Dicas Para Não Entrar Em Furadas
Diariamente recebo emails de jovens de todos os estados brasileiros que têm o sonho de estudar nos EUA, especialmente em Los Angeles. Pessoalmente, acho uma benção ter a oportunidade de ajudá-los, compartilhando as minhas experiências de intercâmbio, especialmente, na terra do “Tio Sam” e de moradora da Cidade dos Anjos. A decisão de estudar no exterior deve ser pensada e muito bem planejada, não só pelo custo financeiro, como o emocional, afinal há muitas expectativas envolvidas. É muito excitante a ideia de passar uma temporada longa ou curta em outro país, mas eu bem sei que não é fácil deixarmos nosso porto seguro, família e amigos, e partirmos para um novo mundo. Por isso, é bom pesquisarmos bastante antes de escolher o país, a cidade e o curso que vamos fazer. Mesmo para aqueles que, como eu, são loucos pelos EUA e sabem desde sempre que Hollywood é o seu destino é sempre, sempre válido saber os prós e contras de viver por aqui. E quanto mais curtirmos a nossa experiência mais terá valido a pena enfrentar a saudade que eventualmente vai bater.
O primeiro intercâmbio que fiz foi na Inglaterra aos 18 anos (e lá se vão 2 décadas, meu Deus, como o tempo passa rápido…). Fiquei três semanas estudando inglês na pequena cidade de Rochester. Ainda lembro com saudades da casa de Mrs. Montague. Lá aprendi que os ingleses comem feijão adocicado no café da manhã. Apesar de parecer estranho para nós, é interessante conhecer o hábito de outras culturas. Isso faz parte da experiência do intercâmbio. Depois que o curso acabou tive o prazer de fazer um belo passeio por Londres, Paris e Madri. Voltei a essas cidades algumas vezes ao longo da minha vida, mas sempre me lembro de como o meu coração bateu forte ao ver pela primeira vez o Big Ben, a Torre Eiffel e o Palácio Real da capital espanhola. Num mundo pré-Google, viajar era a única forma de ilustrar com imagens as nossas aulas de história. Foi uma experiência incrível.
No verão brasileiro de 94, vim fazer um outro curso de inglês em Miami. Por ironia do destino (já sendo anunciado) o nome da cidade que ficava a minha escola era Hollywood, no estado da Flórida. Desta vez, já maior de 21 anos, aluguei um apartamento e um carro com amigos na pitoresca Miami Beach. Além de passarmos no TOEFL – Test of English as a Foreign Language – (www.toefl.org) obrigatório para todos que querem fazer faculdade, pós-graduação, mestrado e doutorado em uma universidade americana), passeamos bastante pelo “estado do Sol”, como é conhecida a Flórida. Passamos uns dias em Orlando, Key West e fizemos um cruzeiro pelo Caribe. Voltamos com o inglês afiado e melhor ainda com muitas histórias para contar.
Gostaria de ilustrar este post com fotos da época, mas na era pre-máquina digital e telefones celulares, todos os nossos registros eram colocados em grandes álbuns, que deixei na casa da mamãe no Brasil. Mas prometo que um dia vou ter coragem de mostrar minhas fotos com o cabelo “Gal Costa” e a calça jeans no peito para vocês. Maldita moda dos anos 90… hahaha
Em 2001, fui convidada para trabalhar em uma empresa americana em Houston, no Texas. Foi um momento marcante na minha vida, afinal eu estava nos EUA quando se deu o ataque de 11 de setembro e as torres gêmeas foram derrubadas por aviões em NY. Este dia merece um outro post especial, que prometo escrever qualquer dia desses. Mas, o importante aqui é dizer que nos 11 meses que morei lá aprendi muito sobre o que é viver no exterior (e sobre mim mesma). Foi uma super experiência válida, mas importante dizer que, por inúmeros motivos pessoais e profissionais eu voltei para o Brasil antes do prazo. Eu fui morar em Houston sem conhecer a cidade e o estilo de vida. Isso é um erro fatal. Não que existam lugares ótimos e péssimos, mas temos que viver em um local que combine com a gente,com a nossa personalidade, nosso sonho, e atenda aos nossos objetivos. Houston não era o meu lugar, apesar de ser uma das cidades que melhor se come nos EUA… A quantidade de restaurantes maravilhosos lá é impressionante!
Enfim, considerando esta experiência pessoal, uma das dicas mais importantes que posso dar para vocês é: PESQUISE bastante sobre o seu destino. Seja pela internet ou conversando com pessoas que moram por lá. Isso é importante mesmo antes de uma visita turística, mas é essencial se você tiver planejando estudar ou trabalhar no exterior por um período longo. Se tiver oportunidade, vá conhecer a cidade, preferencialmente passar uma temporada nela, antes de definir aquela como sua nova morada.
Por isso, alguns anos depois quando resolvi que iria viver meu sonho de adolescente em Hollywood, fiz isso. Antes de jogar minha vida para o alto no Brasil, deixar a minha família, amigos, e meu Rio de Janeiro, tirei uma licença junto com férias no trabalho e vim para LA passar 3 meses. Coincidentemente minha melhor amiga estava fazendo curso de inglês na UCLA e juntas alugamos um apartamento mobiliado próximo à faculdade. Foi nesta temporada em LA que me apaixonei de verdade, não por uma ideia ou um sonho e muito menos pelo que sempre vi no cinema e na TV, passei a amar a verdadeira Cidade dos Anjos, com seus prós, que todo mundo que lê o Hollywood é Aqui conhece e, claro, alguns contras… Afinal ninguém, nem Hollywood, poderia ser perfeita…
Los Angeles é uma cidade grande, e espalhada. Como a maioria das cidades americanas (salvo as raras exceções NY, Chicago e São Francisco), em LA o transporte público (ônibus e metrô) é bem precário e táxi é caro. É um lugar onde se vive essencialmente de carro.
A vantagem é que comprar um carro nos EUA é, além de barato, fácil, e tanto o seguro como a taxa anual correspondente ao nosso IPVA são infinitamente mais baratos que no Brasil.
Maiores de 18 anos que têm carteira de motorista válida no Brasil podem dirigir nos EUA. Se forem alugar um carro, devem considerar que o seguro para menores de 25 anos é bem mais alto, o que aumenta consideravelmente o custo. Mas, tanto se você tiver a turismo, como residindo aqui, vale a pena, pois é a melhor forma de conhecer bem a cidade (imprescindível alugar ou comprar um GPS, é mais fácil dirigir em LA, do que em São Paulo, mas é sempre bom ter uma ajudinha extra).
Para os que vierem passar uma temporada mais longa, vale considerar a compra de um carro. Para os menores de 25 anos, o seguro também é mais caro do que o meu, por exemplo, mas, na minha opinião, é uma despesa válida já que a vida das pessoas sem carro em LA não é tão divertida.
Outra questão importante é a carteira de mortorista americana, para aqueles que pretendem passar uma temporada de mais de 6 meses dirigindo nos EUA. É necessário que você tire a carteira no estado que estiver residindo. Eu mesma fiz isso quando cheguei aqui. É chatinho, mas não é complicado. Para obter o documento, como no Brasil, tem que fazer uma prova escrita, uma prática e a carteira passa a ser seu documento de identidade.
A maioria de vocês já deve ter visto isso nos filmes e seriados de TV, mas é sempre válido lembrar que nos EUA é extremamente proibido o consumo de bebida alcoólica para menores de 21 anos. Por isso, a entrada em grande parte dos bares e boates é restrita aos maiores de idade (TODOS os lugares exigem a apresentação de um documento de identidade, que pode ser o passaporte). Algumas “nights” permitem a entrada de maiores de 18 anos, mas estes serão identificados, e não poderão consumir álcool. No Estado da Califórnia, o consumo de bebida alcoólica só é permitido em lugares públicos até 2:00 am. A maioria dos estabelecimentos fecha depois deste horário. Os que ficam abertos, param de vender bebida. Este é um assunto super sério aqui, assim como, dirigir alcoolizado, que para os estrangeiros, pode além de cadeia, levar a deportação, por isso, todo cuidado é pouco.
A gente brinca que os EUA é o país do “do not”… Não podemos comer ou beber na praia, não podemos atravessar a rua fora do sinal, não podemos furar o sinal ou ultrapassar o limite de velocidade nas ruas ou freeways, não podemos estacionar em qualquer lugar, não podemos jogar lixo na rua, não podemos jogar latas da janela do carro, não podemos ficar bêbados em público, claro que tudo isso é super pertinente e a gente também não pode fazer nenhuma dessas coisas no Brasil também. A diferença é que aqui NÃO tem “jeitinho”. As leis são bem severas e, se a polícia pegar ou alguém lhe denunciar, não tem perdão. As multas são altas e têm que ser pagas, principalmente quando você é estrangeiro (não só os estudantes, mas os turistas também devem andar na linha por aqui).
Particularmente acho ótimo. Toda esta imposição reflete na educação do povo, na limpeza das ruas e na redução do número de acidentes de carro, por exemplo, que é 50% menor do que no Brasil, sendo que, aqui tem 4 vezes o número de automóveis. Sou fã dos “do nots”.
Se você é menor de idade e quer fazer um intercâmbio, é sempre indicado a casa de família. Eles darão todo o suporte em relação ao transporte e a orientação de como viver aqui. Já se você é maior de 18 anos e prefere tentar uma acomodação numa universidade ou quem sabe alugar um apartamento em Los Angeles, o ideal é que se hospede em Westwood. É o bairro onde fica a UCLA e a Kaplan (popular escola de inglês para estrangeiros). É também a única regiao de LA que você pode fazer tudo a pé, já que é a “vila dos estudantes”. Eu morei em Westwood durante 1 ano e meio e AMAVA. Apesar de ter mudado para Beverly Hills, até hoje sou uma frequentadora assídua do bairro que fica a 15 minutinhos de carro da minha casa (para Los Angeles, isso é do lado, quase vizinho de porta). Eu mudei pois, por incrível que pareça, é mais caro alugar um apartamento em Westwood, do que em Beverly Hills, e como eu pretendo ficar aqui por bastante tempo para mim não valia a pena continuar com esta despesa. Mas eu encorajo as pessoas que vêm fazer intercâmbio e não queiram alugar ou comprar um carro, a ficar lá. Pelo menos, o dia a dia sera mais agradável. Além disso, os cinemas mais tradicionais da cidade ficam em Westwood. As premières mais badaladas são por lá. Assim, foi a de “Glee 3D”, e a do “Eclipse”. Nesta época eu ainda morava lá e fiquei impressionada que as pessoas dormiram por dias na porta do cinema para ver a chegada de Kristen, Rob e Taylor no tapete vermelho. Agora que sou fã da saga, entendo perfeitamente a galera. Foi um fervo, parou o bairro, e claro, eu desci para dar uma espiada. Pena que as fotinhas desta noite estão ruins. Por essas e outras pode ser muito divertido morar em Westwood, não?!
Agora a dica mais importante que tenho para dividir com vocês: é EXPERIMENTE de verdade a cultura do local que estiver morando. Sei que é difícil sair da zona de conforto mas, uma vez em um intercâmbio, aproveite a oportunidade e absorva tudo que este novo mundo tem para lhe oferecer. Estude, faça amigos de outras nacionalidades, coma em restaurantes que nunca pensou em ir antes, vá a museus, supermercado, cinema, aprenda o máximo que puder sobre o dia a dia do local. Use seu tempo no exterior para ilustrar com a vida real o que o Google Images te mostra. Divirta-se!
A primeira providência que devemos tomar quando pensamos em sair do Brasil como estudante ou, mesmo turista, é tirar o passaporte. Saiba como: www.dpf.gov.br/servicos/passaporte
Se o seu destino for os EUA, é preciso obter visto, tanto de turista, como de estudante. Para os estudantes existem 2 tipos de visto: o J1 e o F1, o primeiro é para programas de intercâmbio ou estágio, o segundo para cursos de inglês, Graduação, Pós-Graduação, Mestrado, Doutorado. A empresa de turismo ou a universidade que escolher estudar vão orientar o visto correto que você deve solicitar. De qualquer forma, é sempre bom dar uma olhada no site do Consulado Americano:
http://portuguese.saopaulo.usconsulate.gov/pt/visas.html
O Student Travel Bureau (STB) é uma das empresas mais antigas, experiente e confiável na área de intercâmbio. Vale sempre consultar os programas que ela tem a oferecer: www.stb.com.br
A comissão Fulbright pode orientar aqueles que pensam em fazer faculdade, ou um curso de Pós-Graduação em uma universidade nos EUA. Ela tem uma biblioteca com o catálogo de todas as universidades do país. Além disso, oferece uns programas de bolsa de estudos. Ela me ajudou a achar o curso que fiz na UCLA. Um bate papo com o consultor pode ser esclarecedor: www.fulbright.org.br
As universidades mais tradicionais em Los Angeles são a: USC (University Southern California – www.usc.edu) e a UCLA (University of California Los Angeles, que também tem outros campus – a UCSD, em San Diego e a UCSB, em Santa Barbara – www.ucla.edu)
Os cursos de Pós-Graduação e inglês da UCLA são administrados pela UCLA Extension. Fiz o Certificate Program, em entretenimento. Eles oferecem uma infinidade de cursos em várias áreas: www.uclaextension.edu / https://www.facebook.com/UCLAExtensionEntertainmentStudies
Outra universidade bastante conceituda aqui é a Pepperdine. O campus de Malibu é lindíssimo. Fica em frente à praia, difícil é se concentrar nas aulas. www.pepperdine.edu
Os cursos mais populares, em Los Angeles, são os na área de TV e Cinema, afinal Hollywood é a capital do entretenimento no mundo. Além da USC e UCLA, uma outra opção para os estudantes interessados neste universo louco e criativo é a LA Film School: www.lafilm.com
Alguns programas de intercâmbio e mesmo cursos de inglês já oferecem acomodação. Agências de turismo no Brasil e mesmo o STB podem lhes ajudar a encontrar um lugar para ficar que esteja de acordo com o seu orçamento. De qualquer maneira, deixo a dica do prédio que eu morei em Westwood. O preço é um pouco salgado, mas a região é maravilhosa, o local é seguro e vocês podem alugar apartamentos mobiliados, por curta temporada.
Um comentário sobre “Recordar é Viver: A Vida Lá Fora”