Minha visita à cidade de Salem, em Massachusetts, rendeu tanto que decidi compartilhar meu tour em duas partes.
No primeiro post, contei sobre as Bruxas de Salem, que tornam o local um dos destinos mais badalados da região da Nova Inglaterra. Vale conferir:
Massachusetts, assim como a Nova Inglaterra, é uma região onde os moradores e, até os turistas, são brancos. Muita pouca diversidade, o que infelizmente é uma característica da área.
A arquitetura colonial é uma das marcas registradas de Salem. Uma das casas mais famosas do país é hoje, na verdade, um condomínio de casas históricas que foram transportadas para uma área próxima ao porto, “A Casa dos Sete Gables”, um patrimônio histórico da cidade.
Fiz um excelente tour guiado que, por sinal indico, para conhecer a história do local, que é lindo de viver, tanto na parte interna como nos jardins e arredores, para onde foram transportadas outras residências históricas, de arquitetura colonial, que hoje fazem parte desse centro cultural.
A Casa das Sete Empenas:
A Casa das Sete Empenas (também conhecida como Turner House ou Mansão Turner-Ingersoll) é uma mansão colonial de 1668 em Salem, Massachusetts, nomeada por suas empenas. Ficou famoso pelo romance de 1851 de Nathaniel Hawthorne, “The House of the Seven Gables”. A casa é agora um museu sem fins lucrativos, com uma taxa de admissão cobrada para passeios, bem como uma casa de assentamento com programas para a comunidade de imigrantes locais, incluindo aulas de inglês e cidadania. Foi construída pelo capitão John Turner e permaneceu com a família por três gerações.
The House of Seven Gables:
Não muito longe dali, visitei outras duas casas que têm prestígio no mundo da arquitetura, a The Derby House e a Hawke House, casas de pessoas da classe nobre da época que tinham escravos, uma parte da história estadunidense que se assemelha com a história do Brasil.
The Derby House
Construída em 1762 como presente de casamento, a Derby House foi a casa de Elias Hasket Derby (1739-1799) e Elizabeth Crowninshield Derby (1727-1799), durante os primeiros vinte anos de seu casamento. Eles moravam aqui com seus sete filhos e pelo menos dois afrodescendentes escravizados.
Hawkes House
Projetada por Samuel McIntire (1751-1811), um dos primeiros e mais influentes arquitetos dos Estados Unidos, a Hawkes House foi encomendada, mas nunca habitada, por Elias Hasket e Elizabeth Derby. A construção do prédio começou em 1780, porém os Derbys nunca concluíram a casa. Em vez disso, mudaram-se da zona portuária para uma casa no centro da cidade. Benjamin Hawkes (1766-1854), um construtor naval, contava com muitos dos comerciantes de sucesso de Salem entre seus clientes. Ele comprou e alterou a casa inacabada em 1800. A Hawkes House é um belo exemplo das grandes casas construídas em Salem no final do século XVIII e início do século XIX. Esses edifícios quadrados de três andares geralmente apresentavam uma entrada lindamente esculpida e pintada e com muitas janelas para permitir a entrada de luz e ar nos quartos elegantemente decorados.
Falando em casas coloniais, o hotel em que fiquei em Salem, localizado em um bairro residencial próximo ao centro, era um charme e me proporcionou uma viagem ao passado, ao mesmo tempo que disponibilizava todos os recursos da modernidade do século XXI.
Cada quarto tem uma decoração exclusiva e as áreas comuns são uma locação perfeita para uma sessão de fotos.
Aconchegante, confortável, bem localizado e com um preço justo, vale a propaganda gratuita. O hotel proporciona a experiência perfeita depois de um tour em Salem.
No bairro onde fica o hotel tem um parque lindíssimo, à beira de um lago, onde fui caminhar e assistir ao pôr do sol. As casas também seguem a arquitetura colonial e me remeteram aos muitos filmes que já assisti e sei que foram rodados naquela região.
Nesse passeio, cruzei com moradores pretos e asiáticos, que trouxeram um pouco de diversidade para um dia que passei lembrando que ali é realmente uma das treze colônias brancas e puritanas dos EUA.
De qualquer forma, Massachusetts é um estado muito diferente da Califórnia, não só na geografia e no clima, como em sua população. Estou tão acostumada à diversidade de cidades como LA e NY que eu mesma esqueço que a maioria das cidades nos EUA são como Salem.
Isso é um aspecto importante da cultura estadunidense quando falamos do país raiz e não das grandes metrópoles. O julgamento das “Bruxas de Salem” é explicado pela questão racial e moral, especialmente em relação às mulheres. Como mencionei no post anterior, me assusta ver a ascensão da extrema direita que prega conceitos de vida semelhantes aos de 1692, quando se deu a tragédia na cidade. Hoje em dia, em uma terra dominada por brancos, as mulheres pretas, latinas, muçulmanas e asiáticas são os principais alvos do preconceito desses grupos. Por isso, é tão importante termos consciência dos nossos direitos e da sociedade em que vivemos pois, só assim, podemos de fato lutar por eles.
Um passeio a Salem não é só uma aula de história do passado, mas também nos educa para que a gente não deixe a história se repetir agora.