Por: Camila Sá
Para uma menina que cresceu com três irmãos e sem entender muito bem sobre jogos e quadrinhos, eu me senti orgulhosa de acompanhar “Jogador N°1” e saber, exatamente, ao que ele se referia em várias momentos.
Adaptação do livro homônimo de Ernest Cline, que também assina o roteiro ao lado de Zak Penn (“Os Vingadores”, “X-Men 2 e 3”), sob direção do incrível Steven Spielberg, o longa constrói a narrativa de Wade Watts, interpretado por Tye Sheridan, que procura pelos segredos dentro de OASIS, um game inventado por James Halliday (Mark Rylance), após a morte de seu idealizador.
Halliday foi um nerd que cresceu com os primeiros jogos eletrônicos e criou seu próprio império, anos depois, mas parecia estar infeliz apesar da invenção que revolucionou, até mesmo, a realidade. No ano de 2045, a pobreza e a vida não eram tão boas ou interessantes quanto o escapismo que OASIS oferece.
O filme é ambientado em 2045, com o mundo à beira do caos e do colapso. Contudo, as pessoas encontraram refúgio no OASIS, um amplo universo de realidade virtual criado pelo genial e excêntrico James Halliday. Quando Halliday morre, ele deixa sua fortuna para a primeira pessoa que encontrar um easter egg escondido por ele mesmo em algum lugar do OASIS, dando origem a uma competição mundial. Quando um jovem e improvável herói chamado Wade Watts decide participar da competição, ele é lançado a uma caça ao tesouro arriscada e capaz de distorcer a realidade através de um fantástico universo de mistérios, descobertas e perigos. |
Dos games mais tecnológicos, em que uma roupa especial te faz sentir o mesmo que seu avatar, até o console Atari, peça fundamental do quebra-cabeça que Wade tenta solucionar, há referências claras à cultura pop construídas de forma simples e memorável: estão lá os jogos, filmes das décadas de 80 e 90 e, inclusive, canções bem conhecidas destes anos.
Na verdade, uma das grandes sacadas do filme é combinar um ambiente futurístico, que usa e abusa da realidade virtual, mas tem seus elementos, musicais e visuais, estruturados na herança de gerações anteriores.
As músicas de “Stars Wars” estão lá, também, como forma de homenagem aos personagens, as falas do vilão malvado se assemelham um pouco com os filmes de sessão da tarde, e não entenda isso de uma forma negativa. Sabe o que você sentia ao assistir “Um Herói de Brinquedo” (1996)? É mais ou menos isso. Juro.
A experiência, se possível, é maravilhosamente melhorada em uma sala de IMAX. A imagem 3D e o áudio explodem junto com as cenas de ação dos avatares criados em OASIS, não prestigiar o filme dessa forma chegar a ser um crime. Vai por mim!
De criança a adulto, você com certeza vai adorar essa viagem que celebra a infância e adolescência de James Halliday, honrando seus gostos pessoais. Uma pitada de romance, amizade virtuais que se tornam reais e a essência de nunca esquecer quem você é, ou de onde veio, são o que tornam a jornada incrível. Até mesmo os clichês são bem dosados.
Ainda integram o elenco Olivia Cooke (“Bates Motel”), Ben Mendelsohn “Rogue One – Uma História Star Wars”) e T.J. Miller (“Silicon Valley”), Simon Pegg (“Star Trek”) Oscar Mark Rylance, vencedor Melhor Ator Coadjuvante, em 2016, por “Ponte dos Espiões”. “Jogador N°1” estreia dia 29 de março no Brasil, não perca.