“Esse foi o filme mais próximo da minha vida que já escrevi e dirigi até hoje. Ao mesmo tempo que parece fácil, porque é um sentimento próximo de mim, o processo de colocar algumas verdades no papel e depois transformá-las em cenas de um filme, foi ao mesmo tempo catártico e complexo. Foi uma terapia intensa”, disse o roteirista e diretor Andrew Haigh, depois de uma sessão privada de “Todos Nós Desconhecidos”, em LA.
“Todos Nós Desconhecidos” segue o roteirista Adam (Andrew Scott) que, uma noite em seu prédio quase vazio em Londres, tem um encontro casual com seu misterioso vizinho Harry (Paul Mescal), o que acaba abalando o ritmo de sua vida cotidiana. À medida que Adam e Harry se aproximam, Adam é levado de volta à casa de sua infância, onde descobre que seus pais falecidos (Claire Foy e Jamie Bell) estão vivos e parecem ter a mesma idade do dia em que morreram, há mais de trinta anos. Fonte: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-305976/
Haigh apontou as semelhanças e diferenças entre o filme que, em muitos momentos corta o coração, e sua vida, “vocês podem não acreditar, mas a casa dos pais do Sam foi a casa onde cresci, passei a minha infância com meus pais lá. Foi muito doido rodar o filme ali. Me ajudou muito e aos atores também. Eu mal pude acreditar quando conseguimos fechar a locação. Impressionante como as lembranças vieram à tona. Foi muito inspirador. Por outro lado, uma grande diferença entre eu e Sam, o protagonista, é que meus pais não morreram, eles estão vivos. Mas a reação deles quando eu disse que era gay foi parecida com o que vocês acabaram de ver. Embora tenha acontecido décadas depois, o discurso conservador foi o mesmo”.
“E é o mesmo discurso que muitos jovens LGBTQIA escutam pelo mundo afora até hoje”, ressalta o ator Andrew Scott, que interpreta o protagonista. Ele complementa, “por isso que tantas pessoas têm se conectado com o filme. Muita gente vem falar comigo depois de uma sessão, seja pessoalmente, ou nas redes sociais, e compartilha como se identificou com a estória, os personagens, as relações. Interessante que o filme parece sobrenatural mas, na realidade, a mensagem é muito direta, muito clara e muito real, porque veio do seu coração, e da sua experiência, Andrew (referindo-se ao roteirista/diretor)”.
“Mas sem intenção desse papo virar uma troca de elogios, risos, mas é importante dizer que a emoção veio da performance brilhante e autêntica sua e do Paul, da Claire e do Jamie. Eu e muita gente da equipe chorou no set e na edição com vocês. Tive muita sorte de trabalhar com esse grupo de atores que abraçou esse projeto de uma forma tão pessoal. Isso foi essencial pro resultado final”, ressaltou Haigh.
“Foi um dos trabalhos mais intensos que eu já fiz e o Paul é excepcional, assim como a Claire e o Jamie. O roteiro era impecável e Andrew nos deixou livres para atuar, foi um trabalho muito colaborativo. Não é fácil achar o tom certo, brincar com o sobrenatural e ao mesmo tempo ser realista. O ambiente ajudou, a gente sabia que as cenas da família estavam acontecendo na casa onde Andrew cresceu, assim como a equipe que, como o Andrew disse, chorou com a gente em algumas cenas. Eu sei que não é um projeto que acontece todo dia, por isso, aproveitei cada segundo e estou muito feliz que todos estejam respondendo tão bem por um trabalho que todos nós, especialmente nosso comandante Andrew Haigh, fez com tanto amor”, declarou Scott.
“Todos Nós Desconhecidos” é um daqueles filmes que terminam na telona mas ficam com a gente por muito tempo. Faz a gente pensar e sentir as nossas relações, com nossos pais e familiares, nossos parceiros (as), amigos e com nós mesmos.
Além de ser uma declaração de amor à comunidade LGBTQIA+. Uma homenagem autêntica de quem a representa bem.
Aproveitamos para indicar dois filmes que celebraram a comunidade LGBTQIA+, nessa temporada de premiações, “Rustin” e “Monica”. Confira nosso encontro com o elenco dessas obras de arte imperdíveis:
