Antes da explosão dos streamings, os viciados em seriados ficavam órfãos nessa época de festas e férias, quando nossos seriados favoritos entravam em hiato. Hoje com Netflix, HBO Max, Disney Plus não falta entretenimento, mas fato é que toda a nossa comunidade tem o que os estadunidenses chamam de “guilty pleasure”, que é, nada mais nada menos, o que a gente assiste e não conta pra ninguém porque é considerado “cafona” ou “mico”.
Mas eu sou dessas que não têm vergonha nenhuma de compartilhar meus prazeres televinos “bregas”. Atualmente, meu vício está voltado para as novelas. Em plena era digital, estou mergulhada nas raízes da dramaturgia brasileira.
Eu cresci assistindo novelas com a mamãe, que sempre foi super fã. Minha paixão pelo gênero me levou a trabalhar na Globo durante 5 anos, na produção de obras como “O Beijo do Vampiro”, “Mulheres Apaixonadas”, “Da Cor do Pecado” e “Belíssima”. Foi um período divertido, mágico, e onde aprendi tudo de entretenimento que aplico nos meus trabalhos em Hollywood até hoje.
Mas confesso que quando saí da TV Globo parei de assistir novelas. Vivi tanto tempo mergulhada no gênero que achei que tivesse enjoado. Mais de uma década se passou até que, durante a pandemia, meio sem querer, comecei a acompanhar pela primeira vez “A Vida da Gente”, na Globoplay. Essa excelente novela de Lícia Manzo, protagonizada pela minha favorita Marjorie Estiano, me conquistou tanto que hoje estou acompanhando o novo projeto da autora que está no ar, “Um Lugar ao Sol”.
Por sinal, achei o máximo a ideia de reunir os atores Cauã Reymond e Alinne Moraes como um dos casais da trama. Trabalhei com eles quando namoravam e vê-los atuando juntos anos depois me traz memórias boas dos meus tempos no Projac.
Estou acompanhando também “Nos Tempos do Imperador”, que marca o retorno do ator Selton Mello às novelas.
Mas confesso que maratonei algumas das minhas prediletas, como “Celebridade” – afinal nada mais icônico do que Maria Clara Diniz (Malu Mader) dando uma surra em Laura Prudente da Costa (Claudia Abreu), no banheiro. “Por Amor”, porque ninguém saboreia um martini como Branca Letícia de Barros Mota (Susana Vieira) e “Vale Tudo”, um retrato do Brasil da época (e ainda muito atual) que parou o país com o assassinato de Odete Roitman (Beatriz Segall). Três clássicos que pude rever graças à Globoplay, que alimenta meu vício enquanto as séries que assisto regularmente estão de férias.
Aproveitamos a confissão do meu prazer televino secreto para homenagear os 70 anos da novela brasileira. Brega ou não, na moda ou não, uma coisa é fato, a novela é um marco gigantesco da nossa sociedade. Eu tenho muito orgulho de ter dado a minha singela contribuição ao gênero durante os anos que trabalhei na TV Globo. Dedico essa matéria à mamãe com quem aprendi a assistir novelas.
Agora a pergunta que não quer calar, qual é o prazer televino secreto de vocês? Que seriado, novela ou filme, que todo mundo acha cafona, mas você adora e não abre mão? Conta pra gente!!!