Por: Annelyse Bosa
Há 14 anos, vi a vinheta do piloto no SBT anunciando a estreia de uma série de mistérios sobrenaturais… Bom, quando olho para trás e vejo que a vinheta não tinha despertado meu interesse, fico pensando: Deus abençoe minha falta de sono naquele domingo à meia-noite!
Agora comemoramos o 300o episódio dessa série que, além do episódio em si ter sido uma verdadeira ode ao fandom, que acompanhou a série por toda essa jornada, foi também sobre a realização de sonhos. Então aproveito esse espaço para falar sobre a realização desses sonhos, sobre o maior sonho do Dean Winchester e, também, do meu. Logo vai fazer mais sentido, prometo, mas agora preciso avisar: tem spoilers sobre o último episódio abaixo.
No episódio 300, “Lebanon”, os meninos resolvem um caso numa loja de antiquários que envolve objetos raros de magia e, por precaução, levam toda essa coleção de objetos para o Bunker. Nessa coleção, Sam encontra uma “pérola do desejo” que pode ser a única solução com final feliz para o Dean, agora ele poderia tirar o Arcanjo Miguel de sua cabeça e problema resolvido. Mas nós que conhecemos muito bem o Dean e sempre soubemos qual seria seu maior sonho, não é?
Assistir esse episódio foi uma grande mistura de sentimentos, me coloquei em muitos momentos no lugar dos meus heróis e, ao mesmo tempo, tinha momentos que eu me distanciava da história porque me via pensando no quanto eu tenho orgulho deles, como sou feliz em ver a proporção que a série tomou, todo o amor envolvido na produção como um todo e saber que são pessoas incríveis que merecem o sucesso que conquistaram.
Agora é o momento em que meus olhos começam a ficar cheios de lágrimas e meu coração cheio de saudades, ambos sentimentos são refletidos em um sorriso de gratidão no meu rosto. A cada nova temporada, eu suspirava de felicidade e ao mesmo tempo tinha medo de que um dia chegasse ao fatídico fim, – que eu continuo negando veementemente a necessidade. Tem que continuar para sempre e sempre, por favor, Chuck! – e chegando esse fim, tinha medo de não ter a oportunidade de realizar meu sonho, conhecer meus heróis!
Planejando uma viagem para a Europa, com a minha amiga Mih Camparo, resolvi que era a hora de realizar esse sonho e fui para Roma, Itália. Nós finalmente pudemos ir à convenção “Jus In Bello”, uma das mais famosas da série, depois de passar anos acompanhando os vídeos que saíam no Youtube. Confesso que a organização da convenção em si deixou um pouco a desejar, mas não me arrependo nem por um instante, pois o melhor da convenção era poder conhecer esse elenco maravilhoso e foi melhor do que eu poderia imaginar nos meus melhores sonhos.
O ingresso que pegamos para a convenção não dava direito a entrar em painéis da série, mas tínhamos direito ao autógrafo de cada um do elenco regular. A Jus in Bello, JIB, começou como uma convenção de “Supernatural”, mas cresceu e tem 2 dias a mais de evento, JIBLAND, onde convidam atores de outras séries de sucesso a participar, no nosso primeiro dia, pegamos o autógrafo de Tom Ellis, Lúcifer na série de mesmo nome, e ele foi tão encantador que no fim do dia resolvemos apertar as despesas e comprar a foto com ele. Nos encontramos com todos os convidados da JIBLAND, suspiramos, nos apaixonamos e saímos falando do Brasil para todos eles, dica: falar do Brasil sempre é ótimo para puxar assunto com esses artistas.
Mas então chegou a hora das nossas fotos com os J2, seria a primeira vez que os veríamos pessoalmente. Jensen sempre foi “meu favorito”, pois sempre amei badboys na telinha, então pensei que começando com o Jared seria uma boa preparação para o que estava por vir, iria me controlar e daria tudo certo. Não saiu como o planejado! Vi aquele ser na minha frente e comecei a chorar, era um misto de lágrimas escorrendo e eu tentando fingir que estava tudo bem. Não estava tudo bem, estava tudo incrível!
E eu observava cada movimento que ele fazia com toda a atenção do mundo, para deixar registrado para sempre na minha memória e gente, ele realmente nos ama e respeita. Já pude conhecer outros artistas, tive ótimas experiências com a maioria, mas não são todos que se dispõem dessa forma. Em meio a tanta gente numa fila, com o Jared… você não se sente só mais um, ele realmente olha nos seus olhos e te enxerga, e é incrivelmente grato por todo carinho e apoio que lhe damos.
Como não podíamos entrar nos painéis, programamos nossas fotos e autógrafos de uma forma que possibilitasse que os víssemos o maior número de vezes possíveis, afinal, já que fomos tão longe, iríamos aproveitar ao máximo o que o evento tinha de melhor. No dia seguinte fomos tirar a foto – com – o – Jensen! Já entrei na sala chorando, claro, até os seguranças já conheciam a gente das palhaçadas que fazíamos por lá. Ver o Jensen na minha frente fez o que aconteceu pouquíssimas vezes na minha vida. Fiquei sem palavras!
Também busquei observá-lo o máximo possível, mas o tempo pareceu passar ainda mais rápido e quando vi já estava o abraçando. Tirei meus poucos segundos para olhar bem para ele, observar as sardinhas, os sinais da idade que vimos surgir nesses 14 anos de série, o sorriso… FLASH. Fizemos a foto, não lembrava nem para onde tinha olhado, se a maquiagem estava borrada.. não sabia de nada, só que não queria ter que sair da sala, mas os seguranças italianos me obrigaram. Meia hora depois pegamos nossas fotos impressas e virou uma festa, lembrei do abraço, chorei como criança e comemorei com a Mih e todos os amigos por celular a realização desse sonho.
No mesmo dia fomos atrás dos autógrafos de Alexander (O Jack), Rob Benedict (Chuck – nosso Deus) e Richard Speight Jr., (nosso amado arcanjo Gabriel). Segundo a programação, já era hora do Richard, mas não tinha fila alguma e começamos a pensar que tinham alterado. Quando resolvemos sair da fila, o Richard chegou com a organizadora da convenção, Danielle, o acompanhando para a mesa de autógrafos. Só nós duas na fila e já que ainda precisava preparar a caneta, Richard disse para a Danielle arrumar tudo enquanto ele conversava com as amigas.. NÓS DUAS! Ficamos uns bons minutos conversando sobre a gente, como tinha ido parar lá, sobre a vez que ele veio para Recife e ainda de quando ele veio para Paraty (RJ) passar as férias com a família. Ele falou que ama nossa caipirinha e nós, por acaso, tínhamos levado mini cachacinhas de souvenir para os hosts das casas que ficaríamos durante toda a viagem, então na empolgação combinamos que íamos levar para ele e o Rob no dia seguinte.
No domingo tiramos foto dupla com Rob e Richard, nossa missão era entregar as cachacinhas, mas com medo de nos barrarem abortamos o plano. Na hora da minha foto, falei que tínhamos trazido o presente e ele perguntou “Woow, cadê?”, falei que daria um jeito de entregar, mas não sabia como, já que essa seria nossa última interação com eles.
Fomos uma última vez à sala de autógrafos, agora pelo Jensen. A fila estava gigantesca e fiquei com medo de não conseguirmos. Os amigos seguranças foram gentis e tranquilizaram a desesperada aqui e logo entramos na fila definitiva. Essa fila dava voltas e voltas, e no zigue-zague tínhamos que ficar de costas para o Jensen. Me recuso! De repente, até a alemã atrás da gente começou a rir, pois eu estava andando de costas quase caindo, mas jamais viraria as costas para meu ídolo! Cheguei na mesa de autógrafo e pedi para a Mih ir na frente, com a fila enorme ele não podia se prolongar e quando já estava assinando o meu, finalmente saiu minhas poucas palavras. Eu disse chorando: “Jensen, eu vim do Brasil até aqui para conhecer você e hoje um dos meus maiores sonhos se tornou realidade! Muito obrigada!”. Lembro até hoje do olhar carinhoso dele, do beijo que ele jogou e de depois sair correndo, me escondendo atrás do papel dos autógrafos, já que os seguranças que já tinham virado amigos, começaram a zoar a chorona aqui.
A convenção acontece no hall do hotel Hilton em Roma, então volta e meia os artistas passavam pelos corredores. As instruções eram claras, nenhum fã poderia parar o artista, caso contrário o fã seria expulso do evento. Quando os artistas passam, todos formam um corredor onde podemos vê-los mesmo que rapidamente. Richard passou por esse corredor e mostrei as garrafinhas que havia prometido, assim que ele as viu, parou para nos cumprimentar. O Richard tem o dom de fazer a gente se sentir amiga dele instantaneamente, faz você se sentir bem-vinda.
Por fim, eles têm a tradição de, no encerramento da convenção, ir para o corredor do hotel e, rodeados de hunters, virarem um shot de tequila depois de cantarmos juntos Carry On My Wayward Son. Quaaase fomos embora sem saber disso, mas os seguranças nos alertaram e foi o encerramento perfeito para aquela semana. Na semana em que Dean realizou seu maior sonho, foi maravilhoso poder dividir a realização do MEU maior sonho, que foi conhecê-los pessoalmente e poder dizer o quanto são importantes na minha vida.
Longa vida a “Supernatural”!