Sangue na Neve: Thriller para leitura rápida

Por: Carl

Jo NESBO
Editora RECORD
2015
154 páginas

SINOPSE: O mestre do thriller escandinavo está de volta. Olav tem apenas um talento: matar pessoas a sangue-frio. Não há nada que ele preze mais que ter o poder sobre a vida e a morte. Porém, sua natureza sensível é proporcional as suas habilidades como matador de aluguel. Uma vez tentou roubar bancos, mas não deu certo – ele se sentiu tão culpado que foi visitar uma das vítimas no hospital. Agenciar mulheres para prostituição, idem – Olav se apaixona muito fácil. O assassinato foi tudo que lhe restou. Ele leva uma vida solitária em Oslo até se ver envolvido em um trabalho importante para um dos mais perigosos chefes do crime organizado na cidade, Daniel Hoffman. Ao aceitá-lo, Olav finalmente conhece a mulher da sua vida, mas logo se depara com dois problemas. O primeiro é que ela é a esposa do chefe. E o segundo é que ele foi contratado para matá-la.

A leitura de SANGUE NA NEVE não é apenas rápida, ela é muito rápida. Não apenas pela narrativa ágil, nem pela ansiedade de chegar ao fim da história, mas porque o livro realmente tem poucas páginas. E isso acaba por ser um defeito.

Olav é um assassino que, por sua sensibilidade diante de situações inusitadas, sua ingenuidade diante do chefe e suas ações que antagonizam com sua profissão, lembra bastante o personagem Léon, do filme “O Profissional”, vivido por Jean Reno, com a ainda criança Natalie Portman. Isso não é um defeito, pelo contrário, consegue dar uma áurea cômica, dramática e carinhosa a um homem que mata a sangue-frio.

A ele temos duas personagens femininas que são contrárias em todos os sentidos: Maria, uma garçonete que Olav ajudou no passado; e Corina, a esposa bonita e sexy do chefe, a quem Olav precisa matar e por quem se apaixona.

Obviamente o desfecho dessa história não teria como terminar de forma satisfatória, apesar de eu torcer para que sim. Mas o que não me deixou feliz com o livro, foi o fato dele ser superficial em quase todos os momentos. Não existem páginas suficientes para desenvolver qualquer personagem, com exceção de Olav, a ponto de nos importarmos com eles.

A relação de Olav com Maria é composta de memórias e momentos de observação à distância. Isso até que faz algum sentido quando você chega ao final do livro, mas deixa uma sensação de que a coisa poderia ser melhor se houvesse um pouco mais de contato entre os dois.

Corina é ambígua e sua entrega à paixão de Olav soa tão artificial que ficam óbvias as verdadeiras intenções dela. A relação dos dois começa tão rápido, de forma tão intensa, que não tem como o leitor acreditar na sinceridade das palavras da garota. Mais ainda: torna o próprio Olav um cara burro e coloca em dúvida como ele conseguiu se manter vivo por tanto tempo.

Apesar desses pontos que não me agradarem, o resultado ainda poderia ser positivo, se não fosse tão frio. Sem querer me alongar, uma vez que, para isso, teria que contar um pouco do desfecho, ele é vazio. Explico: numa história, no clímax, ou você apresenta algo que deixe o leitor surpreso, como uma reviravolta, ou entrega o fim da luta dos personagens principais pelo que eles batalharam durante todo o livro. Mas isso não acontece em SANGUE NA NEVE. A forma como termina, deixa sem objetivo tudo o que você leu. A pergunta que ficou na minha mente, foi: como assim? Então, essa história é sobre o quê?

Acho que Olav é construído de forma bastante cativante e que merecia uma história muito mais contundente, com mais conteúdo. Ele tem bagagem suficiente para, até, ser personagem de mais de um livro. Acho que houve um total desperdício de ideias. O que é uma pena.

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