Atenção! Contém spoilers!
O mundo de seriados foi invadido por super-heróis e zumbis, mas, ainda que a gente ame de paixão, os viciados em seriados sentiam saudades dos dramas familiares. E foi assim que há 6 temporadas atrás, “This is Us” se tornou um fenômeno de audiência nos EUA, no Brasil e pelo mundo afora.
A última temporada do seriado estreou este mês. Por mais que alguns amigos desejassem que a série não terminasse agora, eu acredito que essa é uma boa hora para encerrar a trajetória dessa família que tanto nos emocionou e, porque não dizer, nos ensinou.
O roteiro bem escrito e a edição premiada de “This is Us” contribui para que a gente se identifique com as dores e as delícias de seus personagens e veja na série um reflexo das nossas próprias relações com nossos pais, irmãos e amores e, porque não, com a própria vida.
Eu confesso que tenho um amor especial pelas cenas e episódios que envolvem o passado de Jack (Milo Ventimiglia) e Rebecca (Mandy Moore), com os filhos ainda crianças e adolescentes. Coincidência ou não, os episódios que mais me emocionaram ao longo dos anos foram os que tiveram o foco nesse núcleo e nesse período da estória da família Pearson.
Mas preciso ressaltar o episódio “Don’t Let Me Keep You” (Não deixe eu segurar você), quando Jack Pearson perde a sua mãe e vai a Ohio, estado onde ela morava, para o funeral.
Eu não sabia o que me esperava até de fato começar a assistir o episódio. Como perdi minha mãe há pouco tempo, quando eu vi do que se tratava, pensei em desligar, mas resolvi continuar acompanhando. Pois, ao mesmo tempo que estava mexendo comigo, estranhamente estava trazendo um certo conforto também.
A performance de Milo foi tão sincera, verdadeira. O próprio ator disse em entrevistas que gravar esse episódio mexeu tanto com ele que ele marcou um almoço com seus pais que não encontrava há dez dias. Milo disse que durante a refeição ficou reparando na sua mãe a ponto dela perguntar o que estava acontecendo. Ele desconversou, mas percebeu ali o que Jack sentiu na frase que ele diz: “Eu não tenho mais mãe”.
O criador da série, Dan Fogelman, perdeu sua mãe de forma repentina. Ela foi fazer uma cirurgia simples e teve complicações vindo a falecer. Eu estive com ele em alguns eventos e lembro de sua emoção quando abordava essa passagem de sua vida pessoal que, claramente, está impressa neste episódio.
Alguém que viveu a dor, como Dan, contou a história de forma tão alinhada com a jornada do personagem Jack que tocou a vida pessoal de seu intérprete.
Quanto a mim, dizer que derramei rios de lágrimas seria menosprezar meu pranto, o que mamãe diria que é muito dramático, embora ela, fã de seriados, novelas e filmes, fosse uma manteiga derretida também. Mas foi necessário. Creio que ouvir Jack expressar de forma tão singela a solidão que sentimos quando nos damos conta que perdemos aquela que nos trouxe a esse mundo, me deu a oportunidade de viver a minha própria dor.
Mas como diz John Green, “a dor é para ser sentida”. Então, se você está passando por um luto de alguém que ama, esse episódio pode te ajudar no processo de cura.
Clipe do episódio:
Sou defensora de que entretenimento “televino” não existe só para nos distrair e nos divertir, mas os seriados também podem educar, emocionar, transformar, e nos curar. Além de nos fazer companhia.
“This is Us” é uma série que aborda temas relevantes sobre diversos assuntos e vai deixar saudades, mas, como a história da nossa própria existência, tem que chegar ao fim; neste caso deixando a sua marca no entretenimento e na vida dos seus fãs que, como eu, foram ajudados pelos Persons. Com isso vamos celebrar sempre seu legado, como Dan celebra o de sua mãe e eu da minha.
Atores comentam a última temporada da série:
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