God’s Country: Pré-estreia com muita cultura nativa em Los Angeles

A cabine de imprensa do filme “God’s Country” foi um super evento que me levou pela primeira vez ao Autry Museum. Localizado dentro do Griffith Park, mais conhecido pelo observatório, pela vista da placa de Hollywood e pelo zoológico, escondia também essa preciosidade que celebra a arte, a história e a cultura do oeste dos EUA, especialmente das comunidades indígenas (Native Americans).

 

 

Fomos convidados para prestigiar a première do filme, seguida de um bate-papo com o diretor e roteirista Julian Higgins, o também roteirista Shaye Ogbonna e a produtora Amanda Wheelan. O evento aconteceu dentro do teatro/cinema ao lado do museu. Esse espaço também é dedicado prioritariamente às produções protagonizadas e dedicadas aos artistas e temas relacionados à comunidade indígena.

Para completar a festa, fomos recebidos com um delicioso coquetel e também tivemos a chance prestigiar a exposição “Dress Code”, que mostra o que vestimos e como vestimos, no lado oeste dos EUA. A exibição explica como roupas têm histórias longas e muitas vezes surpreendentes, desvendando aspectos culturais de ícones do estilo “faroeste”, como a calça jeans, a camisa xadrez, as jaquetas com franjas, a camisa aloha – típica do Havaí- o vestido China Poblana – típico da cultura mexicana – e a bota de cowboy.

Eu visitei a mostra e achei o máximo, até porque além de aprender um pouco mais sobre a história do povo através de suas roupas, ainda me diverti com as atrações interativas e descobri coisas sobre mim mesma, respondendo perguntas sobre as roupas que uso no dia a dia.

 

 

Mas o principal motivo que nos levou a esse belo e interessante local foi a estreia de “God’s Country” cuja a estória tem tudo a ver com o clima do museu e da exposição.

No filme, Sandra (Thandiwe Newton) é uma mulher cansada. De tudo. Foram anos que ela se matava para agradar (e no processo errar) a mãe que faleceu recentemente. Se sentindo vazia por conta do trauma que a mãe impôs nela, Sandra ainda tem que lidar com as pressões, o racismo e a masculinidade tóxica que sofre na faculdade que leciona, e em praticamente qualquer lugar que vá na pequena cidade onde vive nas montanhas. Mas quando dois caçadores passam por sua propriedade, Sandra se revolta, revelando toda dor, angústia e raiva que sente. (Fonte: Adoro Cinema)

 


 

No papo depois da sessão, Julian Higgins, diretor e roteirista, contou pra gente sobre sua inspiração pro filme: “eu vi o curta ‘God’s Country’ do Alex Gutherz, em 2017 e não consegui tirar essa estória da cabeça. Eu senti que podíamos expandir a narrativa e transforma-lá em um longa. Mas eu queria que a protagonista fosse uma mulher, sempre fui fã de filmes de cowboy, mas todos os protagonistas eram homens, e sempre achei que uma mulher seria perfeita no centro dessa trama. Quando conversei com Thandiwe (que interpreta Sandra) e ela topou embarcar com a gente no projeto, eu sabia que o resultado superaria nossas expectativas porque ela é fantástica. Assim, como todos os envolvidos nesse filme. Foi um trabalho especial”.

O co-roteirista, Shaye Ogbonna, complementou: “quando Julian falou comigo sobre transformar o curta em um longa, as ideias começaram a vir naturalmente, ainda mais já sabendo que Thandiwe seria a protagonista. A essência do curta está nesse filme, mas, no final é bem diferente, pois adicionamos personagens e expandimos a trajetória da protagonista. Além de usarmos a bela locação como parte da estória. Mas o maior desafio foi terminar o filme, por conta da pandemia, chegamos a pensar que não conseguiríamos. Mas aqui estamos. Foi uma vitória”.

Amanda Wheelan, produtora, também celebrou a conquista, “nós começamos a rodar o filme poucas semanas antes da pandemia. Tivemos que parar e só conseguimos voltar ao set quase um ano depois. Foi difícil, nosso orçamento era apertado, produção independente. Mas, foi bonito ver a dedicação de toda a nossa equipe e o elenco. Todo mundo fez questão de voltar, de terminar o filme juntos. O que vocês viram na tela é o resultado do esforço de muita gente, que abriu mão de outros trabalhos para participar desse projeto. Realmente, eu nunca tinha visto um grupo tão comprometido antes. Quero trabalhar com essas pessoas pra sempre”.

Todo esse amor pelo projeto está na bela fotografia, no roteiro impactante e surpreendente, nas excelentes performances e na direção competente de “God’s Country”, em que a personagem central, que sofre racismo, mostra a quão forte é a mensagem de filme de faroeste, quando a protagonista é uma mulher preta!

Imperdível!

Conheça o Autry Museum e saiba porque entrou pra lista dos imperdíveis em LA:

https://theautry.org/

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