“Cate Blanchett é a melhor atriz viva hoje, mas isso todo mundo sabe. Gostaria de ressaltar que Cate também é ativista, humanitária e uma mãe que trabalha muito. E eu tenho o prazer de ter um projeto liderado por ela, mais ainda, tenho a honra de chamá-la de amiga”, disse Todd Fields, – roteirista e diretor do filme “Tár”, ao apresentar a Cate o prêmio de melhor performer do ano, no Santa Bárbara Internacional Film Festival. Aliás, o terceiro que ela recebe no festival.
Eu tive o privilégio de estar no tapete vermelho e cobrir a chegada de Cate e Todd, que embora tenham passado rapidinho por lá, nos prestigiaram com sua presença ilustre.
Mas, emocionante mesmo foi participar, na primeira fila, da homenagem que celebrou a brilhante carreira de Cate, no belo Arlington Theater, no centro de Santa Bárbara, onde acontecem os principais eventos do festival.
O moderador Scott Feinberg, editor do The Hollywood Reporter e, também, meu mentor profissional, foi o anfitrião da noite. Numa conversa sincera e divertida, relembrou com Cate vários momentos marcantes de sua carreira.
O teatro lotado (foi o único evento – até o momento – em que os ingressos esgotaram) ia ao delírio com os clipes de Cate esbanjando seu talento em filmes que entraram para a história do cinema.
Ao relembrar os muitos prêmios (incluindo o Golden Globes e o Critics Choice Awards) que Blanchett já ganhou pela sua performance em “Tár”, pelo qual a atriz também foi indicada ao Oscar, na categoria melhor atriz, e ao longo de sua carreira, Scott menciona que Cate não gosta muito de falar sobre isso. E ela se manifesta, “olha, eu acho muito bacana ser reconhecida pela indústria, mas acho também que como atores o nosso foco tem que ser fazer um bom trabalho, especialmente para o público que nos prestigia nos assistindo. Eu já fiz filmes que foram um sucesso entre os críticos e os colegas de profissão, mas infelizmente, ninguém viu. Por isso, pra mim é tão importante a resposta do público, gosto quando as pessoas assistem e aprecio o feedback deles, porque eu também sou cinéfila e gosto de acompanhar o trabalho de quem admiro. Pra mim, esse é o prêmio mais importante”.
Cate Blanchett é pé no chão. O glamour de Hollywood não atinge em nenhum aspecto essa talentosa atriz australiana, que enxerga o sucesso como o resultado do trabalho árduo de uma equipe atrás das câmeras e de seus colegas de cena, como ela mesma mencionou no seu discurso de agradecimento, “são vários os elementos que contribuem para a performance de um ator. Eu tenho o privilégio de ter trabalhado com profissionais incríveis ao longo dos anos, especialmente em ‘Tár’. Foi um grande desafio na minha carreira, que eu não teria vencido sem o brilhantismo de todos os envolvidos nesse projeto”.
Blanchett não supervaloriza estatuetas de ouro, vestidos de estilistas famosos e toda essa máquina superficial do entretenimento. Sua atenção está voltada para contar estórias e interpretar personagens que a inspiram e inspiram o público. Sua emoção está na verdade, por isso ela chorou ao ouvir o discurso de seu amigo Todd em sua homenagem, por isso ela é uma das maiores atrizes da história, pelo seu comprometimento com a verdade, daí vem a autenticidade com que interpreta suas personagens e nos deixa boquiabertos.
Usando a sua arma mais poderosa, sua sinceridade, Cate Blanchett faz um pedido ao público presente, “quando assistirem a um filme, não julguem apenas se gostam ou não, tentem compreender a intenção dos envolvidos ao contar aquela estória. Muitas vezes, ao entender a intenção, nosso universo é ampliado e a gente aprende coisas que nem imagina. Foi esse o meu processo com ‘Tár’, quando eu entendi a intenção, eu entendi quem era Lydia Tár e pude dar vida a essa personagem que mudou a minha vida, espero que mude a de vocês também”.
Cate agrade a nossa presença e ao festival pelo carinho. Sorridente e com os olhos mareados ela se despede, ao ser aplaudida de pé por um teatro lotado. Ela que sempre nos inspira através de seus personagens, nos deu uma lição também através de suas verdades.
Um ícone absoluto, não só pelo seu indiscutível talento profissional mas, especialmente, pela sua postura elegante, humilde, generosa e, acima de tudo, autêntica. Numa indústria de plástico, a pessoa Cate Blanchett vale muito mais que todas as estatuetas de ouro e vestidos de grife, pois seu foco não está no glamour da profissão, mas no valor que ela dá à arte.