“Por que eu não posso ser a pessoa que se dá bem nessa história?” – Evelyn Hugo
A escritora Taylor Jenkins Reid entrou na minha vida por conta da série da Amazon “Daisy Jones & The Six” que, nessa altura do campeonato, como toda sabem, é minha atual obsessão. Ela é a autora do livro que foi adaptado para a telinha pelos gênios Scott Neustadter e Michael H. Weber, que foram responsáveis pelos roteiros de “A Culpa é das Estrelas” e ”Cidade de Papel”.
Eu ainda não tinha lido o livro, quando assisti a série, mas minha amiga Diana viu que eu só falava de “Daisy Jones & The Six” nas redes sociais e me presenteou com um exemplar. Devorei, lógico! Já íntima dos personagens, terminei as 351 páginas em 48 horas.
Eu adorei, mas confesso que nessa caso eu preferi a adaptação da minissérie. Especialmente em relação ao final de Daisy. Não vou dar spoilers nessa matéria, mas eu achei a trajetória da protagonista mais realista no seriado, enquanto no livro é mais romântica.
A mesma amiga que me deu “Daisy Jones & The Six” estava lendo “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo” e disse que me emprestaria assim que terminasse. Ela já tinha me adiantado que o livro prendia a atenção de uma forma inacreditável. Outra amiga e minha sobrinha Duda, também, já tinham sugerido que eu lesse “Evelyn”, elas disseram que se eu já era fã de “Daisy”, ia curtir ainda mais a jornada da estrela de Hollywood e seus 7 maridos.
Diana cumpriu a promessa e me deu o livro, assim que terminou, impressionada com o final. As amigas sugeriram que eu não visse absolutamente nada sobre a trama na internet, pois spoilers atrapalhariam a minha experiência.
Então, sem saber de basicamente nada da estória, eu abri o livro e mergulhei nas memórias de Evelyn contadas sem pudor a uma jornalista que ela escolheu, por razões misteriosas, para escrever sobre sua vida.
Eu fiquei absolutamente encantada com a riqueza da narrativa que nos leva a viajar aos anos 50, os tempos de glória e glamour de Hollywood, que pela minha experiência, trabalhando na indústria do entretenimento há 13 anos, mudou muito pouco nas últimas décadas. E, quando digo isso, não necessariamente é um elogio, mas uma reflexão de como as pessoas, assim como Evelyn, são capazes de fazer qualquer negócio pela fama.
Por conta da internet, atualmente, mais gente chega ao topo, vira celebridade da noite pro dia, no Tik Tok, Instagram, YouTube e nos reality shows. Ninguém precisa ter muito talento ou fazer alguma coisa muito relevante para virar estrela e ficar milionário. O passado era mais glamuroso, mas, como Taylor mostra muito bem no livro, talento e relevância não foram sempre as principais características das grandes lendas dos cinema. Uma coisa todos têm em comum, as pessoas que chegam ao topo são extremamente estrategistas, sedutoras, sabem jogar as cartas de Hollywood, em têm um estilo de vida onde a beleza impera e abre portas.
A vaidade, a luxúria, o orgulho, a manipulação da notícia, romances inventados, a roupa que veste, o lugar que frequenta, o círculo de pessoas com quem é visto (e fotografado), o que fala, quando chora e porque sorri são características marcantes da trajetória desse seleto grupo que vive num universo onde mentiras sinceras interessam. Esse é um resumo do plano de negócio que não está escrito oficialmente em lugar nenhum, mas existe na jornada de sucesso das muitas Evelyns, Dons, Harrys, Celias e Mikes, citando alguns personagens do livro de Taylor, que brilham nos outdoors de filmes e séries na Sunset Boulevard.
Tendo experienciado os fatos de dentro dos bastidores, admirei o realismo da obra literária. Talvez quem não tenha nenhum contato com esse universo acredite que tudo aquilo seja pura ficção. Eu garanto que tem muito mais verdade no livro do que na vida que muitas celebridades compartilham nas redes sociais. Aliás, uma das lições de Evelyn, como ligar para o paparazzo para ser fotografado numa situação que privilegie o famoso, é comumente usada pelas celebs até hoje.
Por mais impressionante e cruel que pareça, “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo”, diz muito sobre os altos e baixos da fábrica de ídolos em Los Angeles.
Como em “Daisy Jones & The Six”, a autora também cita vários lugares icônicos na cidade que valem ser visitados, mesmo para aqueles que nem curtem tanto cinema. Muitos dos restaurantes, bares e docerias que servem de locação para os personagens do livro, ainda são badalados hoje em dia. Foi até engraçado porque eu fui jantar no Dan Tana’s, um dos restaurantes italianos mais antigos, frequentado por celebridades em LA, que fica pertinho de onde moro, e quando cheguei em casa e peguei o livro pra ler era um capítulo onde Evelyn também tinha ido jantar lá. Realmente, a gente se sente no cenário de um filme clássico quando vai ao Dan Tana’s. O preço é salgado, pois condiz com a conta bancária das estrelas de cinema, mas é a comida é divina. Vale os milhões.
Outra característica marcante da obra de Taylor é como ela escreve mulheres fortes, que apesar de suas personalidades diferentes, influenciam positivamente umas as outras. A jornada de uma contribui com a evolução da outra. Há aprendizado e amor, ao invés da competição feminina tão comum nos livros, filmes e séries. Nota 10 para a escritora e sua escolha de mostrar o poder das mulheres unidas, mesmo na dor e com dor, o respeito, domina a relação entre elas tanto em “Daisy” como em “Evelyn”.
Agora, o auge mesmo do livro é o plot twist no final, que me pegou de surpresa (como sei que aconteceu com a maioria dos leitores). É sensacional. E, depois de saber, percebi que Taylor tinha plantado várias pistas durante a narrativa, mas foi tão bem feito que eu realmente não tinha pescado. Eu não vou falar o que é, pois é bom demais pra ser revelado, mas fica aqui o registro dos meus aplausos para a ideia brilhante da autora. Se eu preferi o final de “Daisy Jones e The Six” na série, “Os Sete Maridos e Evelyn Hugo” tem um dos finais mais sensacionais de uma obra literária que li nos últimos anos.
E, se para conquistar o estrelato Evelyn escondeu suas verdades; no fim da vida, ao compartilhar suas memórias, ela revela a sua essência e mostra a solidão de quem vive uma mentira, mas sem arrependimento, porque, para ela como para muitos, valem mais as estatuetas de ouro e os benefícios da vida pública do que uma trajetória no anonimato.
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vvvvv | “Não me arrependo das mentiras que contei, ou de ter magoado as pessoas. Aceito o fato de que, às vezes, fazer a coisa certa obriga a gente a pegar pesado. E tenho compaixão por mim mesma. E acredito em mim. Por exemplo, quando te repreendi lá no apartamento, por causa dessa coisa de confessar pecados. Não foi a atitude mais gentil a tomar, e não sei nem se você mereceu. Mas não me arrependo. Porque sei que tenho meus motivos, e fiz meu melhor para lidar com os pensamentos e sentimentos que me trouxeram até onde estou.” – Evelyn Hugo |
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Mas talvez as Evelyns discordem de mim.
Afinal, nas palavras da lendária atriz, “o mundo prefere respeitar as pessoas que querem dominá-lo”.
E se você for preferir o topo do mundo, você vai encontrar muita inspiração em “Evelyn” pra chegar lá.
Sinopse:
Com todo o esplendor que só a Hollywood do século passado pode oferecer, esta é uma narrativa inesquecível sobre os sacrifícios que fazemos por amor, o perigo dos segredos e o preço da fama.
Lendária estrela de Hollywood, Evelyn Hugo sempre esteve sob os holofotes ― seja estrelando uma produção vencedora do Oscar, protagonizando algum escândalo ou aparecendo com um novo marido… pela sétima vez. Agora, prestes a completar oitenta anos e reclusa em seu apartamento no Upper East Side, a famigerada atriz decide contar a própria história ― ou sua “verdadeira história” ―, mas com uma condição: que Monique Grant, jornalista iniciante e, até então, desconhecida, seja a entrevistadora. Ao embarcar nessa misteriosa empreitada, a jovem repórter começa a se dar conta de que nada é por acaso ― e que suas trajetórias podem estar profunda e irreversivelmente conectadas.