Por: Matheus Fabbris
“Romeu & Romeu” está bombando na internet e ainda é apenas o começo. A websérie do canal ArtWeb com 10 episódios nos mostra uma nova versão do clássico “Romeu & Julieta” que foi adaptada para o nosso mundo atual com um romance entre dois rapazes.
As famílias Monteiro e Campelo vivem à sombra de um crime cometido no passado. Sua rivalidade, já conhecida por toda a cidade de Verona do Sul, é constantemente lembrada por brigas entre as famílias. Mas, quando o acaso coloca Ramon Monteiro (João Mesquita) e Rômulo Campelo (Arthur Chermont) frente à frente o ódio se transforma em um amor improvável que pode machucar pais, irmãos, amigos e até eles mesmos.
Se você ainda quer (e precisa) saber mais sobre todo esse universo, agora é a hora.
Entrevistamos o diretor da websérie, Jonathan Mendonça, que nos contou mais sobre todo o processo criativo e sua visão diante do cenário que foi construído e desenvolvido. Confira:
- Por que é tão importante, hoje em dia, dar visibilidade aos projetos audiovisuais que contém a temática LGBT?
J.M: Porque hoje nós temos espaço pra nos representar como verdadeiramente somos, e precisamos aproveitar essa liberdade. A internet abriu chance pra gays, lésbicas, trans e qualquer outra pessoa falar de si com sua própria voz. Isso fortalece os movimentos e mostra que nós existimos e estamos na luta por uma representatividade realista.
- Como a ideia surgiu, inicialmente? A premissa continuou ou ocorreram alterações?
J.M: A ideia original veio do Faell Vasconcelos e do Arthur Chermont, ambos do Canal Artweb. O Faell sempre teve a vontade de adaptar Shakespeare para um cenário moderno e que casava com a proposta do canal, e o Arthur foi seu parceiro na criação do roteiro. Posteriormente, fui convidado para assumir a direção do projeto e fiz algumas adaptações para facilitar a nossa produção. Como não temos apoio financeiro, sempre é necessário um ajuste ou outro.
- O primeiro episódio da websérie saiu do jeito que você planejava? Está satisfeito com o resultado?
J.M: O resultado do primeiro episódio foi uma surpresa para todos. Eu tinha uma visão dele na minha mente, e a equipe confiou nela, mas nós não imaginávamos uma repercussão tão positiva. Comparado ao cenário atual de webséries LGBT, “Romeu & Romeu” tem um nível técnico de execução bem diferente. Acho que isso é o que mais nos deixou satisfeitos – saber que técnica aliada a uma mensagem poderosa pode trazer tantos sorrisos e uma linda sensação de liberdade.
- Além da questão LGBT, quais outros assuntos serão abordados?
J.M: Nós temos o Rômulo (Arthur Chermont) que sofre de Parkinson Precoce. É uma questão que tem pouquíssima visibilidade, porque todo mundo acha que Parkinson é uma doença de pessoas de mais idade, que só aparece na velhice… E o Rômulo tem vários conflitos pessoais e com a família por conta disso, e expõe tudo em um vlog na internet pra avisar os jovens que isso pode sim acontecer. E por conta disso temos uma parceria muito bacana com o Projeto Vibrar com Parkinson para tratar disso de forma verossímil, dando as informações corretas para o público.
- Por se tratar de um projeto independente, quais foram os maiores desafios?
J.M: Não ter grana exige um “jeitinho” pra tudo. O maior desafio é coordenar a agenda de mais de 15 personagens com mais 20 pessoas da equipe, pra conseguirmos trabalhar normalmente durante o dia, gravar quase toda noite, editar e entregar os episódio a tempo. É necessário muito amor pelo projeto pra aceitar entrar nessa rotina louca – a sorte é que a equipe inteira está apaixonada por tudo!
- A produção têm outras referências além da ideia original da história de “Romeu & Julieta”?
J.M: Todas as histórias de Shakespeare são atemporais, mas Romeu & Julieta consegue trazer a tona esse paradigma da liberdade sexual, de amar quem quiser, que é algo extremamente atual e que precisa ser discutido abertamente. Na internet nós achamos o espaço certo pra colocar isso em pauta. Mas, apesar da base da trama ser Shakespeare, temos fortes referências de filmes como “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho“, que retrata o universo LGBT de uma forma natural como nós buscamos, e com uma estética que nos inspirou muito.
- O que podemos esperar nos próximos episódios?
J.M: Tem muita coisa por trás do Ramon que vocês nem imaginam! Tem outros personagens que ainda vão se descobrir também, tem uma trama dentro da família do Rômulo que vai dar muito o que falar, tem vilão que vai surgir… Por mais que nossa inspiração seja “Romeu & Julieta“, trazer a história para os dias atuais rendeu muuuita novidade!
- Por que as pessoas devem assistir e divulgar a websérie? Faça um convite para aqueles que ainda não conhecem.
J.M: Quantas vezes você já não pensou “e se Julieta fosse homem“? Essa é a chance de matar essa curiosidade e ver como Romeu se apaixona por Romeu. E ainda quebrar alguns paradigmas sobre preconceito, sexualidade e família que são essenciais pra gente criar uma sociedade harmoniosa de verdade. O mundo já está um caos o suficiente, vamos dar espaço pra uma história de amor!
O que mais me chamou atenção, foi a forma natural com que os temas são inseridos na websérie, como por exemplo, a questão LGBT: ponto-chave importante que se desenvolverá ainda mais nos próximos episódios. Temos sempre que expandir o assunto em todas as plataformas possíveis, tendo em vista que ainda vivemos em uma sociedade “dentro da caixa“.
A produção é independente e conta com um time de elenco no ponto. A construção dos personagens já começa a ser estampada ao decorrer do episódio e com certeza vai deixar o “gostinho de quero mais” após 20 minutos que você nem percebe passando.
Personagem Suely, a minha favorita!
O esforço de toda a equipe que trabalhou duro para desenvolver o projeto, resulta em uma premissa indispensável para ser qualificada com muita apreciação. Uma dica interessante é também observar os elementos técnicos impecáveis presentes que vão desde o roteiro, operação de câmeras e direção dos atores, até as transições, cortes, iluminação, trilha sonora e muitos outros fatores que valem uma atenção a mais.
Em suma, um ótimo entretenimento alternativo para não deve ser categorizado para “passar o tempo”, e sim, para análise e reflexão de todas as causas que estão em pauta.
Com produção de Barbara Cury e Julia Conatti, os episódios de “Romeu & Romeu” serão divulgado de 15 em 15 dias, então fiquem ligados para não perder!
Assista ao primeiro capítulo imperdível:
Saiba mais em romeueromeu.com.br
