Alguns meses atrás, um papo com um dos meus melhores amigos, que trabalha em entretenimento, e também é viciado em seriados, me chamou a atenção para um assunto que eu nunca tinha pensado antes. Ele disse: “Claudinha, pode reparar que as pessoas com as quais você tem mais afinidade gostam dos mesmos seriados que você gosta. E eu não estou falando de “Barrados no Baile”, por exemplo, que foi um marco da sua geração, porque tem sim aqueles seriados que marcaram uma época, a minha geração tem alguns diferentes da sua, esses não contam. Estou falando de séries que te inspiram atualmente. Por exemplo, eu e você não gostamos de “Game of Thrones”. Não é que você não tenha afinidade nenhuma com as pessoas que assistem GoT, mas garanto a você que, dentro do número absurdo de fãs da série, muito poucos gostam e entendem “The Americans”, que é a nossa série predileta”.
Nosso encontro com o elenco de “The Americans”:
Concordei com ele, mas argumentei que tem vários seriados que eu assisto e curto que ele nunca nem ouviu falar e nos temos bastante afinidades. Ele novamente fez um pequeno e inteligente discurso: “sim, claro, você assiste umas coisas que são só suas e eu assisto também algumas outras que você detestaria ou não daria muita importância. Mas estou falando daquelas séries que marcam mesmo a vida da gente, que nos inspiram, que nos deixam até com vontade de ter trabalhado no projeto. Por exemplo, “The Americans”, “Sharp Objects”, “Sex Education”, “Sense 8”, “The Affair”, “The Marvelous Mrs. Maisel”, “Will&Grace”, só pra falar de algumas da atualidade. Essas séries nos tocaram de forma profunda. A gente não só viu os episódios e se divertiu ou curtiu ou chorou, como pensou neles durante muito tempo. Eu também. E é isso que me chama atenção e me faz acreditar que o nosso gosto por seriados, diz muito sobre a nossa personalidade e, consequentemente, diz também sobre os nossos amigos, aqueles que têm ideias parecidas com as nossas, que enxergam a vida prestando atenção nos mesmos valores que a gente, porque quem gosta dessas séries não as assiste só para se entreter, como alguém que vê um seriado de super-herói ou aventura, quem vê essas séries, as utiliza para fazer uma viagem interior”.
A gente na estreia mundial de “Sharp Objects”:
Realizando sonhos na gravação de “Will&Grace”:
“Quando a gente fala sobre “Sense 8”, “The Affair”, sem exagero, são seriados que mexem com os nossos conceitos sobre a vida, e que desconstroem o padrão do ato 1,2,3 de um roteiro tradicional, do vilão e do mocinho, elas seguem a receita, mas o bolo é melhor, tem muito mais camadas e mais sustância. E por isso, elas dizem tanto sobre a gente e sobre as pessoas com quem a gente tem uma conexão maior. Porque é fácil gostar do “mainstream”, até por conta do bombardeio das campanhas publicitárias que envolvem os seriados e também pela coisa de querer participar e entender as discussões nas redes sociais. Falar do que todo mundo está falando. Mas não é todo mundo que percebe a importãncia de “Sex Education”, como a série é libertadora em tantos aspectos, ou a maestria de “Will&Grace”, que voltou melhor do que era antes. Pensa na meia dúzia de pessoas que você realmente tem afinidades e me diz se não concorda.”
Frente a frente com o elenco de “The Marvelous Mrs. Maisel”:
“Sex Education” é uma aula de como fazer seriados interessantes:
Pensei e não só concordei como escrevi essa coluna em homenagem ao nosso bate-papo e para saber de vocês, os seus melhores amigos, aqueles com os quais vocês têm mais intimidade e liberdade gostam das mesmas séries que vocês? Contem pra gente se concordam e o que acham da teoria do meu amigo nos comentários deste post.
E mais, o dia que conheci Maura Tierney:
“Sense 8”, brilhante deste o início: