Rent: Musical é um sopro de liberdade

Por: Luan Menezes

Tantas coisas aconteceram, 2019, e estamos apenas em junho, não é mesmo?
Já dizia uma das minhas músicas preferidas, “como você mediria um ano? Na luz do dia, no pôr-do-sol, em meias-noites, em xícaras de café? E que tal em amor?”.

O cenário são os anos 80, década da vida boêmia, liberdade sexual #SQN, sociedade agressiva em alguns momentos, e a mídia… a mídia? A AIDS. Nessa semana, a coluna “Só Seriados” vem um pouco diferente do que estamos acostumados e homenageia um dos ícones dos musicais/filmes já lançados, “Rent”.

Elenco original de “Rent”

Mark Cohen (Anthony Rapp) é um jovem cineasta que filma tudo por onde anda. Seu maior problema é o relacionamento amoroso com Maureen Johnson (Idina Menzel), sua ex-namorada, que agora tem uma relação com Joanne Jefferson (Tracie Thoms), uma advogada. Mark divide o apartamento com Roger Davis (Adam Pascal), um guitarrista que acabou deprimido após a morte de sua namorada e após descobrir que possui o vírus do HIV. Mas, a morte da namorada de Roger não impede os flertes constantes entre ele e sua vizinha, Mimi Marquez (Rosario Dawson), uma dançarina. Tanto Mark quanto Roger são ex-colegas de apartamento de Tom Collins (Jesse L. Martin), um gênio da computação que é apaixonado pela drag queen Angel (Wilson Jermaine Heredia).

 

 

O musical já foi adaptado para o Brasil duas vezes, em 1999 e 2017, e foi um sucesso absoluto em suas duas versões, com estrelas brasileiras como Myra Ruiz, nossa eterna “Bruxa Má do Oeste”, que deu vida à Maureen na versão de 2017. Em janeiro de 2019, atores como Vanessa Hudgens, Tinashe, Jordan Fisher, entre outros, trouxeram para telinha uma experiência ao vivo do musical, que só renovou a minha paixão por todas as músicas e as histórias que nele são contadas.

“Rent” teve uma versão ao vivo na FOX, em 2019

“Rent”, para mim, se tornou um das melhores coisas já produzidas que assisti até hoje. O encanto de sua simplicidade, com a pitada de críticas a uma sociedade preconceituosa, deixa o cenário próximo ao que vem acontecendo até hoje nos anos 2000. O filme e o musical conseguem trazer a realidade de muitas histórias que ouvimos falar daqueles que amam a arte, as ruas, os conflitos, com certeza, dos amantes da vida.

 

Elenco da versão ao vivo do musical, com Vanessa Hudgens

Os boêmios, como eram chamados, viviam uma vida leve, despreocupada, sem muito luxo, mas conseguiam levar a vida como ela deveria ser, leve. “Rent” não é mais um filme ou mais um musical, “Rent” retratou a vida e a luta desse boêmios para se manterem vivos diante de tantas situações. Atrás da igualdade, aceitação, direitos, diversão e LIBERDADE.

Os elencos, tanto no filme como no musical, são impecáveis. A sintonia com que todos trabalham, encenam e se divertem é perceptível aos olhos de todos que puderam acompanhar. Apesar das críticas negativas que o filme teve na época de lançamento, nada disso abalou o sucesso da história criada por Jonathan Larson, que não teve a oportunidade de assistir a estreia do que ele criou, pois um dia antes acabou falecendo após um mal súbito.

Elenco da versão brasileira do musical

O que falar da trilha sonora? Não há aquele viciado em séries musicais que nunca tenha se emocionado com “Seasons Of Love”, ou se deliciado com “Take me baby or leave me”. Particularmente, “Seasons Of Love” é sobre amor, sobre tristeza, sobre o luto e também sobre vitória. Uma música que em poucas frases consegue te transportar para um exato momento em que sua vida desandou ou em algum momento de triunfo. A ideia de falar sobre “Rent” na coluna surgiu dessa música, que esteve presente em grandes momentos da nossa vida pessoal (não é mesmo, Claudinha?), ou quando nos nossos momentos de despedidas, como o episódio de Homenagem ao Cory em “Glee”, em que todos se reuniram para um último adeus sem cortes e super emocionante.

No momento delicado em que vivemos no Brasil, e no mundo, esse show é perfeito para entregar aquilo que todos precisam entender sobre aceitação e a igualdade. É um grito de sobrevivência da arte para vida real, um sopro de beleza em meio às guerras políticas, raciais e generalistas. Um convite a trazer e entender a essência humana que cada um tem dentro de si.

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