Hoje se comemora o Dia da Independência nos EUA, um dos maiores e mais celebrados feriados pelos norte-americanos. Ao mesmo tempo que eu admiro o amor do seu povo pela sua terra, o patriotismo exagerado nos EUA pode ser tão prejudicial como o discurso do atual presidente,que insiste em dizer que vai fazer a tal “América maravilhosa de novo”, e para isso acha justo separar famílias, maltratar crianças e construir muros.
O que é esquisito pensar que é preciso banir as pessoas de virem para um país que foi essencialmente construído por estrangeiros, já que os únicos norte-americanos de verdade são os nativos, que como os índios no Brasil tiveram a sua terra invadida pelos colonizadores.
Mas, apesar de todos os pesares, eu moro aqui há 9 anos, pago as taxas, enxergo e critico todos os problemas que o país tem. Sei muito bem que o país não se resume a Miami, Orlando, Nova York, Washington DC, Chicago e ao estado da Califórnia, os lugares mais populares e mais visitados pelos brasileiros. Eu sei muito bem que um país que elege o Presidente da República através de um colégio eleitoral tem um sistema democrático duvidoso. Já estive em muitos estados no sul dos EUA, como Georgia, Tennessee, Louisiana, e já morei no Texas, e conheço o perfil do norte-americano conservador.
Ao contrário de muitos estrangeiros que vivem nos EUA dentro das comunidades de seus próprios países de origem, eu sim tenho muitos amados amigos brasileiros, mas trabalho com americanos, em empresas americanas, estudo a cultura, experimento as diferentes culinárias, e viajo pra explorar o país que escolhi viver. Não me importo se os americanos não tem nem passaporte e acham que o país deles é suficiente para eles, isso não é um problema meu. Já que eu vim morar aqui por opção, pois minha vida no Brasil sempre foi espetacular, sempre fui de uma classe social privilegiada com as oportunidades que só 7% da população brasileira tem, eu sempre achei que tinha obrigação de entender o país que escolhi morar.
Assim como um amigo ou um namorado, quando mais tempo a gente passa num país e quanto mais o conhecemos, mais enxergamos seus prós e contras. E eu não meço esforços para me aprofundar na cultura do país onde eu faço imposto de renda. Por isso, eu fui aprender sobre as diferentes culturas de um país maior que o Brasil. Fui a vilas que têm menos habitantes do que o condomínio onde meus pais moram na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, fui no túmulo de Martin Luther King e no motel onde ele foi assassinado. Em Houston, Texas, eu lembro da polícia local entrar nos bares às duas da manhã, hora limite da venda de bebidas alcoólicas, para nos retirar gentilmente do recinto. Eu já andei de helicóptero no Havaí e acampei num barraca de exército no deserto do Vale da Morte. Das festas e passeios glamourosos que fiz nos grandes centros até as longas viagens de carro e aos milharais que vi pelo pais afora, eu posso dizer que conheci os EUA.
Leio veículos de mídia independente e sei muito bem que o governo do popular presidente Obama deportou mais gente do que qualquer outro governo nos EUA.
Os governantes podem ter uma lista de defeitos imperdoáveis, morando aqui a gente passa a conhecê-los bem, especialmente quando convivemos com pessoas de diferentes nacionalidades, classes sociais, e que vieram pra cá por razões semelhantes ou completamente diferentes das minhas. Eu sei, eu busco saber, aprender, conhecer, para criticar o que devo criticar com maturidade e elogiar a qualidade de vida que eu tenho morando entre Nova York e Los Angeles, que posso dizer que é excelente sim.
A América não foi feita por e para americanos, a América é o resultado de um monte de gente que veio pra cá buscar oportunidades melhores, eu mesma encontrei aqui a minha paz. Nós pagamos taxas e apostamos no país, enquanto ele sim realiza o sonho de muitos, tem realizado os meus… e isso é uma vantagem e tanto e a principal razão que estou aqui.
Por isso, apesar de todos os seus problemas, eu comemoro o dia de hoje e tudo de bom que conquistei aqui, com os meus esforços com certeza, mas com a ajuda gigantesca das boas oportunidades que o país que escolhi viver me deu.
Conheci muitos estrangeiros, classe média, que têm uma vida pra lá de ótima em seus países de origem, que chegam aqui e só reclamam. Eu reconheço todos os problemas, mas tenho muito a agradecer também. Nada é perfeito, ninguém é perfeito e, na boa, a gente está aqui porque quer. Criticar nós podemos, mas também acho que devemos elogiar as muitas coisas boas que encontramos aqui.
Por isso tudo, Feliz Dia 4 de Julho, parabéns aos nativos e a todos aqueles que deixaram pra trás suas origens desde o início dos tempos para construir este país que é o resultado do esforço coletivo de varias nações!