A cidade de San Luis Obispo fica a aproximadamente 2 horas e 30 minutos de Los Angeles, na direção de São Francisco, norte da Califórnia.
A região é linda e, hoje, é habitada por uma população em sua maioria branca e rica.
Lá está o irreverente Madonna Inn, o hotel/spa onde passei meu aniversário de 51 anos, em setembro.
Fui parar no Madonna Inn graças a uma entrevista da Riley Keough, minha amada Daisy Jones, na Vanity Fair. Kristen Stewart, uma das besties de Riley, conta que levou Riley ao Madonna Inn na sua despedida de solteira, em 2015, e que elas tinham causado no local.
Fiquei curiosa, pesquisei mais sobre o Madonna Inn e resolvi passar 2 dias festejando a chegada do meu novo ano astral no local. Eu vou contar tudo sobre a minha estadia, mostrar meu quarto cigano e todas as atrações do hotel, em dois post daqui a 2 semanas.
Antes disso, eu queria compartilhar um pouco da história da região que foi apagada dos guias de turismo e dos livros de história, pois os jovens nos EUA pouco estudam as culturas indígenas no seu próprio país (realidade semelhante ao Brasil, infelizmente).
Antes da colonização espanhola, num tempo em que a Califórnia era México, a região de San Luís Obispo era habitada pelo povo Chumash. A população era de aproximadamente 10.000 a 18.000 no final do século XVIII e, há milênios, ocupava toda a área do que hoje é a costa californiana, incluindo Malibu. Em suma, os Chumash eram (e são) os verdadeiros donos da terra, muito antes de Cristo.
O povo vivia da caça e pesca, tinha seus rituais religiosos e falava seu idioma, que incluíam vários dialetos, em total acordo com a natureza, até os espanhóis chegarem criando as missões que tinham como objetivo catequizar a população local, impondo a eles a religião católica, seu idioma – o espanhol- seus hábitos e sua cultura.
Quando os EUA ganharam a guerra contra o México, e a região foi incorporada ao país, a situação dos nativos piorou ainda mais, pois os brancos isolaram os povos indígenas nas áreas mais inóspitas do país, como o deserto do Arizona e as geladas montanhas de South Dakota. A migração, assim como as guerras, exterminaram grande parte dos povos indígenas, incluindo os Chumash. Para vocês terem uma ideia, em 2023, estima-se que apenas 2.000 a 5.000 descentes de Chumash vivam no país.
Infelizmente, não há mais nativos vivos que falem a língua original dos Chumash. Mas, em 2014, o American Indian Health and Services em Santa Barbara e, em 2016, em Santa Paula, cidades próximas a San Luís Obispo, passou a oferecer aulas do idioma, ministradas por uma descendente, Déborah Sanchez.
Na minha pesquisa sobre os Chumash, um dos detalhes que mais me chamou a atenção foi que, segundo historiadores e antropólogos, há indícios que os povos da Polinésia visitaram os Chumash na região de San Luís Obispo, mais de 1000 anos antes de Cristóvão Colombo descobrir a América. Para tal, eles percorreram uma distância de mais de 6,600 quilômetros pelos mares, em embarcações que, no mundo de hoje, seriam consideradas inapropriadas para um percurso curto, quiçá atravessar o oceano Pacífico. Não há registro dos detalhes desses barcos, mas sabemos que os povos indígenas sempre ouviram e respeitaram a mãe natureza com a inteligência emocional nunca atingida pelos homens brancos. Hoje, a tecnologia está avançada, mas seguimos destruindo o planeta, o que prova uma regressão emocional de uma sociedade dominada pela ganância e pela vaidade, que menospreza o poder da natureza, provocando cada vez mais desastres e destruição.
Hoje construímos navios que atravessam os sete mares, mas acabam sendo engolidos por um tsunami provocado pelo aquecimento global. Choramos e nos revoltamos com as notícias de guerra e as mortes em Israel, na Palestina e na Ucrânia, quando continuamos matando os povos indígenas que vivem na nossa vizinhança, como as mulheres nativas do Alasca, que são sequestradas, violentadas e assassinadas pelos homens brancos, sem terem seus crimes investigados.
Não pensou nisso? Confiram a série “Alaska Daily” e saiba os detalhes. As atrocidades que acontecem do outro lado do mundo, acontecem também na sua vizinhança, mas não têm a atenção dos veículos de mídia e das redes sociais.
Por isso, aqui compartilho, essa história e imagens desse paraíso, e, convido vocês a estudarem a história que não aprenderam nas salas de aula.
Essa matéria é uma homenagem ao povo Chumash. A beleza da região, onde fica o Madonna Inn, é um colírio para os olhos, mas foi a energia de uma povo batalhador, criativo, inteligente e evoluído emocionalmente que senti quando estive lá. Essa energia que vou carregar comigo em meu novo ano astral e pelo resto da minha jornada.
Eu adoro fazer turismo divertido, já tinha visitado San Luís Obispo antes. Mas agora tenho procurado me aprofundar mais na história dos ancestrais que habitaram as regiões que eu visito.
Se você curtiu a vibe e quer saber mais sobre os Chumash, compartilho links que podem ajudar: