Eu sei que é da natureza humana tentar resolver os problemas dos outros para esquecer os nossos próprios. Também julgamos, criticamos e passamos boa parte do nosso precioso tempo na terra falando aos sete ventos que vamos fazer isso ou aquilo, e ditando regras para solucionar as questões dos nossos amigos e familiares enquanto esperamos sentados cair do céu as respostas dos nossos próprios questionamentos.
Infelizmente as redes sociais deram ainda mais poder as pessoas que adoram dizer que defendem e lutam por uma causa, quando de fato não tomam nenhuma atitude em prol das mesmas. No Facebook então chega a ser assustador, as pessoas discutem política, feminismo, violência, ou qualquer assunto polêmico, com uma propriedade que parecem ser presidentes de um partido, uma ONG, ou especialistas, quando na verdade, se olharmos a fundo, elas não fazem absolutamente nada de transformador, além de escrever no seu status o que pensam do mundo. Eu particularmente acho fascinante termos a chance de expressarmos as nossas opiniões livremente, e acho que devemos fazer isso sempre, independente do número de curtidas e dos comentários positivos ou negativos que recebemos. Dar a cara a tapa e dizer o que você pensa publicamente é corajoso e eu admiro as pessoas que fazem isso.
Ao mesmo tempo que você expor e defender as suas opiniões é válido, só é realista quando você vive de acordo com as causas que defende. O que vejo cada vez mais são as pessoas terem um desejo platônico de chamar a atenção nas redes sociais discutindo questões polêmicas, que na verdade não condizem com seu comportamento na “vida real.”
Eu já estava pensando escrever sobre este assunto faz tempo, e semana passada li no Instagram da minha amiga Renata Schmidt uma frase que me deu a força que eu precisava para colocar em prática meu plano: “Pratique o que você posta”.
Acho que um dos grandes vícios da sociedade atualmente é justamente fazer discursos, não só nas redes sociais, como nos grupos sociais também, mas não praticá-los. Conheço inúmeras jovens que se dizem feministas, mas vivem numa bolha mais careta que minha avó que saiu do interior do Rio nos anos 30 para ir pra faculdade numa cidade maior onde morou sozinha e se virou. Vejo também muita gente que mora no exterior e nem impostos mais paga no Brasil discutir a política e dizer como exterminar a violência e a pobreza no mundo, sem ao menos fazer trabalho voluntário.
O problema disto? É a falta de credibilidade que as pessoas têm hoje em dia e isso causa um grande impacto não só na sua vida pessoal, mas também na profissional. Como sabemos a maioria das grandes empresas hoje checa as redes sociais antes de contratar seus profissionais, muitos são eliminados neste momento, graças ao seu comportamento inapropriado no Facebook, Twitter, e Instagram. Isso acontece cada vez com mais frequência nos EUA e mesmo no Brasil. É por isso que seus comentários, argumentos e discursos hoje nas redes sociais são tão importantes como o que você fala no almoço de família, numa festa ou na mesa do bar. Para muitos é uma tentação usar o teclado do seu computador, iPad ou celular, para ser uma pessoa que só existe na sua imaginação, mas o que vai determinar seu valor não é o blábláblá, até porque palavras o vento leva, o que vai te tornar uma pessoa interessante ou não são as suas atitudes.
Foi exatamente isso que Shailene Woodley falou no discurso de agradecimento que fez para John Green ao receber o MTV Movie Awards por sua performance em “A Culpa é das Estrelas”: “Admiro você por você viver de acordo com as suas convicções”. O brilhantismo de John esta aí, e o de Shai também, que arregaça as mangas e se expõe ao lutar pelas causas que acredita. A atriz enfrentou várias críticas ao participar ativamente da campanha do candidato à Presidência da República nos EUA: Bernie Sanders, mas Shai, como sua guerreira Tris, seguiu em frente e fez um trabalho inspirador ao lado de sua mestre Susan Sarandon.
Outra das nossas favoritas, Dakota Johnson, leva tão a sério este assunto que ela tem uma tatuagem que diz “Ações, não palavras.” Por sinal estou pensando em imitá-la e fazer uma semelhante, para lembrar a mim mesma o quanto é importante eu focar na minha própria jornada ao invés de me meter na vida alheia, e mais, escolher causas que me interessem de verdade, não só porque estão na moda, ou porque estão circulando no trending topics do Twitter,mas porque elas são a minha paixão.
E quem já teve uma paixão de verdade sabe que não basta falar dela, temos que vivê-la intensamente, mesmo que para isso a gente tenha que fazer vários sacrifícios. Por isso também não adianta eu só falar que as pessoas devem se mexer, mas este é um grito de alerta para mim mesma. Hora de levantar da sala da minha casa em NY ou em LA e fazer algo de concreto para contribuir com a humanidade.
Chega de esperar! O mundo precisa de mais atitude e menos conversa fiada, seja na roda da escola, na happy hour do trabalho, no Facebook ou nos papos da madruga, hora de reclamar menos, ficar calado e, através do nosso próprio silêncio, encontrar nosso caminho e transformar nossa vida em algo mais significativo pro mundo e para nos mesmos.
Sorte pra gente na jornada!
Olá bom dia, vc disse tudo.
Se tomarmos mais conta da nossa vida, e deixar a dos outros em paz, tu flui bem.
Mais ações menos palavras. Bjs
Brasil Minas Gerais.