Domingo, 4 de junho, dia de pular da cama cedo e correr pra um dos animados restaurantes na esquina de casa. Precisamos garantir uma mesa boa pra ver de “camarote” a WEHO Pride.
Los Angeles é tão grande que aqui acontecem várias paradas, uma promovida pela cidade de LA, outra em Hollywood, mas como West Hollywood é, não só onde resido, a vizinhança oficial LGBTQIA+, a parada aqui atrai muita gente animada, que também madruga pra garantir seu lugar e celebrar o Orgulho de ser parte e aliado dessa comunidade.
Conseguimos uma mesa na varanda do Kitchen 24, onde o Dj colocou a gente pra dançar, com os hits da lenda Madonna e da diva Lady Gaga, entre uma garfada e um gole de mimosa, com vista privilegiada pra ver os carros passarem.
Os grupos LGBTQIA+ da polícia e bombeiros desfilam e também emprestam caminhões e automóveis para outros membros da comunidade fazerem a travessia. Tem ônibus de turismo, carros de passeio e muita gente que vem caminhando. Todos caracterizados com fantasias ou camisetas. Representantes de todas as áreas, política, saúde, ONGs, educação, cultura, e até dos bares, restaurantes e do comércio local, desfilam dançando, cantando, carregando cartazes e bandeiras. E das varandas dos restaurantes, das sacadas dos prédios e hotéis, ou das calçadas, o povo acompanha e festeja a liberdade.
A polícia, armada até os dentes, como se fosse exército, está por todas as partes, em todos os cantos. O que dá pra entender, já que nos EUA se compra arma no supermercado, levando em consideração o histórico de ataques violentos à comunidade LGBTQIA+. Assusta, mas é necessário para que a paz reine, como aconteceu.
Um dos momentos mais emocionantes que, infelizmente, não consegui fotografar, foi uma mãe latina desfilando com seu filho, de aproximadamente 9 anos, segurando um cartaz “Sou uma mãe orgulhosa de um menino trans”. Num mundo que muitas pessoas trans, de todas as idades, não têm o apoio dos familiares (e da sociedade, em geral), esse gesto é uma inspiração para muitos pais.
A parada começou com o dia nublado e, à medida que o arco-íris coloria a Santa Monica Boulevard, as nuvens iam sumindo dando lugar ao céu azul e ao sol que começou a brilhar.
Saímos do restaurante e seguimos acompanhando a parada no meio do povo, que aplaudia feliz a liberdade, porque é isso que a gente festeja na Pride, o orgulho de ser quem você é, fora de todos os armários que a sociedade hipócrita insiste em colocar as pessoas que, no olhar de muitos, não cabem no formato criado baseado nos conceitos pré-estabelecidos dos ditadores da moral e dos bons costumes.
Mas, foi com essa comunidade e seus aliados, com muito confete e serpentina, música, gentileza e com um figurino colorido, que nos unimos, tomamos as ruas e lutamos contra a homofobia.
Drag queens, representantes da prática BDSM, gente de short, vestido, calça, camiseta, passeando em cadeira de roda, empurrando carrinhos de bebês, segurando coleiras de cachorro (a maioria também fantasiada), celebridades (Melissa McCarthy foi um dos ícones que passaram pela WEHO Pride esse ano) e desconhecidos participaram da festa mostrando ao mundo que bonito é respeitar ao próximo e cair na folia.
Eu percorri vários bares e parei no Soulmates, só o nome, que significa Alma Gêmea, já é inspirador, fica ainda melhor, com música boa e foi o nosso point pra terminar o dia e fechar esse final de semana emblemático com chave de ouro e com o coração cheio de orgulho em ser uma aliada de carteirinha dos amigos, parentes, vizinhos, e desconhecidos LGBTQIA+.
Feliz mês do orgulho LGBTQIA+ pra todos!