Nicholas Sparks é um escritor de grande sucesso entre nossos leitores. Já esteve em nossas páginas em algumas reportagens, conforme vocês podem conferir nas reportagens abaixo. Ficamos radiantes quando o autor de best-sellers como “Um homem de Sorte”, “Um Amor para Recordar, “Querido John”, concedeu seu tempo para falar de sua obra, seu estilo e sua visita ao Brasil, entre outros assuntos, em uma conversa exclusiva. Vale a leitura!
Por: Luana Mattos
Luana: No ano passado eu li sete dos seus livros e fiquei bastante comovida, especialmente por três deles. “Querido John”, “O melhor de mim”, e “O Milagre”.
“Querido John” é uma das histórias de amor mais genuínas, com um final inacabado que nos faz querer uma continuação, você tem planos de dar continuidade a essa história algum dia?
Nicholas Sparks: No momento não, pois estou atualmente trabalhando em meu próximo romance. Estou contente em deixar como está no momento. Contudo, você nunca sabe o que pode acontecer no futuro.
L: “O melhor de mim” me deixou sem palavras, eu definitivamente não esperava aquele final. De onde veio sua inspiração para escrever essa história?
N.S: Quando eu me sentei para escrever “O melhor de mim”, eu sabia que queria focar em personagens de meia idade, pessoas com seus quarenta e poucos anos, que começam a confrontar os “e se’s” e a terem segundas opiniões a respeito das escolhas que fizeram quando jovens. Para Amanda, ela se questiona o que teria acontecido se tivesse se casado com o homem que amava ao invés de outra pessoa? Na verdade eu já havia usado um funeral para juntas velhos amigos em um manuscrito que não foi publicado, mas eu usei isso novamente em “O melhor de mim” porque isso se encaixou naturalmente a esses personagens. Quando alguém morre, isso literalmente nos induz a perguntar “e se…?”, isso faz você analisar a vida que está vivendo de uma forma, que eu acredito ser essencial para o crescimento de Amanda e Dawson no decorrer do livro. Com esses grandes questionamentos em mente, a história começa a desenvolver em minha cabeça, e eventualmente, no papel.
L: “O milagre” traz questões existências, como: Deus e qual o significado de nossa existência. Era sua intenção compartilhar suas próprias crenças em relação a isso?
N.S: Não, não era. Embora para ser perfeitamente honesto, eu me peguei analisando entre duas áreas diferentes. A primeira foi o que poderia estar causando as luzes misteriosas, particularmente no leste da Carolina do Norte. A segunda foi em relação a Jeremy Marsh e exatamente o que ele geralmente escreveria sobre isso sendo ele um desmistificador (alguém de desmente mistérios sobrenaturais). Para conseguir isso eu li aproximadamente trinta livros, procurando por lendas e fantasmas na Carolina do Norte. Enquanto fazia isso eu encontrei algumas lendas interessantes, a maioria era apenas isso: histórias que pareciam ter desaparecido a longo dos anos. Depois de um tempo, contudo, eu descobri uma lenda sobre as luzes de Brown Mountain, um fenômeno misterioso de luzes que ocorriam regularmente no ocidente da Carolina do Norte. Eu não apenas li sobre essa lenda em detalhes como também fui capaz de encontrar uma explicação cientifica de alguém que havia passado uma grande parte do seu tempo investigando as luzes. Isso parecia o cenário perfeito de que eu precisava, com uma exceção. Observe o nome das lendárias luzes- Brown Mountain Lights. Este era um problema; no leste da Carolina do Norte, não há montanhas. Na verdade, não nem mesmo uma colina em qualquer lugar dentro de cem milhas da costa; a maior inclinação em torno tende a serem viadutos de autoestrada. No entanto, as luzes de Brown Mountain eram perfeitas, e como romancista (e não um escritor de não-ficção), eu estou autorizado a certos privilégios, um dos quais é a capacidade de “mentir” para o bem da história. Assim, eu criei uma cidade fictícia com uma montanha fictícia (Riker’s Hill).
(Nota: Para todos os que queriam vir para o leste da Carolina do Norte para visitar Boone Creek e Riker’s Hill, por favor, não se incomode. Realmente e verdadeiramente foi tudo uma invenção).
L: Eu não pude deixar de notar que cada um de seus romances traz um enredo diferente em torno de alguns pontos polêmicos, como Asperger, Alzheimer, SAB (síndrome da brida amniótica), e a violência contra a mulher. Como você escolhe esses assuntos? Você busca trazer uma conscientização sobre o assunto?
N.S: Em alguns aspectos, as experiências de vida que eu tive, de fato, me inspiram a escrever, e eu às vezes me pergunto se as tragédias na minha vida me permitiram adicionar intensidade emocional para as histórias que conto. Dito isso, a história precisa de conflito, a fim de ser interessante. Todos os grandes amores em meus romances têm algum tipo de conflito ou luta que o casal tem que superar. Mais do que apenas fazer parte de uma boa história, cada casal tem que lutar, em menor escala, com falhas de cada um. A parte boa é que eles se amam, mesmo com suas imperfeições. E isso é uma coisa muito libertadora.
L: Seus personagens são consistentes e têm personalidade forte. Nos livros “Um Porto Seguro” e “Um Homes de Sorte”, nós pudemos ver o mundo através de três personagens, três mentes diferentes. Como foi o processo de escrita para esses personagens?
N.S: Como em todos os meus romances, sempre que me sento para escrever, eu faço o meu melhor para criar uma história interessante e atraente que seja inovadora e original também. Para “Um Porto Seguro” eu queria introduzir o tema do perigo e uma crescente sensação de intensidade que aumenta – e surpreende, até o fim, e pouco a pouco a história ganhou vida. E “Um Homem de Sorte”, foi realmente inspirado pela imagem que eu tinha de um fuzileiro naval servindo no Iraque que encontra uma fotografia de uma mulher e decide encontrar aquela mulher, e isso ficou na minha cabeça. Em seguida, eu sabia que ele ia ser diferente, quando ele voltasse para os EUA. POR QUÊ? Isso é realmente como a maioria das histórias são desenvolvidas: no por quê? Então, e se ele começa a pensar nesta foto como seu amuleto da sorte? Por quê? E então você começa a juntar uma história.
L: Kevin (Um Porto Seguro) é um psicopata, hipócrita; ele é diferente de todos os outros personagens que você escreveu. Como você o criou? Foi baseado em uma pessoa real ou uma história que você leu em algum lugar?
N.S: Kevin não foi baseado em uma pessoa real. É um pouco de equilíbrio. Os personagens têm de parecer real e os leitores devem, eventualmente, quer que eles se apaixonem… E ainda, toda a história tem que ser configurado para mudar em relação à adição de suspense e tensão. Eu acho desafiador obter o equilíbrio certo e é sempre uma luta e eu acho que, no final, a maioria dos leitores gostou muito de “Um Porto Seguro”. Foi o mesmo com o filme, é claro – a parte mais desafiadora era encontrar o equilíbrio certo, para que nenhuma história dominasse a outra.
L: Falando em personagens, você tem um favorito? Se sim, qual? Após terminar um livro você já sentiu como se o personagem tivesse mudado sua visão sobre o mundo?
N.S: Quanto a um livro ou personagem favorito – em qualquer gênero – Eu não posso escolher um. Quanto aos autores é relativamente fácil: Eu acho que Stephen King incrível. Embora nenhum deles tenha mudado a minha visão por assim dizer.
L: Como você se sente assistindo seus romances nas telonas? Você tem participação nos roteiros e na escolha do elenco?
N.S: Eu tenho a sorte que os filmes adaptados de meus romances têm sido benfeitos e bem-sucedidos, então para mim, é sempre divertido. Obviamente, conforme o projeto avança, há sempre muito trabalho também, e, às vezes, nem sempre é fácil. Estou envolvido em tudo, desde o desenvolvimento do roteiro até a seleção do diretor e elenco. Tecnicamente, eu sou agora um produtor em meus filmes, mas eu sempre estive envolvido, e acho que todas as adaptações têm sido surpreendentes, e eu não poderia estar mais feliz.
L: Você esteve no Brasil e que você conheceu alguns de seus fãs lá. O que você achou da experiência? Você está planejando voltar em breve?
N.S: Eu tive um tour maravilhoso na última vez que eu visitei o Brasil; as pessoas foram incríveis, a cultura foi acolhedora, e eu acho que o Brasil é simplesmente um país lindo. Eu com certeza vou voltar no futuro, e talvez levar a minha família na próxima vez.
L: Você é um escritor best-seller. Pessoas de todo o mundo, todas as idades são fãs de seus livros. Você tem algum conselho para dar a alguém que sonha em seguir uma carreira como escritor?
N.S: Você tem que pesquisar o ofício da escrita, ler muito e escrever. Eu não posso imaginar ser um autor sem fazer essas coisas. Eu leio muito. Eu leio mais de 100 livros por ano, cada um me ensinou algo diferente. Pergunte a si mesmo perguntas sobre os livros que você está lendo. Finalmente escreva, você não pode ser um escritor sem escrever. Eu escrevo cinco ou seis dias por semana, normalmente no mínimo 2.000 palavras. Não importa o que aconteça eu tento manter uma consistência nos meus hábitos de trabalho, estou sempre tentando melhorar, para escrever uma nova história, e tentar coisas novas. E, finalmente, escrever uma história que nunca foi escrita.
L: Em nome dos seus fãs brasileiro eu gostaria de agradecer novamente por seu tempo e consideração. Significa muito para nós!