O Landmark Theater foi o lugar que mais frequentei nesses últimos 13 anos, em Los Angeles.
Foi minha amiga Flávia Faustini que me apresentou esse paraíso, logo que me mudei para a Cidade dos Anjos, em 2009. Era perto de Westwood, onde eu morava na época. Mas mesmo quando mudei do bairro, continuou sendo o meu cinema.
Como muita gente que me acompanha sabe, eu sou obcecada por assistir filmes no cinema, não só por conta do meu trabalho, como jornalista de entretenimento, como vapor prazer pessoal desde a minha infância. Cresci frequentando os cinemas na Tijuca, Rio de Janeiro, e apesar da ascensão dos serviços de streaming, eu pertenço ao grupo que ainda assiste filmes na sala escura, com tela grande.
Se hoje em dia eu sou assim, imagina há 13 anos quando cheguei em LA. Teve um período que eu ia ao Landmark várias vezes por semana. O pessoal que trabalhava lá já me conhecia e a bartender já perguntava de longe se eu queria o de sempre, eu respondia que sim e sem precisar dizer nada, ela me servia o chope da Stella.
Naqueles cinemas eu vi inúmeros filmes e documentários que me emocionaram, me divertiram, me ensinaram, me fizeram uma pessoa melhor.
Lá também era o QG dos filmes indies e o point predileto dos estúdios e festivais de cinema que usavam o local para os eventos que promoviam seus filmes na temporada de premiações (que termina na noite do Oscar).
Eu tive o privilégio de conhecer muitos dos meus ídolos no Landmark. Diretores, roteiristas, atores, muitos vencedores de Emmy e Oscar, como Richard Linklater, Julie Delpy, Susan Sarandon, Amy Adams, Greta Gerwig, Saoirse Ronan, Brie Larson e rever Robert Pattinson, mas isso só para citar alguns.
E ainda lembro, como se fosse hoje, que esbarrei com o Jamie Dornan (o próprio Mr. Grey) no bar e meu coração de fã da trilogia “Cinquenta Tons de Cinza” quase saiu pela minha boca.
Vivi ali momentos inesquecíveis. Coincidência ou não, foi no Landmark que assisti o último filme no cinema, antes da pandemia (“1917”) e o primeiro filme na telona, depois que os cinemas reabriram nos EUA (“Quiet Place Ii”).
Já cheguei ao ponto de subir as escadas do Landmark, pra pegar um cineminha na tarde de folga, e perceber que já tinha assistido todos os filmes em cartaz no local.
O nome Landmark, que em inglês significa “marco” já diz tudo. Esse cinema é um marco de Los Angeles e uma referência em Hollywood.
Infelizmente, ele vai fechar no final de maio. Segundo o diretor, apesar das tentativas, a empresa não conseguiu renegociar o valor do aluguel do local, e eles vão deixar o shopping na esquina da Pico com a Westwood Boulevard.
Foi anunciado ontem que o Landmark Theater vai para Pasadena . Infelizmente, fica bem longe da minha casa, mas ainda assim, eu vou dirigir 1 hora para prestigiar a nova locação do meu cinema favorito. Enquanto nós, frequentadores, esperamos a reabertura com o coração triste, eu compartilho com vocês meu último tour por lá e alguns dos sonhos de cinéfila e jornalista, que realizei no meu canto favorito de LA.
Aproveito e começo aqui também uma campanha para que as pessoas voltem a frequentar os cinemas. Já perdi tantos que frequentava no Brasil (viraram farmácia, academia, loja de roupas, uma heresia), espero que na capital do entretenimento, os anjos protejam as salas de cinema da cidade que leva seu nome.
Volta logo, Landmark Theater! Los Angeles vai ficar muito menos divertida durante sua ausência.