“Me Chame pelo Seu Nome”: Amor inesperado em um verão

Estreia amanhã nos cinemas brasileiros um dos filmes mais badalados nesta temporada de premiações em Hollywood: “Me Chame Pelo Seu Nome”, baseado no livro de Andre Aciman, dirigido por Luca Guadagnino, que muitos conhecem por “A Bigger Splash”, com Dakota Johnson, que é uma de suas grandes amigas, que inclusive apresentou o filme no Globo de Ouro.

“Me Chame Pelo Seu Nome” conta a histária de Elio (Timothée Chalamet), filho de um importante professor universitário (Michael Stuhlbarg ), o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver ( Armie Hammer). Elio imediatamente, e sem perceber, se encanta pelo americano de 24 anos, espontâneo e atraente, que aproveita a temporada para trabalhar em seu manuscrito sobre Heráclito e, sobretudo, desfrutar do verão mediterrâneo. Da antipatia impaciente que parece atravessar o convívio inicial dos dois surge uma paixão que só aumenta à medida que o instável e desconhecido terreno que os separa vai sendo vencido. Uma experiência inesquecível, que os marcará para o resto da vida.
Fonte: https://www.saraiva.com.br/me-chame-pelo-seu-nome-9938805.html

O filme é um dos meus favoritos este ano e eu tive o prazer de assistir em novembro, numa sessão especial que contou com a presença de Luca, o diretor e dos atores Armie Hammer, Timothée Chalamet, Michael Stuhlbarg que, por sinal, são uma simpatia.

“Me Chame Pelo Seu Nome” é um filme delicado, emocionante, engraçado. Me identifiquei até com a namorada de Elio, pois vivi uma situação semelhante a dela na minha juventude. Alguns comentaram que o filme incentivava a pedofilia e era preconceituoso. Eu discordo veementemente. Achei uma bela história de amor contada pela perspectiva de um menino, que como tantos viveu um amor de verão com alguém mais velho. A aclamada e brilhante atuação do jovem Timothee, me aproximou ainda mais da narrativa e trouxe à tona doces lembranças do Elio que eu conheci na minha adolescência e com quem vivi várias aventuras semelhantes as do personagem, num verão no final dos anos 80.

Muitas vezes a gente não escolhe por quem se apaixona, ou quando, os amores acontecem, na minha opinião essa é uma história de amor clássica e bem contada pelo autor do livro e muito bem adaptada por Luca.

Aliás, “Me Chame Pelo Seu Nome” inspirou um de nossos colaboradores e meu amigo, que neste texto compartilha as lembranças que teve de sua própria história de amor, ao assistir ao filme. Como na arte, a vida tem momentos de pura poesia. Este é um deles.

“É melhor falar ou morrer?”

Em um momento do filme, Elio nos apresenta o dilema que muitos vivem ao encarar a dúvida sobre se abrir ou não. Naquele instante me vi em seu lugar. ‘Eu nunca teria coragem de fazer essa pergunta’ ecoou em minha cabeça enquanto um flashback se passava dentro dela. Eu não tive coragem… Eu também tive um Oliver, de certa forma. Com sua chegada repentina e a curiosidade pelo novo.
Além do filme, o livro apresenta pensamentos que se passam em nossa cabeça quando tentamos descobrir o ponto em que nos apaixonamos. ‘Você vê a pessoa, mas não a enxerga de verdade, e antes mesmo que perceba você luta para aceitar os sintomas de algo que só pode ser o desejo e se pergunta quando tudo aquilo começou’.
Talvez tenha sido na primeira aula, quando nossos olhares se encontraram por diversas vezes e ele insistia em desviá-los com um ar de quem esconde algo. Talvez tenha sido em uma conversa após a aula onde ele também perguntou ‘Tem alguma coisa que você não sabe?’ após falarmos sobre tantos assuntos. Talvez tenha sido quando me pegou de surpresa massageando meu ombro e ao me assustar disse que eu parecia nervoso. Eu tinha um Seminário pra apresentar, realmente estava nervoso. “Relaxe”, ele disse.

Eu gostava de nossos momentos juntos, de perceber que a frieza dos primeiros dias se derreteu com minhas ofertas de amizade, ainda que em certos dias acabasse trazendo a tona aquele mesmo olhar frio. Essas mudanças repentinas me intrigavam, me faziam desejá-lo cada dia mais. Se isso era uma forma de me afastar e mostrar que não era pra ser, ele não se saiu muito bem. Nos dias em que tudo ia bem, sorríamos secretamente ao perceber tantas afinidades entre nós. Não havia nada que eu podia querer além disso. Ele me fez gostar de quem eu era quando estava com ele.

Ah Elio, você não sabe quantas lembranças me trouxe naqueles primeiros minutos do filme… o problema é que meu Oliver já havia encontrado sua noiva e se casado. Não tive sua mesma sorte, mas com você ali eu pude ver o que o futuro me reservaria sonhar, se nada impedisse o caminho.

Algumas histórias nasceram para terminar com um singelo ‘Later’

“Talvez não houvesse nada ali, talvez eu tenha inventado tudo. Mas nós dois sabíamos o que o outro tinha visto.” [Andre Aciman, “Me Chame Pelo Seu Nome”]

Por Marc Oliver

 

Data de lançamento: 18 de janeiro de 2018 (2h 11min)
Direção: Luca Guadagnino
Elenco: Armie Hammer, Timothée Chalamet, Michael Stuhlbarg mais
Gêneros: Drama, Romance
Nacionalidades: França, Itália, EUA, Brasil

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