Dona de hits inesquecíveis como “Man! I Feel Like a Woman!”, “That Don’t Impress Me Much” e “You’re Still the One”, Shania Twain é considerada um ícone pop-country canadense com mais de 85 milhões de discos vendidos, 5 Grammys e diversas outras premiações ao redor do mundo.
Apesar de todo esse sucesso – que teve início na década de 90 – muitos não imaginavam o quão difícil tinha sido sua infância. Criada em um lar extremamente pobre e vítima de abusos, Shania presenciou diversas cenas (principalmente de violência doméstica) que a marcaram. Em sua autobiografia intitulada “From This Moment On”, ela detalha os anos de violência física que ela, seus irmãos e sua mãe vivenciaram junto ao seu padrasto (Jerry Twain) – ao qual ela sempre chamou de pai.
Uma cena bastante forte é quando ela conta que viu o seu pai afogar a cabeça da sua mãe dentro do vaso sanitário: “Pensei que ele a tinha matado, eu realmente pensei que ela tinha se afogado ou morrido, ou que ele tinha esmagado tanto a cabeça dela que ela nunca mais iria acordar”. “Era atordoante para qualquer criança nunca saber o eu esperar a cada dia. Podia acontecer a qualquer momento…” – Trechos retirados da sua autobiografia.
Aos oito anos de idade, sempre estimulada pela mãe (Sharon), Shania passou a cantar em clubes locais de música country, o que fazia sua paixão aumentar ainda pelo que mais tarde se tornaria sua profissão. Em 1987, num trágico acidente de carro, seus pais morrem, deixando-a sozinha para criar seus três irmãos mais novos. Ela pensou em desistir de cantar, mas sua amiga, e cantora, Mary Bailey (que mais tarde se tornaria sua empresária), a incentivou a não parar.
Anos depois, Shania casou-se com o produtor Robert “Mutt” Lange (que inclusive a ajudou a produzir todos os seus álbuns a partir de 1993), no entanto o casamento terminou em 2010, quando ela descobriu que a sua “melhor amiga” estava tendo um caso com o seu marido debaixo do seu próprio teto, mas a história acabou de uma maneira inusitada. Shania se casou Fred – o ex-marido dessa sua “melhor amiga”, ocorrendo uma verdadeira “troca de casais”.
Em meio a tudo isso, Twain se afastou dos palcos, e a principal razão para isso tem nome: doença de Lyme. Um distúrbio que afeta as cordas vocais e que faz com que falar seja cada vez mais difícil. Ao que se sabe, esta rouquidão vem afetando a cantora desde meados de 2004. Com tudo isso, ela ficou num hiato de 15 anos sem lançar nenhum CD.
Nesse tempo, teve que reaprender a cantar e perder o medo do palco – pois após todos esses eventos traumáticos, ela desenvolveu uma espécie de “fobia” aos palcos.
Finalmente ela voltou, na última semana do mês de setembro, lançando seu mais novo álbum, intitulado de “NOW”, com 16 faixas (todas escritas pela cantora).
“Estou tão aliviada por finalmente estar aqui agora, do outro lado daquilo… então pensei que seria apropriado batizar o álbum de “Agora” (Now, em inglês), já que é onde cheguei”.
E Shania voltou com tudo, após uma semana de lançamento, o álbum já se encontra em #1 nos principais charts de vendas dos EUA, Austrália e UK. Com esse feito, Shania Twain, mais uma vez, quebra tabus, pois aos 52 anos consegue vencer o preconceito de que “cantoras com mais de 40 anos não conseguem vendem mais discos”.
Depoimento dos fãs:
“Quando você diz ser fã de alguém, as pessoas geralmente lhe associam a uma imagem histérica, de amor incondicional a uma celebridade que nunca viu, e da qual nunca terá a chance de tocar e/ou conversar. Ser fã de Shania Twain, no entanto, é bastante diferente. Não só admiro seu trabalho, como lhe admiro enquanto pessoa, e mãe. Acompanhar um pouco de toda sua trajetória em busca de um reencontro de si mesma através de sua recuperação vocal foi a terapia mais renovadora que poderia ter feito.
Em meados de 2015 tive o prazer de ir até um de seus shows da Rock This Country Tour e, de maneira muito agradável, participei de uma das passagens de som e tirei foto ao seu lado. Este foi um dos dias mais incríveis de toda minha vida, não somente por estar ao lado de meu maior ídolo, mas sobretudo por saber que tudo aquilo que sempre vivi, virtualmente, existe no real. Por isso, como admirador de Eilleen Regina Edwards, acima de tudo, fico extremamente feliz por ver que Shania Twain está de volta; impecável e como todos gostariam de vê-la: em #1!”- Matheus Stoppa
“Falar de Shania Twain é muito simples, afinal, desde meus primeiros dias de vida estive ligado a sua música. Acredito que foi realmente uma conexão, algo como “amor à primeira vista”, porém, neste caso, “amor à primeira ouvida”, se é que assim posso chamar!
Meu pai costumava me ninar ao som de “The Woman in Me” (1995), música essa que dava nome ao segundo álbum dela, um grande sucesso, diga-se de passagem. No entanto, o tempo foi passando, eu fui crescendo e continuava a ouvir os fenômenos da Shania junto ao meu pai, que apreciava o trabalho dela, porém outras influências musicais me distanciaram um pouco da cantora country. Acredito que tenha sido aquele medinho bobo de não curtir o mesmo estilo musical que seus amigos também curtem, entende?
“Man, I feel like a woman”, do álbum de maior sucesso já lançado por alguma cantora, em qualquer segmento musical, o “Come on Over”, sempre foi uma das músicas que me serviam como antibiótico para momentos infelizes, crises e sofrimentos em geral. É o tipo de música que contagia qualquer um, impossível não se deixar levar pelo ritmo, pela magia da canção, sem contar a grande mensagem de independência que ela traz. Eu costumava escutá-la “escondido” dos meus amigos, afinal, como uma criança ou jovem poderia “curtir” uma música de “gente velha”? Digamos que eu renegava minhas origens e meus próprios gostos pensando em agradar aos demais.
Com o álbum “Up!”, de 2002, não foi muito diferente, as músicas excelentes e aquela alegria que só Shania pode demonstrar, me deixaram ainda mais alucinados por seu trabalho. Ao assistir o DVD da “Up! Tour” então, aí comecei a perceber que realmente algo diferente despertava em mim ao escutar e ver aquela mulher performar num estádio lotado para milhares de pessoas.
Mas se você acha que eu tinha parado de me envergonhar, se engana. Até meus 16 anos eu procurava esconder esse meu amor pela Shania e minha paixão pelo pop country. Porém, chegou uma época na qual eu me redescobri como pessoa ao revisitar seus sucessos. Em 2012 fique super empolgado com a volta dela aos palcos, na sua residência em Vegas. Me fez querer saber o porque ela tinha sumido, o que havia acontecido. Fui conhecendo os dilemas que ela passou aos poucos, tentando digerir tanta dor e sofrimento, e ainda lutando para entender como depois de tanta luta ela ainda conseguia transformar tudo aquilo em música de qualidade!
No final de 2014 tentei, de última hora, assistir ao encerramento dos shows em Vegas, porém o visto não ficaria pronto a tempo. No entanto continuei pesquisando a vida dela, e, hora ou outra pintava alguma notícia sobre um novo álbum, porém, como sabemos isso foi sempre se postergando… Cheguei a pensar que ela não voltaria mais, porém, para minha surpresa ela anuncia sua volta, novamente, ou melhor dizendo, a sua despedida, em 2015.
A “Rock This Country Tour” seria a chance de ver a Shania de perto e poder sentir, mesmo que me despedindo dela, sua energia bem próxima a mim. No entanto, a vida nem sempre é justa conosco, e ela percorreria, e percorreu somente a América do Norte, sendo uma das turnês mais rentáveis do período em que ficou na estrada.
Nós fãs sabíamos o quanto as expectativas se misturavam com incertezas, afinal ela não cantava como antes e ainda tinha seus problemas pessoais para resolver. Assim, começávamos a achar que, de fato, um novo álbum nunca sairia, e toda essa tensão se estendeu até alguns meses atrás. Shania não costuma ser muito assertiva em suas datas.
Esse novo trabalho, o NOW, estava programado para sair quando ela completasse 50 anos, e foi sendo adiado a cada novo mês, inclusive quando ela já havia anunciado o álbum para a Revista Rolling Stones. O primeiro single, previsto para maio, só foi lançado em junho, sendo que o próprio CD havia sido anunciado para junho.
Ao Lançar “Life’s about to get good” percebemos que as engrenagens haviam começado a trabalhar, e o novo trabalho dela estava realmente a caminho. A madrugada na qual ela lançou o novo hit foi mágica para mim. Um misto de emoções me rodeava, pois eu tinha acabado de assinar um contrato de intercâmbio naquele mesmo dia. Eu iria para a Austrália, buscando uma vida melhor; afinal, com essa crise, e recém formado em jornalismo, não tenho conseguido me estabelecer no mercado, e tenho me frustrando cada dia mais. Sim, eu disse iria, pois no dia seguinte recebi a notícia que meus pais haviam sido demitidos, sendo assim, cancelei toda a papelada.
Foi nesse momento que a nova música de trabalho de Shania me conquistou, pois ela trata justamente disso: as incertezas que a vida traz. Hoje estamos contentes por algo, mas a vida sempre poderá lhe surpreender e mudar, completamente, nossos planos.
Desta forma o NOW tem funcionado como um álbum terapêutico pra mim, assim como foi para a Shania. O utilizo como um travesseiro no qual eu me amparo e despejo minhas angústias, frustrações, mas, ao mesmo tempo consigo pular de alegria e entender como, de fato, é a vida la fora. Como ela mesma diz, é um álbum que atravessa um longo e escuro túnel, mas que ao seu final é possível enxergar a luz.
Sou muito grato ao homem que a ela ajudou a me tornar, sempre defendendo causas nobres e colocando a mulher como guerreia. Tenho orgulho de poder dizer que sou seu fã. A vida segue e eu estarei sempre atrás dela esperando que ela me surpreenda novamente, afinal, “life’s about to get good”!” – Filipe Zampoli