Por: Carl
SINOPSE: Um assassino está à solta. Sua mente doentia criou um jogo macabro no qual duas pessoas são submetidas a uma situação extrema: viver ou morrer. Só um deverá sobreviver. Um jovem casal acorda sem saber onde está. Amy e Sam foram dopados, capturados, presos e privados de água e comida. E não há como escapar. De repente, um celular toca com uma mensagem que diz que no chão há uma arma, carregada com uma única bala. Juntos, eles precisam decidir quem morre e quem sobrevive. Em poucos dias, outros pares de vítimas são sequestrados e confrontados com esta terrível escolha. À frente da investigação está a detetive Helen Grace, que, na tentativa de descobrir a identidade desse misterioso e cruel serial killer, é obrigada a encarar seus próprios demônios. Em uma trama violenta que traz à tona o pior da natureza humana, Grace percebe que a chave para resolver este enigma está nos sobreviventes. E ela precisa correr contra o tempo, antes que mais inocentes morram – M. J. ARLIDGE – Editora RECORD – 2016 – 322 páginas.
Eu gosto de histórias policiais que dão chance ao leitor de tentar descobrir o que está acontecendo, de tentar desvendar quem é o assassino e quais suas motivações para os crimes que comete. UNI-DUNI-TÊ é um desses livros. Na verdade, o único ponto onde não encontrei uma explicação, foi para o título da obra. Isso, porque não existe acaso na escolha das mortes, mas, sim, uma escolha.
Em todos os assassinatos, duas pessoas são presas em algum local, sem qualquer chance de escaparem ou serem resgatadas. Para saírem daquela situação, uma delas precisa usar uma arma, que é deixada com elas, para matar a outra. Ou seja, há uma escolha racional, ou de sobrevivência.
Bem, excluindo esse detalhe, todo o resto da história é muito bem construído. Não consegui encontrar nenhum furo na busca das pistas, que vão sendo apresentadas gradualmente, um pouco a cada capítulo.
A narrativa é em terceira pessoa, mas existem capítulos onde é o assassino(a) quem descreve alguns acontecimentos de seu passado. Especificamente, sua terrível infância à mercê de um pai sádico e estuprador. Por esse motivo, o leitor consegue estabelecer perfeitamente os motivos que o(a) levaram a cometer os assassinatos, mas só no final consegue descobrir o real motivo e qual sua verdadeira motivação.
Helen, a personagem principal, e a detetive responsável pela investigação, é uma personagem dura, coerente com a profissão que realiza, e interessante. Principalmente seu lado libidinoso. Ela frequenta sessões de sexo masoquista, e o leitor fica um pouco perdido no sentido que isso traz para a história, uma vez que esse lado da personagem não é refletido na sua vida profissional. O entendimento só acontece no fim da história. E ele faz todo o sentido.
Existem dois personagens secundários de grande importância: Mark e Charlie. São dois outros detetives da divisão, que interagem com Helen a todo momento. Para não atrapalhar a dinâmica da história, a vida pessoal dos dois é levemente comentada, apenas o suficiente para o leitor acreditar que eles podem ser reais. E eles não possuem apenas a função de suporte ao personagem principal. Eles são responsáveis por dar aos capítulos finais uma emoção a mais, e uma urgência que faz com que o leitor devore cada página.
UNI-DUNI-TÊ consegue sucesso em todos os caminhos que percorre. Ele consegue, até, o mais importante: dar ao assassino(a) um motivo que, embora não justifique as mortes que comete, deixa uma sensação de pena, de que é possível que alguém na mesma situação possa ter as mesmas reações; faz de Helen uma personagem imperfeita, com falhas, com remorsos e dona de uma consciência fraturada pelas falhas que cometeu na sua imaturidade da adolescência; e, finalmente, permite ao leitor acompanhar uma investigação inteligente, onde todos os pormenores são investigados, e onde todas as pistas para a solução do mistério são apresentadas.
Leitura mais do que recomendada para os amantes do gênero.