Quando terminei de assistir o excelente filme “Drive My Car”, fui correndo compartilhar minha admiração com meus amigos cinéfilos, roteiristas e diretores.
O filme reúne todas as características que um roteiro perfeito deve ter, como aprendi nos cursos que fiz no Brasil e nos EUA.
Adaptado de um conto de Haruki Murakami, “Drive My Car” segue duas pessoas solitárias que acham coragem para enfrentar o seu passado. Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima) é um ator e diretor de sucesso no teatro, casado com Oto (Reika Kirishima), uma linda roteirista com muitos segredos, e com que divide sua vida, seu passado e colaboração artística. Quando Oto morre repentinamente, Kafuku é deixado com muitas perguntas sem respostas de seu relacionamento com ela e arrependimento de nunca conseguir compreendê-la. Dois anos depois, ainda sem conseguir sair do luto, ele aceita dirigir uma peça no teatro de Hiroshima e vai com seu precioso carro Saab 900. Lá, ele encontra e tem que lidar com Misaki Watari (Toko Miura), um mulher e chauffeur com que tem que deixar seu precioso possante. (Fonte: https://www.adorocinema.com)
E desde o dia que vi o filme, eu fiquei na torcida para que “Drive My Car” fosse indicado ao Oscar, mas tinha medo que os membros da Academia não privilegiassem o filme falado em japonês, legendado, com duração de 3 horas. Mas, graças à maior diversidade e à “internacionalização” dos membros da Academia, que já tinham premiado o fantástico “Parasita” nas principais categorias em 2020, eu fui surpreendida positivamente.
“Drive My Car” está indicado nas categorias melhor filme, melhor filme internacional, melhor roteiro adaptado e melhor diretor.
Tive a felicidade de participar de um bate-papo com Ryusuke Hamaguchi, diretor e co-roteirista do filme, que destacou uma de suas principais escolhas que fazem de “Drive My Car” um projeto a ser estudado por quem sonha em seguir carreira de cineasta.
“Eu pedi aos câmeras e diretor de fotografia que seguissem os atores. Eles ficaram livres e ao invés deles se adaptarem à câmera, a câmera que acompanhava eles. Isso deu uma naturalidade à narrativa, assim como um senso de realidade maior. Os atores tinham mais espaço pra interpretarem os seus personagens, sem se preocuparem com o que estava ao seu redor. O foco era nas relações, nos diálogos. Acredito que isso tenha contribuído para o resultado final.”
Ele complementa que ficou muito satisfeito com a boa recepção do filme, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes: “sempre uma boa supresa e um incentivo para o cinema japonês ser reconhecido internacionalmente dessa forma tão positiva, espero que outros filmes e cineastas apareçam mais para o mundo a partir de agora.”
Eu já sou fã de filmes japoneses faz tempo. “Drive My Car” tem a minha torcida em todas as categorias que concorre e não só indico como entretenimento, como também como inspiração. Os personagens são humanos e nos identificamos com suas jornadas, seus erros, acertos, dores, e, mais ainda, com as relações que estabelecem.
O final do filme é simples e sensacional. A direção de fotografia é nota 10. E para os amigos que sonham em seguir carreira no cinema, em qualquer área, é um “must-see.” Uma verdadeira aula!
“Drive My Car” tem estreia prevista em breve no Brasil.