Já tive o privilégio de entrevistar Robert Pattinson no lançamento de “Amanhecer 2” e estive com este ator charmoso, simpático e super inteligente algumas vezes em LA e na San Diego Comic Con. Mas, sem dúvidas, é sempre muito bom encontrá-lo, especialmente após uma sessão de seu novo filme “High Life”, dirigido pela francesa Claire Denis, uma das minhas musas do cinema independente europeu, em seu primeiro projeto em inglês.
É interessante observar que Robert Pattinson pertence a um seleto grupo de atores que fizeram a transição de filmes “blockbusters”, como a saga “Crepúsculo”, para os filmes independentes de forma brilhante. Nem todo mundo consegue fazer isso bem, mas ele e Kristen Stewart têm essa característica em comum. Absolutamente todos os projetos que ambos participaram, depois de se despedirem de Edward e Bella, foram, na verdade, o que eles esperavam que “Twilight” fosse, um sucesso do mundo indie.
Os vampiros se tornaram uma febre mundial, mas os atores têm mostrado seu potencial e seu talento em outros gêneros, interpretando personagens com trajetórias de anti-herói. Em “High Life”, Robert é um presidiário que, juntamente, com um grupo de criminosos, é levado a acreditar que será libertado se participar de uma missão em uma espaçonave em direção a um buraco negro para encontrar uma fonte alternativa de energia; enquanto isso, todos eles participam involuntariamente de um experimento sexual monitorado pela cientista (Juliette Binoche) a bordo.
No bate-papo, que contou com a presença de Robert e Claire, a cineasta mencionou que teve a ideia do roteiro deste filme há 15 anos, e que considerou outros atores até conhecer Pattinson, que havia se interessado no projeto e sonhava em trabalhar com ela. Inicialmente, Denis achou que ele era muito jovem para o papel mas, depois de conversarem, ela percebeu que Robert “tinha uma alma madura” e era o ator ideal para dar vida ao seu protagonista “Monte”.
Robert reforçou que trabalhar com Claire foi uma honra e um aprendizado e que valeu a pena esperar anos para rodar o filme em 2017, quando eles achavam que não ia acontecer mais, pois Patricia Arquette, que faria a cientista Dibs, teve que deixar o projeto, que tinha sido adiado. Juliette Binoche, parceira antiga de Claire, soube da triste notícia, e se ofereceu para substituí-la durante o festival de Cannes, onde ela e a diretora estavam promovendo o lançamento de um outro filme que fizeram juntas.
No final, depois de muitas idas, vindas e imprevistos, o filme nasceu e teve seu lançamento mundial no festival de cinema de Toronto, no ano passado.
A estória é interessante, e mostra o lado manipulador de um ser humano e as consequências de suas atitudes na comunidade em que vive, neste caso, no espaço. Binoche dá um show, assim como Robert, mas é o bebê que faz o público se apaixonar nos primeiros minutos do filme. Segundo Claire, Robert fez questão de estabelecer uma relação com a criança e passou muito tempo com ela no set, isso foi essencial para que as cenas funcionassem tão bem.
Ficar frente a frente com Robert Pattinson é um sonho que realizei muitas vezes, mas ele e Claire juntos são hilários, o filme é denso e dramático, mas eles arrancaram muitas gargalhadas dos sortudos que estavam presentes na sessão junto comigo. Segundo Pattinson, eles gostariam de trabalhar juntos novamente. E eu arrisco a dizer que poderiam produzir uma comédia sarcástica e inteligente, fruto do relacionamento profissional bem-sucedido entre essa francesa e o ator britânico.
Nas fotos e videos, uma palhinha desta noite épica, abençoada por um colírio, uma musa e um filme que faz jus ao talento de ambos. “High Life” é imperdível!