O Quarto Dia: Terror em Alto Mar

Por: Carl

Sarah LOTZ
Editora ARQUEIRO
2016
352 páginas

SINOPSE: Em O Quarto Dia, Sarah Lotz conduz o leitor por uma viagem de réveillon que tinha tudo para ser perfeita. Mas às vezes o novo ano reserva surpresas desagradáveis… Janeiro de 2017. Após cinco dias desaparecido, o navio O Belo Sonhador é encontrado à deriva no golfo do México. Poderia ser só mais um caso de falha de comunicação e pane mecânica… se não fosse por um detalhe: não há uma pessoa viva sequer no cruzeiro. As autoridades acham indícios de uma epidemia de norovírus, mas apenas descobrem os corpos de duas passageiras. Para piorar, todos os registros e gravações de bordo sofreram danos irreparáveis. Como milhares de pessoas podem ter sumido sem deixar rastro? Teorias da conspiração se alastram, mas só há uma certeza: 2.962 passageiros e tripulantes simplesmente desapareceram no mar do Caribe.

Como disse na resenha de O DEMONOLOGISTA (que você pode ler, clicando AQUI), existem algumas técnicas que auxiliam na criação de uma situação de medo ou susto. No cinema, o mais básico deles é o uso de efeitos sonoros para completar esse objetivo. Mas nos livros, o autor só tem às mãos o uso das palavras para criar na imaginação do leitor o efeito desejado. E isso nem sempre é feito com sucesso.

Não é o caso de O QUARTO DIA. Todos os trechos que remetem a algum susto, ou horror, são bem escritos e provocam aquela sensação de que você não está mais sozinho lendo seu livro. A história segue a mesma linha já conhecida de acontecimentos com fantasmas e demônios, com a incredulidade inicial, o aumento exponencial de situações sem explicação, aparições de pessoas que já morreram, propagação de doenças, mortes e a eventual constatação de que a coisa não vai terminar bem. Não para todos, pelo menos 😉

No quarto dia de viagem, algo acontece e o navio perde a capacidade de gerar energia. Existem apenas os geradores de emergência, o que não é suficiente para colocá-lo em movimento. Perdem também o acesso à Internet e a qualquer meio de comunicação com o continente. O ar condicionado para de funcionar, os encanamentos entopem, a comida ameaça acabar e um vírus intestinal ataca metade dos passageiros, causando um caos. Além disso, muitos começam a ter comportamentos erráticos, estranhos, e outros dizem ver fantasmas pelos corredores sem luz do navio.

A narrativa é em terceira pessoa, mas cada capítulo tem como título um adjetivo que descreve um personagem, que, no caso, são sete, e se repete a cada vez que o personagem fica em foco. Todos eles tem alguma espécie de mancha no passado, ou no presente, que deixa em dúvida o verdadeiro caráter que possuem e qual o papel deles diante do sobrenatural.

A ASSISTENTE DA BRUXA é Maddie, a relações públicas e secretária de Celine, uma vidente famosa que está no cruzeiro para realizar shows, onde convence a audiência de que consegue conversar com seus entes falecidos. Maddie não gosta do emprego que tem, porque sabe que sua chefe engana as pessoas, e sente pena de algumas. Mesmo assim, precisa de seu salário, que não é baixo, e isso a mantém ao lado de Celine, mesmo quando, no quarto dia de viagem, ela passa a agir de forma errática e misteriosa, como se não fosse ela mais, como se estivesse possuída pelos espíritos com quem ela diz conversar.

O CONDENADO é Gary, um assassino que escondeu o corpo de uma garota com quem passou a noite e matou. Ele sofre as piores consequências após o quarto dia de viagem e em nenhum momento é dado ao leitor a oportunidade de entender os motivos pelos quais ele é louco. Na verdade, só conseguimos sentir verdadeira repulsa e torcer para que o final dele seja bem ruim.

A CRIADA DO DIABO é Althea, uma camareira que precisa lidar com sua chefe autoritária e com todos os eventos inexplicáveis que acontecem no navio após o quarto dia. Ela é a mais sensitiva dos personagens e é quem tem as piores visões dos que aparece nos corredores escuros do navio.

AS IRMÃS SUICIDAS são Helen e Elise, duas amigas em depressão que combinam realizar o cruzeiro como uma última viagem, e onde pretendem cometer suicídio. Com a sequência de eventos que vivenciam, aos poucos, conseguem criar um laço mais forte com a vida, pensam até em desistir do intento, mas, talvez, tarde demais.

O ANJO DA MISERICÓRDIA é Jesse, o médico do navio, que é, sem ninguém saber, um ex-dependente de cocaína. Ele precisa lidar com quase metade dos passageiros doentes, por causa do vírus, com os ataques de histeria, de impaciência e ainda com as visões de pessoas mortas que afirmam vagar pelos corredores.

O GUARDIÃO DOS SEGREDOS e Devi, um dos seguranças do navio, que descobre a identidade do assassino da moça que encontraram em um dos quartos. Ele tem um passado obscuro, não concorda com as atitudes estranhas de seu superior e precisa descobrir uma forma de deixar em segurança os passageiros do navio.

BLOG DO CURINGA é Xavier, um blogueiro que vai no cruzeiro para desmascarar Celine, a vidente chefe de Maddie. Ele acredita que ela usa as pessoas, e quer encontrar as provas de sua razão para colocar na Internet.

Os caminhos de todos os sete personagens se cruzam em algum momento da história, e alguns deles interagem para resolver alguma situação. Conforme os eventos caminham para o clímax, os trechos de terror se intensificam e, no final, somos apresentados a uma solução que deixa em aberto vários pontos, uma vez que o livro faz parte de uma série, iniciada com OS TRÊS.

A leitura pode ser feita de forma independente, mas em algumas partes há referências ao que acontece no livro anterior. Embora não comprometa a leitura ou o entendimento da história, sugiro que leia OS TRÊS antes de O QUARTO DIA.

Acho que o horror que sentirá poderá ser ainda maior se fizer isso 😉

 

 

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