizmente, ainda não existe uma lei que condene esse tipo de comportamento, que pra mim é bullying, mas eu sinceramente espero que um dia essa lei seja aprovada, não só nos EUA, como pelo mundo afora, deveria ser proibido fazer dinheiro às custas do desrespeito à vida alheia.
Por essas e outras que ainda espero, sim, um dia tirar uma foto com a fofa e animada Dakotinha, na première de um de seus muitos filmes, quando a bela estiver trabalhando, pois aí sim vou ter orgulho de postar e compartilhar com todos vocês!
Para encerrar, espero que esta reflexão sirva de inspiração para as pessoas que insistem em alimentar fofoca da vida dos famosos, pense antes de escrever ou comentar e até incomodar pedindo foto, lembre-se que seu ídolo é um ser humano igual a você.
Obrigada!
Beijão,
Claudia
Parabéns pela matéria. Difícil encontrar hoje pessoas que pensam assim. Parabéns por ser essa pessoa confiável. Concordo com tudo que diz na matéria. Principalmente a parte que você fala que fã de verdade não agem assim, com fofocas para denegrir a imagem de sua companheira. Fã de verdade apoia seu ídolo. Sabe q ele erra, pois são seres humanos como nós. Mas o apoia quando precisa. Essas pessoas tem uma vida fora dos holofotes também, precisam ser respeitados. Mas infelizmente a maioria não pensam assim. Acham que eles tem q ser perfeitos, ser artista o tempo todo. Espero que um dia eles entendem e saibam apoiar mais seu ídolo, respeitar mais. Parabéns por transmitir isso através dessa matéria.
Muito bem colocado Claudinha, acho absurda essa concepção que muitos “fãs” tem de achar que porque a pessoa é famosa, ela tem que viver em função dos fãs e deve algum tipo de satisfação a alguém. Sou fã de pessoas que prezam pela privacidade e sofrem com o assédio dos paparazzi, e acho uma completa falta de ocupação de preocupar com a vida alheia e alimentar certos tipos de fofoca. Vale lembrar de Amy Winehouse, uma artista única que teve a vida encerrada cedo demais devido à grande pressão da mídia e dos paparazzi, o que fizeram com Amy foi desumano.. Get a life people, deixem os artistas viverem suas vidas sem nenhuma interferência indiscreta!