No capítulo anterior do nosso diário de viagem, onde contamos os detalhes da nossa aventura percorrendo a famosa Rota 66 nos EUA, compartilhamos a experiência de discriminação silenciosa que sofremos no Texas. Eu e minha amiga, mulheres latinas, fomos ignoradas pela atendente branca, nesse estado republicano e conservador.
Veja os detalhes do nosso relato que desglamouriza a vida nos Estados Unidos:
Mas, o fascinante de colocar o pé na estrada é que nossa próxima parada foi justamente o estado do Novo México que, como o próprio nome diz, celebra os latinos e os indígenas, por sinal, os verdadeiros donos dessa terra.
Quando saímos de Oklahoma, já nos deparamos com o deserto no norte do Texas, próximo a Amarillo, mas, à medida que avançamos no Novo México, o cenário fica ainda mais parecido com o que vimos nos filmes de faroeste.
Paramos na pitoresca cidadezinha de Tucumcari e fomos direto comprar souvenirs na icônica lojinha TeePee, em formato de tenda, que é popular desde os áureos tempos da Rota 66.
Além de vários regalos da “Mother Road”, a lojinha também oferece produtos artesanais produzidos pelas comunidades indígenas locais. Confesso que não resisti às lembrancinhas e comprei alguns mimos, sabendo também que parte da renda é destinada a organizações que trabalham pela preservação e proteção dos nativos estadunidenses.
O ponto alto de Tucumcari foi o Motel Safari, onde nos hospedamos na rua principal. Datado de 1959, o motel foi todo reformado, a decoração retrô nos proporciona fazer uma viagem ao tempo onde aquela região era um dos pontos altos da Rota 66.
As fotos e vídeos mostram a delícia que foi a experiência, que incluiu algumas cervejinhas na área comum do motel enquanto assistia ao pôr do sol. Era exatamente isso que os viajantes do passado faziam, se reuniam pra relaxar do dia na estrada e tomar uns drinques no próprio motel, que oferecia um local de recreação pra receber os aventureiros que passariam a noite lá.
Saindo de Tucumcari, nosso destino era Albuquerque, a principal cidade do estado, mas antes demos uma paradinha no Blue Hole (“Buraco Azul”). No passado distante serviu de fonte de água para as tribos e posteriormente os cowboys. Com o advento da Rota 66, virou atração turística e passou a ser uma piscina pública, onde pode ser feito scuba diving. A gente não teve tempo de nadar no local, mas a visita, mesmo rapidinha, já valeu a pena.
Chegando em Albuquerque, a Rota 66 vira Camino 66. E nesse ponto da viagem, ao contrário do Texas, nós latinos nos sentimos em casa. O mercado de artesanato mexicano é uma parada obrigatória, assim como comer uma comidinha típica (mexicana, claro!) e caseira, no centro histórico da cidade. Foi lindo pros olhos, delicioso pro estômago e revigorante pra alma.
Renovadas, seguimos viagem atravessando o “The Continental Divide”, que marca o ponto onde a água da chuva vai ou para o oceano Atlântico, no lado leste, ou para o oceano Pacífico, no lado oeste do país. Quando cruzamos em direção ao oeste, estamos oficialmente do outro lado do continente estadunidense.
Nesse momento, adentramos o estado do Arizona, onde vamos percorrer o trecho mais longo da Rota 66 rumo à Califórnia.
As paisagens são completamente diferentes da primeira parte da viagem e a nossa visita ao parque nacional “The Petrified Forest” (“A Floresta Petrificada) já mostra bem o que vamos ver pela frente.
O deserto tem uma beleza peculiar e, mesmo fazendo a viagem durante o verão e enfrentando as altas temperaturas, sua geografia me traz uma paz sem igual.
Já fiz várias viagens ao deserto, desde que me mudei para LA, em 2009. Eu cresci longe da chapada e do sertão brasileiro, nasci e cresci perto do mar, o que também é uma benção, mas me apaixonei pela paisagem desértica quando cheguei aqui.
As cores das montanhas, a vegetação, as pedras, um contraste com o verde de Maryland, Pensilvânia, Ohio e Indiana, os campos de Illinois, os lagos do Missouri e os rios de Oklahoma, fazem dessa viagem de costa a costa dos EUA um show que a natureza dá nesse país continental.
Além do aprendizado sobre as diversas culturas de cada um dos estados, é a geografia que mais me encanta. Especialmente o silêncio do deserto, que escolhi para encerrar este que é o penúltimo capítulo do nosso diário de viagem.
No próximo, contamos mais sobre a nossa passagem pelo Arizona e mostramos nossa chegada triunfal em Santa Monica, Califórnia, onde a rota termina. Fiquem ligados!
E, se vocês ainda não conferiram os outros capítulos da nossa aventura, não percam tempo, só clicar nos links abaixo: