Foi assistindo a uma entrevista da Riley Keough, a intérprete da minha amada Daisy Jones, na minha obsessão “Daisy Jones & The Six”, que eu soube que em, Sasquatch Sunset, seu próximo projeto, Riley seria nada mais, nada menos, do que uma criatura conhecida como “Pé Grande”.
O filme escrito por David Zellner e dirigido por ele e seu irmão Nathan Zellner, que também interpreta um Sasquatch, juntamente com Riley, Jesse Eisenberg e Christophe Zajac-Denek, acompanha um ano na vida de uma família de Sasquatches, que são Pés-Grandes, – e, possivelmente, os últimos de sua espécie misteriosa – eles embarcam em uma jornada comovente e cheias de aventuras ao entrarem em uma rota de colisão com o mundo em constante mudança, enquanto lutam pela sua sobrevivência. fonte: AdoroCinema
Olha, eu já vi milhares de filmes nos meus 51 anos de vida. Assistir filmes é minha diversão predileta desde de criança, mas, confesso que nunca vi nada igual a “Sasquatch Sunset”. O filme não tem diálogos, apenas grunhidos. Não tem humanos, apenas os Pés-Grandes, plantas e animais que vivem na floresta. Você pode ver o trailer, as fotos, os clips dessa matéria e tudo que achar na internet que, não importa, o filme vai te surpreender de qualquer maneira, combinando momentos hilários e outros profundos, emocionantes. Você vai gargalhar e, de repente, enxugar as lágrimas que insistem em cair, sem você perceber.
Foi essa a minha experiência quando assisti “Sasquatch Sunset”, numa sessão especial, em Santa Monica, que contou com um bate-papo com os diretores, os irmãos David Zellner e Nathan Zellner. David também escreveu o roteiro e Nathan atuou no filme.
“Sasquatch Sunset” é de uma sensibilidade incomum. E a gente se identifica muito mais do que imaginamos. Além disso, é um retrato da das relações no mundo animal, monstrando as severas consequências da interferência do homem e do progresso na natureza e na vida das criaturas que vivem na floresta. Trata de questões ambientais de um ponto de vista completamente diferente de tudo que vimos até hoje.
Compartilho os destaques dessa conversa pra lá de reveladora, nesse post. E ressalto como a fotografia é brilhante, assim como a caracterização. Os atores estão irreconhecíveis, a não ser pelo olhar.
Foi muito interessante ver Jesse Eisenberg, conhecido como um ator “verborrágico”, atuar tão bem em silêncio. Sem contar com a performance nota 10 da Riley, a única mulher do grupo, que dá a luz a um bebê Sasquatch. A versatilidade da atriz, que rodou esse filme logo depois de terminar de gravar “Daisy Jones & The Six”, onde interpreta uma rockstar, mostra uma sensacional atriz e que ela realmente pode fazer tudo. Admiro muito sua decisão em experimentar todas as experiências, seja em produções ricas, como Daisy, ou em um filme independente e experimental, como “Sasquatch Sunset”, a forma como Riley conduz a jornada de sua carreira é rara em Hollywood e merece reconhecimento.
Agora, os fãs de Daisy Jones – olha eu aí! – ganharam um mimo de Riley, que gravou a música tema do filme, que toca nos créditos, “The Creatures of Nature”, escrita por David Zellner. Um primor que já foi lançado e também compartilhamos aqui com vocês. Aumenta o som e aproveite:
The Creatures of Nature na voz de Riley Keough. Música escrita por David Zellner
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David Zellner – roteirista e diretor“Eu e Nathan fizemos um curta sobre Sasquatches há anos e foi muito bem recebido. Eu sempre achei que daria para fazer um longa. Um dia eu sentei e escrevi e foi mais ou menos o que vocês assistiram hoje. Eu queria contar a estória exclusivamente pelo ponto de vista dos Pés-Grandes, porque é uma coisa que a gente nunca vê quando um filme envolve criaturas. Se você pensar bem, mesmo em filmes de terror, o ponto de vista é sempre dos humanos. Assim como filmes com animais e documentários, lógico. E eu sempre tive curiosidade em ver um filme sob o ponto de vista das criaturas, o que eles acham, o que eles acham do homem, o ser estranho que desestabiliza sua rotina. E, para manter o foco, não podia ter nenhum humano e nem nenhum diálogo no filme. Se tivesse, ia ser uma distração para o público. Por isso, a gente marca a presença dos humanos em objetos e atitudes, não com um ator/atriz. Isso também influenciou o figurino e a caracterização. Queríamos que os atores ficassem irreconhecíveis, para não tirar o foco das criaturas. E o trabalho da equipe foi impecável porque tirando os olhos, você não vê nada deles. Ao mesmo tempo, precisávamos de excelentes atores para transmitir as emoções através do olhar, já que efeitos especiais, inteligência artificial, além de estourarem o nosso budget, não dariam aos Sasquatches a sensibilidade que buscávamos. Esse elenco foi perfeito, os atores abraçaram esse projeto, que foi desafiador pra eles, com muito amor e comprometimento. Não é fácil conseguir financiamento para um filme sobre uma família de Sasquatches, como vocês devem imaginar. Inclusive o financiamento que tínhamos conseguido desistiu pouco antes de começarmos a rodar. O Jesse (Eisenberg), que é um velho amigo nosso, é já estava envolvido no projeto, ajudou a gente a conseguir outro financiamento, colocando dinheiro do próprio bolso pra fazer esse projeto acontecer. Ele é um dos produtores, pois a paixão dele por esse filme resultou na sua realização. A Riley também nos ajudou muito, ela produziu com a gente. Esse foi um trabalho coletivo em todos os níveis, da equipe, do elenco, da produção e até a música tema a Riley topou gravar. Todo mundo trabalhou incansavelmente para dar certo! Por isso nos emociona e é tão especial pra gente ver vocês aqui hoje e receber o feedback positivo do público e da mídia, desde que o filme estreou no Sundance em janeiro. |
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Nathan Zellner – diretor e ator“Foi um trabalho com muitos desafios. O mais desafiador da minha carreira, sem dúvidas. O figurino era desconfortável, pesado, e a gente colocava de manhã, porque o processo de maquiagem era longo, e só tirava 10/12 horas depois. Eu dirigi muitas cenas vestido de Sasquatch, porque seria impraticável mudar de roupa. E foi engraçado e bom para os outros atores porque eles sabiam que eu sabia quão desconfortável toda nós estávamos. Mas a gente usou isso na nossa performance, o que foi excelente. Rodamos o filme em 23/24 dias na floresta no norte da Califórnia. Era outono e estava frio. Enfrentamos chuva, vento, a gente viveu na mata como os Pés-Grandes. Porque não faria sentido rodar o filme em um set, perderia totalmente a autenticidade. Mas, claro que algumas interações entre os atores e os animais, como o leão, foram mágicas da edição, para a segurança de todos. Mas tentamos ser o mais autênticos possíveis. A gente comia com a caracterização e se sujava como os Sasquatches. E, para ir ao banheiro, era um processo. Evitávamos ao máximo. Nosso set era fechado e nossa equipe super pequena, até porque o orçamento era apertado. Todo mundo na vibe de ajudar, foi incrível. Mas era engraçado que eventualmente quando rodamos mais perto da estrada, alguns turistas passavam e ficavam observando incrédulos, tentando entender o que estava acontecendo, mas a gente se escondia como os Sasquatches, afinal eles não confiam nos humanos e a gente viu no filme que eles tem muitas razões para isso.” |
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O filme estreia nessa sexta, em seletos cinemas nos EUA e dia 18 será o lançamento nacional, em cinemas pelo país afora.