Oscar 2020: Vitória merecida de “Parasita” é o milagre que Hollywood precisava

O sol brilha em Hollywood no dia seguinte que o coreano “Parasita” entrou para a história do Oscar, sendo o primeiro filme não falado em inglês a levar pra casa a estatueta na categoria melhor filme.

Depois do temporal que assolou LA, a cidade onde nunca chove, pouco antes da cerimônia domingo, quero acreditar que o belo dia de hoje é um sinal dos deuses celebrando a vitória de “Parasita” e do seu roteirista/diretor/produtor Bong Joo Ho que também levou pra casa a estatueta nas categorias melhor roteiro original, melhor direção e melhor filme internacional.

 

Visivelmente emocionado, Bong não perdeu o bom humor durante seus discursos, afirmando que iria celebrar bebendo. Homenageou Scorsese, agradeceu Tarantino e mencionou Sam Mendes e Todd Phillips, indicados na categoria melhor diretor. Assim como disse se sentir honrado por ser o primeiro a ganhar a estatueta na categoria que este ano passou a ser chamada de Filme Internacional (antiga Filme Estrangeiro).

Aplaudido de pé diversas vezes por uma plateia repleta de famosos, acompanhou sua produtora e o elenco do filme que criou com maestria, ao subir no palco para receber a estatueta na categoria melhor filme, momento inédito nos 92 anos da cerimônia do Oscar. Pela primeira vez, um discurso em outro idioma encerraria a festa do cinema.

 

 

A vitória de “Parasita”, o primeiro filme coreano indicado ao prêmio, demonstra que, apesar de 84% dos membros da Academia serem brancos, o que foi refletido nas indicações deste ano, o fato da categoria melhor filme ser decidida por uma votação preferencial (os membros indicam seus filmes favoritos dando notas de 1 a 10), beneficiou a média de “Parasita”, que levou o maior prêmio da noite.

Ao contrário do ano passado, quando “Green Book” ganhou, esse ano eu de fato celebrei, gritei, me emocionei, não só por achar merecido, pois desde que assisti “Parasita” afirmo que é de fato o melhor filme do ano, mas porque esse reconhecimento abre portas para todos nós, estrangeiros, trabalhando na indústria cinematográfica, nos EUA. O Oscar de “Parasita” mostrou que Hollywood está prestando mais atenção aos filmes legendados, com isso, aumentam as chances de cineastas do mundo afora, incluindo nosso Brasil, terem suas histórias e sua cultura celebradas na capital do entretenimento mundial.

 

 

Isso sem contar que o filme vencedor aborda de forma divertida, criativa, inteligente, sarcástica e realista, a questão da diferença entre as classes sociais na Coreia do Sul, como vivem, e quais as necessidades e dificuldades que as pessoas de baixa renda passam no país.

Os brancos americanos reconhecerem essa obra-prima foi o milagre que meu coração de fã esperava que acontecesse, agora espero que a porta aberta por “Parasita” seja só o começo de uma premiação dominada pela diversidade, criatividade e de filmes falados em outros idiomas que, cada Vez mais, as pessoas, nos EUA, tenham o hábito de prestigiar filmes com legendas e que a cultura de outro países seja celebrada em Hollywood da mesma forma como a cultura de Hollywood é celebrada pelo mundo afora.

Já assistiu “Parasita”? Pretende ver novamente? Ou ainda não viu?
Aqui nossa celebração ao filme, sem spoilers, que publicamos logo após assistir em dezembro, e hoje compartilhamos novamente para celebrar o Oscar histórico do filme coreano:

https://www.hollywoodeaqui.com/o-premiado-parasita-e-um-convite-a-reflexao-sobre-desigualdade-social/


Veja a lista completa dos vencedores do Oscar 2020:

https://veja.abril.com.br/entretenimento/oscar-2020-confira-lista-de-vencedores/

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