Passar o Dia Internacional da Mulher com Penélope Cruz, musa de Pedro Almodóvar, no Santa Barbara International Film Festival, foi um sonho realizado.
Ela, uma das minhas atrizes prediletas, Pedro, um dos meus cineastas favoritos. Juntos fizeram 7 filmes – ou diria obras-primas?
Tive a oportunidade de rever clipes de cenas marcantes, a maioria dos filmes de Almodóvar, protagonizadas por Penélope e ouvir histórias de bastidores sobre cada um deles contadas pela própria.
Foi uma noite mágica por inúmeras razões. Primeiro porque marcou meu retorno aos festivais de cinema e me deu a chance de estar no burburinho de um tapete vermelho, depois de dois anos afastada por conta da pandemia.
Segundo porque estar frente a frente com a talentosa atriz espanhola, que tanto admiro, e de quebra ainda esbarrar com seu marido, o também ator Javier Bardem, outro que marca presença nos filmes de Almodóvar, foi um presente pra minha alma cinéfila.
Javier estava lá prestigiando a esposa, que recebeu o prêmio Montecito Awards, promovido pelo SBIFF.
Penélope desfilou simpatia no red carpet e humildade no palco, ao ser aplaudida de pé. Sophia Loren, representada por seu filho, que entregou o prêmio à Penélope, mandou um vídeo que a emocionou profundamente: “Sophia além de um ícone, uma mentora, é uma grande amiga, uma pessoa maravilhosa. Estou muito honrada pelas palavras dela e por receber esse prêmio”.
Vencedora do Oscar, na categoria melhor atriz coadjuvante, por sua atuação em “Vicky, Christina e Barcelona”, quando contracenou com Javier Bardem, Penélope contou que foi ali que a relação deles deu uma virada: “eu e Javier nos conhecíamos há anos, já tínhamos contracenado juntos, nós éramos amigos. Mas depois desse filme tudo mudou”, diz sorrindo.
Casados, com dois filhos, a atriz compartilhou com a gente como o “power couple” espanhol recebeu a notícia da indicação ao Oscar esse ano. Penélope na categoria melhor atriz por “Mães Paralelas” de Almodóvar, e Javier, na categoria melhor ator, por “Apresentando os Ricardos”.
“Eu geralmente não gosto de assistir o anúncio das indicações porque fico muito nervosa, mas Javier quis ver ao vivo e eu topei. Primeiro falaram o nome dele, eu comecei a gritar, comemorar e ele ficou sério. Eu perguntei pra ele, você não vai celebrar? E ele me disse, calma, espera, vamos ouvir a sua. Aí quando falaram meu nome foi a vez dele começar a pular. Eu fiquei parada, processando um tempo. Qual era a chance de nós dois sermos indicados no mesmo ano? Isso não é coincidência, muito especial. Aí quando caiu a minha ficha, eu pirei. Deitei no chão e fiquei lá gritando, minha mãe foi na minha casa pra ver se eu estava bem. Foi hilário!
Mas eu achei muito fofo e generoso da parte dele que ele só comemorou a indicação dele quando ouviu o meu nome também.”
Penélope não sabe, mas eu também só festejei a indicação de Javier quando ouvi o nome dela. Não é nenhuma coincidência, ambos estão brilhantes em seus personagens e merecem ser reconhecidos. Mais uma vez, os “gringos” roubam a cena em Hollywood e entram pra história do cinema.
Agora, o que eu acho mais sensacional em relação à Penélope Cruz é a forma pé no chão como ela conduz a sua carreira, admitindo publicamente suas inseguranças, mesmo sendo a única atriz espanhola a ser indicada e ganhar um Oscar ( a atriz também foi indicada ao Oscar de melhor atriz por sua atuação em “Volver” e melhor atriz coadjuvante por “Nine”.)
“Eu tive muito medo durante as filmagens de “Mães Paralelas” é um personagem muito complexo. Ela tem que mentir e sou péssima nisso. O apoio e a confiança que Pedro tem em mim me ajudou a seguir em frente. Mas a gente está sempre aprendendo. Cada projeto é um desafio”, contou a atriz.
E pensar que Penélope, hoje musa e amiga pessoal de Almodóvar, um dia foi sua stalker.
“Eu assisto os filmes dele desde novinha, meu sonho era trabalhar com ele. Eu sabia os cafés e restaurantes que ele frequentava e marcava para ir lá com meus amigos. Eu dizia pra eles, hoje ele vem, eu sinto. Aí ele chegava. Mas eu nunca falei com ele, nunca o abordei, só queria estar no mesmo lugar, sabe?! Por isso que quando ele me ligou pra fazer um teste para um dos seus filmes eu pirei. Me sinto muito privilegiada por ter o Pedro na minha vida, como um mestre e amigo. Me sinto honrada por ele querer trabalhar comigo”, confessa.
E, numa recente entrevista que o apresentador leu para Penélope no evento, Almodóvar confirmou sua admiração pela atriz: “esse foi o personagem mais complexo que já escrevi para ela. Penélope se dedicou de corpo e alma e superou minhas expectativas”.
Com a voz embargada a musa agradece o reconhecimento do mestre e dos presentes com um discurso que celebra o dia internacional da mulher e lembra das mães na Ucrânia que sofrem pelos seus filhos na Guerra:
“Em “Mães Paralelas” a gente fala sobre a guerra política na Espanha, a dor da perda é imensa. Meu coração está com as mulheres e mães que sofrem pelos seus.”
E, assim, eu saí emocionada do The Arlington Theater, no centro da pitoresca cidade de Santa Bárbara. Já era fã da atriz e, agora, depois de encontrá-la pela primeira vez pessoalmente, admiro ainda mais a mulher sensível e humana que é Penélope Cruz. Uma diva, na essência da palavra!
Já se apaixonou por “Mães Paralelas”? Ainda não assistiu? Veja mais detalhes sobre o filme e confira um bate-papo exclusivo que participamos com Penélope sobre essa obra-prima:
O Santa Barbara International Film Festival é um programa imperdível para os cinéfilos. Saiba mais sobre o evento que reúne grandes nomes do cinema nessa charmosa cidade pertinho de Los Angeles: