Expatriadas: Deadline Contenders traz painel da minissérie sobre o encontro de mulheres com universos distintos

A minissérie “Expatriadas” tem tantas camadas e fala sobre tantos assuntos que é difícil até descrever o impacto que senti ao assistir. Protagonizada por Nicole Kidman (Margaret), que também produziu, Sarayu Blue (Hilary Starr), Ji-young Yoo (Mercy), e criada, produzida e dirigida pela fantástica Lulu Wang (que escreveu e dirigiu “The Farewell”, um dos filmes que mais tocou meu coração), “Expatriadas” é uma daquelas séries que vai ficar comigo por anos. Até porque eu me identifiquei com diferentes experiências de cada uma das três mulheres, coisa rara de acontecer comigo, assim como é muito raro ver um grupo de mulheres tão diverso no centro da estória de um livro ou de uma série.

 

 

Baseada no best-seller “As Expatriadas”, de Janice Y. K. Lee, a minissérie “Expatriadas” segue a história de três mulheres estadunidenses que vivem na mesma comunidade em Hong Kong. Enquanto a jovem Mercy (Ji-young Yoo) tenta se recuperar de um grave acidente, a rica Hilary (Sarayu Blue) sofre para ter o filho que acredita ser a salvação de seu casamento e Margaret (Nicole Kidman), mãe de três, passa a questionar a própria identidade depois de uma terrível perda. Depois de um encontro marcado por uma tragédia, elas são cercadas por uma série de eventos que alteram suas vidas, deixando todas navegando no equilíbrio entre culpa e responsabilidade. Fonte: AdoroCinema

 

 

A minissérie é imperdível, mas eu destaco o episódio 5 que é um dos episódios de série mais bem escritos, dirigidos e produzidos que eu – uma viciada em seriado – já assisti até hoje. Uma obra de arte com 96 minutos de duração (o tempo de um filme), orquestrada por Lulu Wang (que escreveu e dirigiu o episódio). Foca nas personagens Essie (Ruby Ruiz) e Puri (Amelyn Pardenilla), que trabalham como domésticas e moram com Margaret e Hilary, respectivamente. Realmente eu fiquei impressionada com o show que esse grupo de mulheres deram na frente e atrás das câmeras.

 

 

Tive a oportunidade de ficar frente a frente com Lulu, em dois eventos, e com as estrelas Nicole Kidman (participou por vídeo pois estava em Nashville rodando um novo filme), Sarayu Blue e Ji-young Yoo no Deadline Contenders, em LA.

 

 

Abaixo estão os destaques do painel, sendo que o de Lulu é uma compilação do Contenders e do painel de produtores das séries que estão na corrida para uma indicação ao Emmy Awards, no evento Prime Experience, em Hollywood:

 

 

Lulu Wang

Sobre as roteiristas serem todas mulheres:
Esse é um seriado que mostra diferentes perspectivas sobre vários assuntos, de mulheres de origens diferentes, o que vai muito além das minhas perspectivas e, por isso, foi tão importante ter um grupo de mulheres com diferentes pontos de vista na sala de roteiristas. Além disso, eu queria a Janice (Janice Y.K. Lee) que escreveu o livro, porque ninguém melhor que ela para expandir esses personagens que ela criou. Uma sala de roteirista é como uma mesa de jantar com pessoas desconhecidas, a gente nunca sabe o que vai acontecer, fomos privilegiadas porque a química do nosso grupo foi imediata e contribuiu para realizarmos esse projeto.

Sobre a escalação do elenco:
Quando Nicole falou comigo sobre esse trabalho, eu já sabia que, além de produzir, ela iria atuar, o que foi um porto seguro, mas também uma responsabilidade, porque tínhamos que ter atrizes tão talentosas quanto ela.

A busca por Mercy foi longa, vimos muita gente. A personagem é interessante porque ela é vulnerável, mas usa a máscara da maturidade. Procuramos bastante, mas quando vimos Ji-young Yoo, na hora percebemos que ela era a pessoa que imaginávamos para esse personagem. Engraçado que ela chegou maquiada, parecendo mais velha, pedimos para ela tirar a maquiagem e ali estava a Mercy. Foi incrível.

A Sarayu Blue tinha feito muita comédia, mas eu, particularmente, gosto da vibe que os atores de comédia trazem para o drama. E eu sabia que a Hilary não era uma personagem fácil porque ela não está envolvida diretamente no incidente principal da série, ao mesmo tempo que a vida dela é afetada pelo acontecimento. E Sarayu deu a Hilary a leveza e a intensidade que o personagem precisava. Outra vitória pra gente!

Sobre o desafio que foi encarar esse projeto:
Quando Nicole me convidou eu pensei em não aceitar porque eu achava que não tinha experiência suficiente para esse desafio. Eu só tinha dirigido The Farewell, que foi bem recebido, mas era um filme simples sobre a vida da minha avó, na cidade natal da minha família. Já essa minissérie seria gigantesca, produzida durante a pandemia, rodada em Hong Kong, fiquei balançada. E foi apoio e incentivo da Nicole e o total suporte da Amazon, que disse sim pra todas as ideias que eu e as roteiristas tivemos, que eu aceitei. Mudou a minha vida, sem exageros, foi uma experiência profissional indescritível, fantástica. Um presente mesmo!

 

 

Nicole Kidman

Porque adaptar esse livro:
Sinceramente foi por conta dos assuntos relevantes que o livro aborda de forma tão global, inclusiva, trazendo a diversidade a tona, e como o livro fala sobre todas as pautas pelas quais estamos lutando. Era um projeto perfeito e exatamente o que procuro produzir mesmo.

O convite a Lulu:
Essa minissérie é o bebê da Lulu e ela foi uma das grandes responsáveis pelo seu sucesso.

Eu vi “The Farewell” e fiquei obcecada e já sabia que era a Lulu que queríamos como nossa capitã. Ela era a pessoa certa para criar e dirigir a minissérie e, juntamente com an Amazon, me comprometi a dar toda a estrutura que ela precisava para isso acontecer. Tivemos os parceiros certos e, por isso, conseguimos dar nosso melhor.

Ser um exemplo na indústria:
Eu sou muito grata por ter uma carreira bem sucedida que me dá a chance de abrir caminho e criar oportunidades para que outras mulheres brilhem em suas carreiras e tenham a chance de abrir o caminho para outras tantas. Essa é a corrente do bem que quero manter sempre e um projeto como “As Expatriadas” me permitiu fazer isso.

 

 

Sarayu Blue

O que acho mais interessante desse trabalho é como as pessoas gostam de conversar comigo sobre o impacto dessa série na vida delas, de uma forma muita detalhada. Eu adoro e entendo porque a Hilary representa muita gente. Ela é do sul da Ásia, o que é incrível e raro de ver na TV, e ela é convencional, mas ao mesmo tempo fora da caixa. Geralmente personagens assim são apenas a melhor amiga da protagonista, mas nesse caso, a Hilary tem um arco maravilhoso e o público se conecta com isso. Esse show é monumental e foi uma das experiências mais extraordinárias da minha carreira.

 

 

Ji-young Yoo

Eu tinha 21 anos quando fui fazer o teste para a série e eu achava que eu era muito nova pra personagem e coloquei um monte de maquiagem pra parecer mais velha, quando penso nisso eu vejo que tem muito do arco da Mercy na minha própria experiência. Ela está buscando algo externo para tapar seu vazio interior já que ela é uma imigrante nos EUA e uma expatriada em Hong Kong. Foi muito bacana explorar essa temática de como colocamos rótulos nas pessoas, até porque é fácil pensar que um expatriado tem dinheiro e privilégios, e Mercy tem privilégio sim, ao mesmo tempo, ela tem que preencher as lacunas que ser “estrangeira” entre todos os territórios deixa. Como já disse Lulu e Sarayu esse projeto mudou as nossas vidas, a minha em especial, pois foi meu primeiro trabalho nessa escala. Nunca tinha feita nada parecido antes e foi realmente um aprendizado como atriz e como mulher.

 

Sinceramente, “Expatriadas”, para mim, foi como uma sessão de terapia, a cada episódio. Uma minissérie impacta as pessoas de forma diferente, mas eu incentivo vocês a maratonarem os episódios porque, independente de como vai te tocar, você certamente vai ver uma aula de como fazer uma minissérie. E só por isso já vale a pena!

 

 

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