Por: Raquel Zambon
Eu me lembro de 21 de julho de 2019 como se fosse ontem. Estava parada na área de imprensa do hall H da San Diego Comic Con, em pé, apertando nas mãos a caixinha de uma réplica da Baby que havia ganhado momentos antes. A ansiedade quase não me deixava respirar: eu sabia que, em poucos minutos, ia acompanhar ao vivo o último painel da história de “Supernatural”.
Enquanto aguardávamos o início do painel, cenas de “Supernatural” começaram a passar no telão com Carry On Wayward Son tocando ao fundo. Todo o público presente começou a cantar e, quando as cenas acabaram, ainda era possível ouvir um coro de 20 mil vozes continuando a música como se fosse um hino. Foi uma sensação que não dá para descrever. Naquele momento, eu soube que “Supernatural” era tão importante para todos os fãs que estavam ali quanto era para mim.
Estranho explicar como um simples show de TV pode fazer a diferença nas nossas vidas. Me lembro também de 2016, parada na fila de um centro de convenções em Las Vegas, tremendo ao segurar um ticket para uma foto com Jensen Ackles e Misha Collins (que havia reduzido, e muito, minha compra de mercado naquele mês). Uma mãe e filha estavam paradas atrás de mim na fila e perguntaram se eu estava me sentindo bem. Expliquei o quanto aquele momento era importante e, sem me olhar como se eu fosse maluca, elas me contaram o quanto era importante para elas também. Somos amigas até hoje.
“Supernatural” é uma série sobre o sobrenatural e eu devo confessar que, em 15 temporadas, provavelmente chorei em uns 50% dos episódios. A ligação entre Dean e Sam Winchester é uma daquelas conexões de alma raras, que encontramos poucas vezes na vida – e que, definitivamente, são quase impossíveis de se representar na televisão. Mais do que acompanhar episódios divertidos, os fãs sentiram essa conexão. Sentiram o quanto os relacionamentos entre o elenco eram verdadeiros dentro e fora das telas e o quanto a série afetou a vida de todos os envolvidos.
“Supernatural” ultrapassou as barreiras da televisão para criar um fandom que tem a mesma força na vida real. Quando você espera numa fila para a sessão de autógrafos do livro de Misha Collins, os fãs distribuem cookies para que ninguém aguarde com fome. Misha, quando chega, faz o mesmo! Nas mesas das convenções, você vê os fãs elogiando as fotos uns dos outros, distribuindo brindes e carinho. Todos apoiam os projetos sociais divulgados pelos meninos. A família criada nas telas foi, definitivamente, ampliada para o mundo real.
Na próxima quinta-feira, o último episódio da 15ª temporada de “Supernatural” será exibido. É triste pensar que não teremos mais a alegria de ver as piadas de Dean e seu amor por torta nas telinhas, assim como a seriedade de Sam e a devoção de Castiel. Sentirei falta da redenção de Rowena, da inocência de Jack, do lado mãezona de Jody. Tantas boas memórias, dentro e fora das telas, criadas por um simples show de TV.
No painel da SDCC 2019, Jensen, Jared e Misha afirmaram que o maior legado de seu trabalho são as amizades que ganharam e a família Supernatural que criaram com os fãs. Com a tristeza do fim, é muito bom saber que Supernatural viverá para sempre nos corações do fandom e que o trabalho que marcou a história de nosso elenco favorito também marcou a vida de tantas outras pessoas. “Supernatural”, vai, de fato, carry on forever!