Fã de Carteirinha: O impacto de Daisy Jones & The Six na minha vida

Essa matéria contém spoilers da série.

Quando assisti aos primeiros episódios de “Daisy Jones & The Six”, fiquei fascinada pela série mostrar tão bem a década de 70, quando eu nasci, mas no fundo que eu sempre quis ter vivido como adulta. Fiquei também encantada pelas músicas e impressionada com a química do elenco que deveria valer ao produtor de elenco um prêmio. Embora não tenha lido o livro em que o roteiro é baseado, já percebi de cara porque a obra de Taylor Jenkins Reid entrou tão rápido para a lista de bestsellers do The New York Times. Parece que só a banda é fictícia em “Daisy Jones & The Six”, porque a estória trata de temas humanos de uma forma tão autêntica que em vários momentos a audiência se identifica com os sonhos, as dúvidas, as conquistas, as dores, decisões e indecisões dos personagens.

Já encantada pela série mostrar uma Los Angeles que eu queria ter conhecido, à medida que ia assistindo aos episódios (que já revi umas 5 vezes, sem exageros, desde de que os dois últimos foram ao ar na última quinta-feira) fui percebendo o que mais me tocava na jornada dos personagens. Ao mesmo tempo que assistia Daisy Jones (Riley Keough), Billy Dunne (Sam Claflin), Camila Alvarez (Camila Morrone), Karen Sirko (Suki Waterhouse), Graham Dunne (Will Harrison), Warren Rhodes (Sebastian Chacon) e Eddie Roundtree (Josh Whitehouse) percorreram sua trajetórias na tela, um filme da minha própria vida começou a passar na minha cabeça.

Como Billy, amei duas pessoas ao mesmo tempo, com a mesma intensidade. Como Daisy, parti da vida delas, pois foi a melhor (e única) alternativa que encontrei pra seguir a minha vida. Como Camila, eu estava carente dentro de um relacionamento e sai com uma outra pessoa que me acolheu em um momento de vulnerabilidade.

Como Karen, eu decidi não ter filhos e abri mão de um amor, e ele, como Graham, se casou, comprou uma casa e teve um filho. Perdi as contas de quantas vezes dei um chamado nos amigos falando exatamente as mesmas coisas que Warren disse ao Eddie, no último episódio, e quantos amigos (e, por vezes, eu mesma também) deixaram de aproveitar as ótimas oportunidades da vida, deixando o ego falar mais alto, e, também como Eddie, já fiquei bem doída quando não fui o centro das atenções.

No quiz que fiz para saber qual o personagem da série me define (sim, estou tão obcecada pelo seriado, aliás, como há muitos anos não ficava, a ponto de fazer um quiz!) o resultado foi o Warren, mas na verdade eu tenho um pouco de cada um deles, mesmo não tendo nenhum talento musical e nem para a fotografia.

Muitas coisas me chamaram a atenção na série, mas destaco o realismo das estórias como a auto sabotagem, de Daisy e Billy, como forma de lidar com o abandono dos pais narcisistas. Não foi meu caso, mas tenho amigos próximos que passaram por situações semelhantes e se comportaram da mesma forma que os protagonistas.

Agora, também me impressionou como as mulheres agem fora da caixa. Camila, não é só uma mãe de família que sofre com as traições e o vício do marido rockstar, ela é fotógrafa, tem ambições e confessa se sentir lisonjeada por ser cortejada por um outro homem, e não ser apenas vista como uma mãe por alguns minutos.

Isso sem contar com um dos temas centrais que eu tanto acredito, é possível sim amar duas pessoas ao mesmo tempo. Isso não é pecado. Aconteceu comigo, com Billy e com muita gente que conheço. Como Billy e Camila, fazemos nossas escolhas em permanecer numa relação. Camila sempre soube que Billy nunca ia deixar de amar Daisy, mas decidiu ficar com ele e ao invés de querer controlar os sentimentos do seu parceiro, investiu em respeitar, priorizando o amor que ela sabia que seu marido também sentia por ela. O grande diferencial desse roteiro é que Billy e Daisy nunca tem um caso, nunca transam. Isso faz a conexão deles ser ainda mais profunda. Brilhante a decisão da autora do livro. Brilhante!

Aliás, em alguns momentos, a estória de Daisy, Camila e Billy me lembrou da personagem Francesca, no meu filme predileto de Meryl Streep, “As Pontes de Madison”, de 1995 (se você nunca assistiu, fica a dica! Amo tanto que tenho esse filme em DVD). Pura emoção.

A complexidade de ser humano fica evidente ao longo de todo o roteiro, através de todos os personagens. E, por mais que o triângulo amoroso possa chamar mais atenção, meu quarteto favorito é Simone-Daisy-Karen-Camila. A dinâmica da relação entre essas mulheres foge do estereótipo. Inclusive é difícil de vermos as relações femininas serem tratadas da forma como são em “Daisy Jones & The Six”.

Simone e Daisy tem aquela relação de melhor amiga que uma enxerga o melhor e o pior da outra. Nada mais real para uma amizade de verdade. Camila admite que é a maior fã de Daisy, independente de saber que ela se apaixonou por seu marido. Daisy compartilha também que Camila viu um futuro pra ela que nem ela mesma acreditava ser possível na época. Karen entrou e ficou na banda por causa de Camila, que mesmo sendo mãe e querendo ter outros filhos, acompanhou a amiga, quando Karen decidiu fazer um aborto.

Karen e Daisy viveram juntas uma realidade que poucas mulheres viveram nos anos 70, foram estrelas de uma banda de Rock’n Roll, um universo predominante masculino. Acho que por isso, Daisy ligou pra Karen quando foi presa. Karen pagou a sua fiança sem fazer perguntas. E, no episódio 10, quando eles cantam “No Words” no show de Chicago, Daisy, fazendo jus a canção, sem dar uma palavra, senta ao lado de Karen no teclado e a abraça. Esse é o dia que ela conta a Graham que interrompeu a gravidez, e essa pra mim foi uma das cenas mais profundas e belas da série. Diz tudo, sem precisar de qualquer diálogo.

Mais uma vez me identifiquei, já que também sou uma pessoa privilegiada que tenho mulheres, que mesmo muito diferentes de mim, me apoiam sem julgar, me escutam sem opinar, me abraçam sem perguntar. Secam as minhas lágrimas e intensificam meus sorrisos sem precisar falar. Se isso é raro na TV ou no cinema, eu sei que é ainda mais raro na vida real.

Você pode começar a assistir Daisy Jones & The Six por ser fã do livro, pela música, pela magia da década de 70, por gostar dos atores envolvidos ou das produções da Hello Sunshine (empresa de Reese Witherspoon que produziu a série). Você pode estar apenas curioso como um álbum de uma banda fictícia conseguiu chegar ao #1 da Billboard. Ou simplesmente porque você está procurando uma série nova pra maratonar e ouviu falar que essa é a mais popular no momento na Amazon Prime.

A questão é que não importa porque você decidiu assistir Daisy Jones & The Six, mas você pode terminar como eu, fazendo um balanço da sua própria vida, depois que terminar. Talvez por se identificar demais, ou por ver uma jornada tão diferente da sua que chega a ser inspiradora. Independente de qual caminho você seguir, só te digo que vai te tocar. Mais que você pode imaginar…

 

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Sinopse:

“Daisy Jones & The Six” é uma série dramática baseada no livro de mesmo nome escrito por Taylor Jenkins Reid. A trama gira em torno de uma famosa banda de rock dos anos 70, desde sua ascensão meteórica na cena musical de Los Angeles até sua separação inesperada no auge de sua popularidade. A princípio, Daisy (Riley Keough) é uma garota de 18 anos que sempre sonhou em ser uma estrela do rock. Em paralelo, The Six, banda liderada por Billy Dunne (Sam Claflin), começa a encontrar seu lugar em meio a música. Quando o caminho de ambos se cruzam, um produtor percebe o potencial que ambos artistas poderiam ter se unissem forças. A série é produzida pela atriz Reese Witherspoon. Fonte: AdoroCinema

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Trailer legendado:

Aguardem mais matérias sobre “Daisy Jones & The Six”. Ainda vamos falar mais entre as diferenças entre o livro e a série, vamos visitar locações em LA, contar curiosidades dos bastidores, aí vem mais coisa por aí, porque quando viciamos, não largamos mais!

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