Jennifer Lawrence coloca a boca no trombone e fala sobre o crime do qual foi vítima (seu computador foi hackeado e fotos nuas da atriz foram roubadas e postadas em diversos sites e nas redes sociais, como Twitter, Tumblr) numa entrevista honesta e emocionamente para a revista Vanity Fair, publicada este mês.
Confesso que no dia que a privacidade de Lawrence foi invadida e as suas fotos tomaram conta da internet, achei incrível como os assessores de imprensa de Jennifer se pronunciaram imediatamente e confirmaram que as fotos eram reais. Já tinha visto outras atrizes passarem por uma situação semelhante e afirmarem que as fotos eram montagem. Mas JLAW, apesar de todo o trauma e sofrimento, é da turma que não tem nada a esconder.
Mas o que mais me deixou em choque nesta situação foi a reação de algumas pessoas. Li comentários moralistas e preconceituosos nas redes sociais de pessoas jovens, mulheres inclusive, que realmente me entristeceram.
A maneira como as pessoas discutiram o problema, deixava claro que, era como se Lawrence estivesse errada por tirar as fotos, e não que ela (e outras tantas celebridades em Hollywood) tivesse acabado de sofrer um grave crime. A impressão que me deu é que as pessoas acham que por ser famoso, você é obrigado a não mais agir como ser humano, mas viver como um robô programado para atingir expectativas dos fãs e da sociedade.
Desculpe, eu discordo veementemente, ter a sua privacidade invadida desta forma é tão sério e traumático como ser vítima de sequestro ou estrupro.
Sou fã de Jennifer Lawrence não só porque ela é uma excelente atriz, e engraçada nas entrevistas. Mas existe muita verdade na maneira como JLAW se expressa, mesmo diante de uma situação que a deixou tão arrasada. Concordo com ela, não há motivo nenhum para se desculpar publicamente e ter pudores por expressar sua sexualidade para alguém que você ama; é um problema do qual Jen e as pessoas bem resolvidadas não sofrem.
Dito isso, não é fácil passar por este furacão emocional. Nas palavras de Lawrence, “eu tive tanto medo, não sabia como isso tudo ia afetar a minha carreira” e, o pior momento, “ligar para o meu pai e contar o que tinha acontecido, juro para você, eu não me importo com todo o dinheiro que ganhei com “Jogos Vorazes”, se tivesse que fazer uma escolha eu preferiria não ter este dinheiro do que fazer aquela ligação para o meu pai.”
Acho que o maior problema da sociedade hoje é que as pessoas não param nem por um segundo para se colocar no lugar do outro. Sei que é um exercício e não é facil de fazer, eu mesma muitas vezes esqueço. Mas antes de criticar ou julgar uma jovem, cuja vocação é atuar e, por isso, só por isso, ficou conhecida internacionalmente, pense em como você pode estar numa situação muito mais embaraçosa que esta no futuro próximo e, pior, sem os milhões da conta bancária de Jennifer, por isso antes de jogar a primeira pedra é melhor olhar pro seu próprio telhado.
Por que as pessoas falam tanto de bullying e esquecem que fazer comentários perversos em fotos nuas de celebridades também é uma forma de bullying?
Quanto a JLAW, apesar das dores sofridas, ela não perdeu o bom humor, “poderia ter sido pior”, diz Jen à repórter da Vanity Fair. Pelo menos eu não sou hermafrodita. Porque com essas fotos publicadas eu teria saído do armário: como “Jennifer Lawrence – A Hermafrodita”.
É por essas e outras que acho Jennifer Lawrence, como a guerreira personagem que interpreta em “Jogos Vorazes”, Katniss Everdeen, um exemplo e uma referência para milhões de jovens no mundo afora. Ela pode não ser hemafrodita, mas certamente é um ser humano que não tem a menor vergonha de demonstrar seus sentimentos e, ao invés de se calar, a atriz a partir de agora abraçou a causa e vai falar sim sobre o assunto “pretendo ajudar a outras pessoas vítimas de violações de privacidade como esta”.
Obrigada, Jen, o mundo precisa de mais gente famosa como você!
Este post foi baseado na entrevista de Jennifer Lawrence a revista Vanity Fair:
http://www.vanityfair.com/vf-hollywood/2014/10/jennifer-lawrence-cover
Bastidores do ensaio fotográfico de Jlaw para a revista Vanity Fair:
