Ainda me lembro a primeira vez que a minha mãe chorou ao se despedir de mim no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Foi em 1991, quando fui fazer meu primeiro intercâmbio na Inglaterra.
Eu tinha 18 anos e estava animadíssima pois era a minha primeira visita à Europa. Além da terra da Rainha, eu ia visitar a França e a Espanha com um grupo de pessoas da minha idade. Confesso que achei um exagero as lágrimas da minha mãe, afinal, apesar do mundo ser maior naquele tempo que não tinha Skype, Facetime e Whatsapp, eu iria passar só um mês fora e nos tínhamos combinado de nos falar uma vez por semana pelo telefone, tinha que ser rápido porque era caríssimo, mas, de fato, eu ia passar um tempo relativamente curto fora de casa, então não tinha necessidade do “drama”.
Mas, talvez, a minha mãe já soubesse, inconscientemente, o que aconteceria no futuro. Afinal, ela me conhecia bem e sabia que a minha alma era desgarrada, e sonhava em partir pelo o mundo afora.
Fiz incontáveis viagens depois dessa temporada em Rochester e Londres, e mamãe sempre se emocionou quando eu ia passar mais de 2 semanas fora de casa mas, o auge, sem dúvidas, foi quando em 2009, vim de mala e cuia morar nos EUA.
Inicialmente a mudança era temporária, mas não demorou muito para que eu, e todos a minha volta, percebessem que eu tinha encontrado o meu lugar para viver a segunda metade da minha jornada, e ele ficava milhas e milhas distantes do Galeão.
O interessante é que 8 anos depois, quando meus pais vieram me visitar em novembro do ano passado nos EUA, e fui leva-los no aeroporto, a mamãe chorou, como todas as vezes que ela se despede de mim até hoje, cheguei a perguntar para ela se ela não tinha se acostumado ainda, depois de quase uma década, e ela foi taxativa e respondeu que não ia se acostumar nunca.
O que de fato mudou daquela despedida em 1991, que agora eu choro também. Tenho plena consciência que fiz uma opção de vida que força meus pais a lidarem com a distância e com as minhas eternas chegadas e partidas.
Mas, apesar das lágrimas sempre emocionadas da minha mãe nos aeroportos do mundo, nesses anos todos, ela sempre me apoiou em todos os sentidos, abrindo mão de muitas coisas, inclusive da saudade que sente, para que eu realizasse meu sonho.
Na semana passada, quando assisti o episódio da série “Parenthood”, uma das minhas favoritas, que mostra a personagem da ‘Haddie’ no aeroporto se despedindo dos pais, no dia que saiu de casa e foi para a Universidade, chorei copiosamente, lembrei da minha mãe e resolvi compartilhar essa parte da nossa história com muitas mães e filhos que já encararam uma partida definitiva, e com aqueles que, como nós, encaram as despedidas temporárias. Sem contar que gostaria de dividir a minha experiência também com aqueles que convivem diariamente com suas mães e com pais, que muitas vezes, assumem o papel da matriarca da família. Porque muitas vezes quando estamos com elas (e eles) todos os dias, não damos o verdadeiro valor que eles merecem.
Neste Dia das Mães, que estou novamente longe da minha mãe, só agradeço a ela por ter respeitado os meus sonhos e ter feito (e fazer) todos os sacrifícios pela minha felicidade. Se você tiver por perto da sua mãe, sua avó, tia, pai, tio, parente, o seu provedor (a) de amor maternal, celebre e aproveite!
Mesmo de longe eu estou comemorando a minha mãe. Desejo a ela um Feliz Dia!
E como mamãe me escreveu outro dia mesmo, eu ja achei o meu tesouro na vida, eu moro onde sempre quis morar, tenho saúde, paz e trabalho. Mas, correndo o risco de ser piegas, acho que completaria a frase dizendo: “Mamãe, meu maior tesouro é você. A quem devo a minha fé, que me salva todos os dias de mim mesma, e quem me entende e me ama do jeito que eu sou! Obrigada por tudo!
Com amor,
Sua filha