Esta é uma reflexão sobre o dia que descobri que o Hollywood é Aqui, um site feito por brasileiro, pra brasileiro, era mais valorizado pelos organizadores de eventos nos EUA, do pelos organizadores da CCXP no Brasil…
A CCXP 2017 acabou e eu ainda me questiono porque o Hollywood é Aqui, site que foi credenciado como veículo de imprensa e prestigiou o evento fazendo uma cobertura de primeira em 2014, 2015 e 2016, teve seu credenciamento recusado este ano.
Trabalho com entretenimento muitos antes do Omelete existir e, logicamente, eu sei que o credenciamento de imprensa não é (e nem deve ser) garantido, e tenho plena consciência que somos um veículo pequeno, comparado aos influencers, youtubers e outros muitos sites de entretenimento pelo Brasil afora.
Mas também sei que o nosso veículo tem um público fiel e uma “taxa” de engajamento provada alta e relevante para ser considerado um veículo de imprensa legítimo. Acima de tudo, ao contrário de muitos, nós abrimos mão de número de seguidores nas redes sociais e número de acessos no nosso site, quando nos recusamos a falar da vida pessoal de celebridades (em suma, fofocas) mas, por outro lado, somos reconhecidos nos EUA e no Brasil pelo nosso profissionalismo.
Tanto que para vocês terem uma ideia, enquanto a CCXP recusou o nosso credenciamento, os organizadores da San Diego Comic Con (a original e mais prestigiada pelos estúdios, atores, cartunistas e escritores de todo o mundo), da New York Comic Con, e do ATX Festival em Austin/Texas (o maior festival dedicado a seriados de TV nos EUA, onde nos éramos o único veículo representando o Brasil), nos credenciaram como imprensa e nos deram todo o suporte para que conseguíssemos fazer uma cobertura completa dos eventos, que incluíram a nossa participação nos painéis, conferências e salas de imprensa, onde entrevistamos o elenco das principais séries produzidas pela Warner, Disney, AMC, Fox e Netflix.
É uma honra para nós sermos reconhecidos também pelos mais importantes festivais de cinema nos EUA. Em 2017, fomos credenciados como imprensa pelo LA Film Festival, pelo AFI Fest (o maior festival de cinema independente de Hollywood ) e, mais recentemente, fomos credenciados para cobrir o Sundance Film Festival, em 2018, o maior festival de cinema independente dos EUA e um dos mais famosos no mundo. Sem dúvidas, tudo isso é o resultado do trabalho árduo de uma equipe dedicada, tanto no Brasil, como nos EUA.
Mas, diante da negativa do nosso credenciamento na CCXP, me perguntei: como assim somos reconhecidos pelos mais prestigiados eventos no mundo e não somos reconhecidos pelos nossos próprios compatriotas? Parece absurdo, até porque temos que levar em consideração que nós escrevemos em português, o que nos EUA nos coloca na categoria dos veículos de imprensa internacional, o que significa que temos ainda mais prestígio por aqui, já que a maioria dos eventos têm menos credenciais para distribuir entre os veículos internacionais, do que veículos que escrevem em inglês, considerados mídia local.
Pelo que entendi, no Brasil, o critério de credenciamento é diferente, pois ao solicitar à organização da CCXP para rever a decisão sobre o nosso credenciamento de imprensa este ano, fui respondida com um email dizendo que eles receberam mais de 2000 solicitações e, infelizmente, não podiam atender todas. Mas aí fiquei pensando, para um evento que se orgulha em dizer que é a maior convenção de fãs e nerds do mundo, 2000 jornalistas é um número até pequeno, já que a San Diego Comic Con recebe mais do que 2000 solicitações de veículos de imprensa e tenta acomodar a maioria avassaladora, mesmo tendo um número menor de atendentes. Mas uma coisa é certa, a maioria dos brasileiros não têm a oportunidade de ir a Comic Con em San Diego ou em NY. E, independente, de discordar dos métodos de credenciamento de imprensa usado pelos organizadores do evento, eu continuo vibrando pelos fãs que têm chance de viver um momento mágico e encontrar seus ídolos na CCXP.
Em suma, na realidade este post não é uma reclamação, e nem mesmo uma crítica aos organizadores da CCXP, pois estou com Mario Quintana e acho que “Cada um pensa como pode” e, no caso deles, cada um organiza seu evento como bem entende. Mas toda essa situação me serviu para concluir que a indústria do entretenimento nos Estados Unidos, país que eu escolhi viver, valoriza mais o meu trabalho e o Hollywood é Aqui do que a indústria de entretenimento no Brasil, país onde nasci e cresci. E depois ainda dizem os americanos são frios e ignorantes….acho que como tudo na vida é uma questão de perspectiva.