Sinceramente, às vezes eu tenho raiva de mim por só descobrir um filme, livro ou banda legal muito tempo depois. E tenho exatamente essa sensação com “Uma Linda Mulher” (Pretty Woman), estrelado por Julia Roberts e Richard Gere, no início dos anos 90. A comédia romântica conta a história de Vivian, uma garota de pograma da Calçada da Fama, que se encontra com Edward Lewis por acaso. O assisti pela primeira vez há quase um ano, na segunda madrugada de 2012 no Corujão da Globo.
Me encantei logo de cara, eu adoro comédias românticas, mesmo as mais clichês. Ele, super rico e com histórico de problemas em relacionamentos amorosos, “aluga” a moça durante seis dias, para que ela o acompanhe em compromissos de negócios. Os dois se descobrem muito similares, apesar das peculiaridades. Ambos não se permitem envolver emoções com o trabalho e inicialmente buscam atender as próprias exigências.
Ao longo do filme, podemos ver que eles começam a abrir mão de suas defesas e interagem mais intimamente um com o outro. Coisa que nem mesmo o sexo permitiu que fosse capaz, embora seja redundante uma relação tão íntima não trazer intimidade. Vivian descontrói aos poucos a dureza de Edward, enquanto ele e ela se apaixonam gradativamente.
O que mais gosto no filme é a maneira como ele, enquanto personagem, a observa e podemos notar que faz uma reflexão do que vê, porque Vivian é completamente diferente de todas as pessoas que ele conhece e conviveu. Há curiosidade de Edward em entendê-la e saber qual será o seu próximo passo, além da notável surpresa que demonstra com as atitudes da moça. Por alguns segundos fiquei desejando que pudesse ler um livro com ele contando quais foram as suas sensações de todos os momentos com Vivian, isso seria ótimo.
Ela, por outro lado, sofreu mas não se apega aos dramas do passado para se justificar o tempo todo. Prefere viver da melhor maneira possível, sem lamentações, ainda que isto implique em vender o próprio corpo. Vivian é divertida, autêntica e muito esperta, sabe bem como se safar em alguns diálogos da maneira mais leve possível, é doce e sonhadora. Não demonstra vergonha de ser quem é e nem o que é. É bonito ver como ela amadurece até o final do filme sem perder sua essência.
Devo destacar, também, que acho que a E.L. James, autora da trilogia Cinquenta Tons, parece não ter se inspirado na saga de “Crepúsculo” de Stephenie Meyer. Na verdade, o Christian Grey aparentemente foi construído de Edward Lewis. Ambos possuem ressentimentos familiares – no caso de Grey, há traumas -, problemas com relacionamentos íntimos, são podres de ricos e mesmo com ressalvas, optam sempre pelo melhor aka mais caro.
Alguns diálogos também são praticamente iguais: ele diz para Vivian que poucas pessoas o surpreendem, assim como Grey. Lewis e Grey tocam piano quando estão sozinhos – ou com desconhecidos – quando se veem diante de algum problema. Vivian diz a ele que quer “mais”, se referindo a uma relação de casal, assim como Anastacia Steele fez, e ele a recusa no primeiro momento, assim como Grey. Isso, sem contar as várias cenas no elevador, encontros em outras cidades com locomoção aérea e a clássica cena no piano… que também é descrita no livro de “Cinquenta Tons de Cinza”:
A mocinha da trilogia não se parece em nada com Vivian, a não ser pela idade, talvez. Mas são bons indícios de uma fonte de inspiração, que ainda não vi serem citados anteriormente.
Uma Linda Mulher” é apaixonante, assim como ver a Julia Roberts tão nova e maravilhosa atuando. Isso sem ignorar o local onde a história se passa: “This is Hollywood, land of dreams. Some dreams come true, some dont but keep on dreaming… This is Hollywood”. E o HEA adverte: cuidado! Há riscos de ficar suspirando pelo resto do dia…