Dia 3 de setembro de 2009, às vésperas de completar 37 anos, cheguei a Los Angeles para fazer um curso na Universidade da Califórnia e curtir um ano sabático. O que era para ser uma experiência temporária, aos poucos, foi ganhando forma de permanente e hoje celebro 13 anos nos EUA.
A vida no exterior, de uma pessoa privilegiada como eu, que sempre pode escolher (eu escolhi quando vir, eu escolhi onde morar, eu escolhi ficar), é muito diferente da realidade de muita gente que vem pra cá justamente porque não tem nenhuma outra escolha.
Eu não me acho uma pessoa corajosa por ter vindo morar sozinha na terra estrangeira. Acho que aproveitei a oportunidade que a vida me deu. Posso dizer que nessa trajetória de muito aprendizado sobre o mundo e sobre mim mesma, uma das atitudes que mais me orgulho foi a opção que fiz de ser, ao invés de ter, não sucumbindo as tentações do país em que resido, que é o mais consumista do mundo. Recentemente, fiquei contente ao fazer minha mudança e ver que absolutamente todas as coisas que tenho na vida cabem em um carro médio e podem ser transportadas por mim mesma.
Muito amigos dizem sofrer com a solidão da vida no exterior. Já eu vim pra cá buscar a solitude. Eu sempre vivi muito cercada de gente, mas, nessa fase da trajetória, precisei ficar a sós com a minha criatividade e com o espelho, para mergulhar numa jornada de autoconhecimento pessoal e profissional.
Mas confesso que foi uma decisão acertada ter vindo pra cá aos 30 e muitos, pra me aposentar da boêmia carioca, quando já tinha aproveitado bastante e investido minhas economias – e a energia e disposição da minha alma jovem – nas noitadas e saideiras com os amigos da vida, na Cidade Maravilhosa. Eu jamais me perdoaria se tivesse passado o final dos meus 20, e boa parte dos meus 30 anos, longe do Rio de Janeiro. Respiro aliviada por ter seguido os meus instintos e não ter me precipitado para sair da minha zona de conforto.
A Claudia de hoje, às vésperas de celebrar 50 anos, sabe que a vinda pra os EUA foi essencial para que eu me tornasse uma pessoa mais consciente dos meus próprios privilégios, porque sair do Brasil não significa sair da bolha. Esse é um processo muito mais profundo, que requer um aprendizado diário, que vai muito além deste vídeo onde compartilho momentos felizes, dias inesquecíveis, sonhos realizados, registros de viagens tão fascinantes quanto os lugares que conheci no país que escolhi viver. Eu tive a chance e optei por explorar e aprender as verdades sobre os EUA, “desglamourizando” aquela visão hollywoodiana das séries e filmes que a gente consome no Brasil e nas viagens à Disney. Graças as minhas andanças e aos amigos que fiz aqui, hoje posso criticar e elogiar o que há de pior e melhor nesse país.
Obviamente ninguém é feliz o tempo todo, em lugar nenhum. A felicidade é efêmera como a própria vida.
Nesses últimos três anos, especificamente, a minha vida passou por profundas mudanças, desde quando saí do apartamento onde morei por 8 anos e de LA. Passei uma temporada em Austin, Texas, que foi encurtada pela pandemia. Ao mesmo tempo, um projeto profissional me deu de presente uns meses no Brooklyn, Nova York.
Mamãe ficou doente e com a sua partida, decidi voltar pro aconchego de Los Angeles pra recomeçar minha história onde cheguei nos EUA.
Todas as minhas experiências, minhas dores e delícias também contribuíram para que eu olhasse de forma diferente para o mundo ao meu redor, me sentindo ainda mais abençoada e mais consciente de quão privilegiada é a vida de uma brasileira branca, classe média alta, como eu, no exterior.
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vvvvv | Agradecimento especial aos amigos do Hollywood é Aqui: Comemoro hoje 13 anos de EUA com uma pacote que inclui 9 edições da San Diego Comic Con, 3 idas ao Emmy Awards, coberturas do Sundance Film Festival, Toronto Film Festival, ATX Television Festival, SWSX, visita a mais de 30 estados nos EUA. E, muitos encontros com meus ídolos, alguns que vocês, amigos do HEA, me apresentaram.Nem todos os dias são lindos como os momentos vividos nesse vídeo. Não mesmo. Mas esses dias felizes, muitos que só aconteceram por conta do Hollywood e Aqui e de todos vocês que nos acompanham há anos, alimentam a minha poupança emocional que uso nas horas desafiadoras.Eu provavelmente não teria ficado nos EUA, se não fosse o HEA. Eternamente grata pela oportunidade de seguir nessa trajetória cheia de percalços, mas com muitas aventuras inesquecíveis e amigos que, mesmo de longe, compartilham essa jornada comigo! Obrigada! |
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