Por: Claudia Ciuffo
Em “Terms of Surrender”, espetáculo que marca a sua estreia na Broadway, o documentarista e ativista Michael Moore não só fala sobre os perigos do governo de Donald Trump, como compartilha sua trajetória desde a juventude. Conta a história hilária de como começou a ser um ativista político totalmente sem querer ainda na adolescência. Fala também das ameaças de morte que recebeu pelos protestos que fez contra o então Presidente Bush, especialmente após o atentado de 11 de setembro.
E nos relembra que foi banido do Oscar, após ter ganho a estatueta em 2003, pelo seu excelente documentário “Tiros em Columbine”, quando falou que era contra a guerra do Iraque. Eu, particularmente, lembro claramente deste episódio. A Academia nunca mais o convidou para participar da cerimônia, mas Michael não se importa, ele usou seus preciosos segundos para botar a boca no trombone e está com a consciência tranquila. Interessante que ele fez um filme sobre as consequências trágicas das armas para a sociedade norte-americana, e ganhou o Oscar por este trabalho, quando seu nome foi anunciado, Michael foi aplaudido de pé mas, quando falou mal da guerra, foi vaiado pela mesma plateia que vibrou pela sua vitória. Veja o clipe:
Mas o foco principal do show é conscientizar a audiência que os responsáveis pela transformação de um país somos nós mesmos. Michael convida a todos a tomarem atitudes, ele informa um site para que a gente ligue para os senadores e reclame nossos direitos, denuncie as atrocidades impostas pela Casa Branca. E Michael incentiva a plateia a se candidatar a cargos políticos em suas cidades, porque o povo tem o poder de derrubar qualquer governo facista.
O principal é que Michael Moore fala sobre assuntos sérios, inclusive sobre sua vida pessoal, com muito bom humor e criatividade. O espetáculo, que tem um final alto astral, não só é importante para conhecermos mais sobre o documentarista, mas como reconhecermos a importância do nosso papel nesta sociedade, não só nos EUA, mas o seu papel de cidadão no seu próprio país.
Depois do espetáculo, Michael bateu um íntimo papo com a audiência e respondeu diversas perguntas da plateia. Foi um sonho realizado pra mim conhecer Michael Moore, acompanho seu trabalho há anos. Ele é ainda mais simpático, sincero, autêntico, carismático, inteligente e crítico pessoalmente, e tem um senso de humor tão bom quanto seus documentários e seus comentários. E o que mais admiro em Michael Moore é que ele não é gente que fala, ele é gente que faz. Ele não é militante de Hollywood (seus filmes são financiados pelo Canadá, então ele não precisa seguir nenhuma cartilha para agradar investidores em Hollywood). E mais importante, ele não é militante de redes sociais, e encoraja a todos para tomarem atitude e não só ficarem no blá blá blá no Facebook.
Sou fã de carteirinha de Michael Moore que, acima de tudo, coloca sua vida em risco pela liberdade de expressão e pela democracia. Se você estiver em NY ou for visitar a cidade nos próximos meses, não deixe de assistir “Terms Of Surrender”, Michael fechou com um teatro um preço popular, US$ 29 (R$ 90.00), porque o objetivo dele não é enriquecer com este espetáculo, mas propagar a mensagem que nós podemos fazer a diferença em nossa comunidade, em nosso país. E acredite em mim, você sai do show com a certeza que pode e deve começar a agir e lutar por um mundo melhor.
E se você ainda não assistiu aos documentários de Michael Moore não perca tempo, prometo que são imperdíveis:
Tiros em Columbine
Documentário que investiga a obsessão dos americanos pelas armas de fogo. Michael Moore, diretor e narrador do filme, questiona a origem dessa cultura bélica e busca respostas visitando pequenas cidades dos Estados Unidos, onde a maior parte dos moradores guarda uma arma em casa. Entre essas cidades está Littleton, no Colorado, onde fica o colégio Columbine. Lá os adolescentes Dylan Klebold e Eric Harris pegaram as armas dos pais e mataram 14 estudantes e um professor no refeitório. Michael Moore também faz uma visita ao ator Charlton Heston, presidente da Associação Americana do Rifle. Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-28729/
Trailer:
FAHRENHEIT 11 DE SETEMBRO
O diretor Michael Moore investiga como os Estados Unidos se tornaram alvo de terroristas, a partir dos eventos ocorridos no atentado de 11 de setembro de 2001. Os paralelos entre as duas gerações da família Bush que já comandaram o país e ainda as relações entre o atual Presidente americano, George W. Bush, e Osama Bin Laden. Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-52305/
Trailer Legendado: