Por: Claudia Ciuffo
Assisti a estreia mundial do filme “O Muro do México” no SXSW, confesso que quando li o título pela primeira vez, me remeteu na hora à parede que o presidente Donald Trump quer construir para separar a fronteira dos EUA e seu país vizinho e fiquei intrigada. Mas, na verdade, o roteiro inteligente do filme conta como seria se uma rica família mexicana decidisse construir um muro em sua residência para impedir que uma população de brancos americanos, residentes em uma cidade do interior, tomem sua água que, como diz uma lenda local, tinha poderes milagrosos. Em suma, comercializá-la por preços exorbitantes era muito mais rentável do que compartilhá-la com seus vizinhos, moradores de baixa renda.
Na realidade, “O Muro do México” é uma crítica à situação atual do mundo, onde quem tem dinheiro tem o poder de controlar a sociedade. Ao mesmo tempo, também aborda as consequências dos filhos que têm uma vida luxuosa, mas não recebem a atenção que gostariam dos pais e tentam suprir suas carências com sexo e drogas. Isso, sem contar que é uma estória de amor, na qual quem sofre a rejeição é o homem.
No tapete vermelho da première, nos conversamos com as maravilhosas atrizes Alex Meneses, Carmela Zumbado e Marisol Sacramento, que interpretam, respectivamente, a matriarca e as filhas da família Aristas, que fazem parte de um grupo que não é representado com frequência no cinema, os americanos, de origem mexicana, que são ricos e poderosos. Batemos um papo também com o simpático e super alto astral, Jackson Rathbone, que no filme é Don, um jovem trabalhador braçal, que é contratado pelos Aristas para vigiar o poço de água, sua preciosa fonte de renda.
O interessante é que os papéis se invertem, Don é o americano branco que trabalha para os mexicanos. Ele se apaixona por Tania, a filha mais nova dos Aristas, e é obrigado a construir um muro na residência quando seu patrão percebe que o nível da água cai, possivelmente, devido a roubo. Separando assim a mansão dos Aristas do resto dos trabalhadores brancos de baixa renda, que são obrigados a pagar caro pela água, a nossa maior e mais importante fonte natural.
Tanto o desenrolar da trajetória deste herói e suas heroínas, como o final do filme são interessantes e surpreendentes. Mais importante é que este roteiro nos faz refletir sobre como os preconceitos raciais, culturais, religiosos, e até em relação à orientação sexual são, em sua maioria, dominados pelo poder financeiro. O elenco está muito bem, as locações sao belíssimas (o filme foi rodado em uma vila no México) e a temática não poderia ser mais atual e relevante.
Confiram nossas entrevistas com os atores, que nos contaram um pouco mais sobre seus intensos personagens e compartilharam algumas curiosidades sobre os bastidores das filmagens. Vale a pena conferir: