ESPECIAL THE FOLLOWING. Entrevista exclusiva com o diretor/produtor Marcos Siega

Marcos Siega dirigiu e produziu um dos seriados favoritos do Hollywood é Aqui: “The Vampire Diaries”. Nascido em Nova Iorque, Marcos tem coração verde e amarelo já que seus pais são brasileiros. E ele não nega a raça, gosta de churrasco, Carnaval e tem alma generosa dos conterrâneos. Tirou um intervalo das gravações do novo hit show “The Following”, que está sob seu comando, para conversar por telefone conosco. Neste papo, Marcos Siega conta que durante as gravações de TVD vivia como um vampiro, diz também que de glamour um set de gravação não tem nada, e torce para que o trabalho deixe ele passar o Carnaval do ano que vem com a família no Brasil. Além, claro, de falar com exclusividade sobre seu novo projeto, a série ” The Following” que estreia no Brasil hoje (quinta-feira), às 23 horas, no Warner Channel.

 

 

C: Oi Marcos.

MS: Oi Claudia, como você está?

C: Estou bem. Obrigada por nos conceder esta entrevista. Eu sei que você está muito ocupado. Aliás, você é fluente em português, certo?

MS: Sim, eu falo português.

C: Você é um brasileiro tradicional. Gosta de churrasco e é gremista.

MS: Claudia, Claudia, cortou a ligação. Você prefere falar em português ou inglês?

C: Pode ser em português.

MS: Se eu nao entender alguma coisa, vou pedir para você repetir em inglês para mim então.

C: Combinado. Muito obrigada pela entrevista, não vou tomar muito o seu tempo. Estou aqui falando em nome de todos os seus fãs brasileiros, especialmente a Fernanda Char, que é uma grande fã sua no Brasil. Você se reuniu novamente com Kevin Williamson (criador do show “The Vampire Diaries e do “The Following”), depois do “The Vampire Diaries” para fazer este projeto (“The Following”). Como foi este reencontro?

MS: Depois do “The Vampire Diaries” fui fazer outro programa chamado “Charlie’s Angels” e ele (Kevin) foi fazer um programa chamado “The Secret Circle”. Ele um dia me chamou e disse que tinha um script.

MS: Como é script em português? É script?

C: É roteiro.

MS: Que ele queria que eu olhasse…

MS: Vou responder em inglês, é mais fácil para mim.

C: Claro, sem problemas.

MS: Ele me ligou e disse que tinha outro roteiro que queria que eu desse uma olhada, que ele estava pensando em produzir uma outra série juntos. Ele me mandou o roteiro, eu li, adorei e decidi que aquele era o trabalho que eu gostaria de fazer. Foi basicamente isso que aconteceu, a gente queria trabalhar juntos depois de “The Vampire Diaries”.

C: Ah, que legal. (A jornalista sai de cena e entra a fã) “The Vampire Diaries” é o meu seriado favorito. Eu tinha que falar isso para você. (Volta rápido a jornalista) Eu assisti aos 5 primeiros episódios do “The Following” que é uma serie eletrizante e o elenco é muito bom. Você tem atores famosos e caras novas. Como foi o processo de seleção de elenco deste show?

MS: A seleção do elenco foi bem fácil. Nós estávamos começando a fazer listas dos atores que queríamos e nossos empresários disseram que o ator Kevin Bacon (intérprete do protagonista Ryan) tinha lido o roteiro e amado e, imediatamente, nós achamos que ele seria perfeito para o personagem. Ele se juntou a nós logo depois que leu o roteiro. Dali por diante, foi tranquilo. No final das contas em qualquer projeto o mais importante é o material e tínhamos uma história tão boa que todos os atores que nós mandamos o roteiro, toparam fazer o seriado. Nós tivemos muita sorte. Praticamente nós listamos todos os atores que queríamos e colocamos na série, e começamos a gravar.

C: Nossa que legal! Voces fizeram um ótimo trabalho. O elenco é incrível. O último episódio é fantástico, fiquei aterrorizada (no bom sentido), e ainda estou. Bom, qual é a diferença em produzir uma série como “The Following” no canal aberto, você enfrentam algum problema por conta das cenas mais violentas? Recebem inputs deles? É diferente de produzir uma série na TV a cabo?  (séries de TV a Cabo nos EUA: “Homeland”, “True Blood”, “The Walking Dead”, “Mad Men”, “Breaking Bad”)

MS: Nós temos algumas politicas e práticas para cumprir nos seriados de TV de canal aberto que são diferentes das práticas do canal a cabo. Mas para ser honesto, nós gravamos sabendo quais são os limites de uma emissora do canal aberto. Respeitamos as limitações, as cenas de violência, tem algumas coisas que não queremos mostrar, mas não só por ser uma série de TV aberta, mesmo se fosse no canal a cabo, provavelmente nós também não mostraríamos, porque às vezes o que você pensa que vai ver é mais amendrontador do que o que você está realmente vendo. Neste show, nós tentamos fazer o público acreditar que está vendo mais coisas do que eles realmente estão vendo. Eu provavelmente faria a mesma coisa, se a série fosse no canal a cabo. Acho que a maior diferença entre um seriado naTV aberta e na TV a cabo é a estrutura. Nos seriados da TV aberta, você tem 6 intervalos comerciais, e é muito difícil você contar uma história tendo que criar um suspense a cada 3 minutos para que a audiência volte a assistir depois dos comerciais. Quando fazemos um show para a TV a cabo é mais tranquilo, podemos contar a história ser termos a preocupação de criar um suspense a todo momento. Eu acredito que esta seja a diferença fundamental entre um show da TV Aberta e outro na TV a cabo. Quando as pessoas falam que shows da TV a cabo são mais como um filme enquanto na TV aberta é mais seriado de TV, é porque os seriados da TV a cabo têm o mesmo ritmo de um filme, no cabo a gente pode contar a história sem interrupção, e é claro que parece mais cinema.

C: Isso e interessante. Uma pergunta da sua fa, voce ja leu Edgar Poe (Edgar Allan Poe foi um autor, poeta, editor e crítico literário estadunidense, fez parte do movimento romântico americano. Fonte Wikipidia) ? Ele é muito citado na série “The Following”.

MS: Sim, claro. Eu li Edgar Poe na escola, para uma aula de inglês. Ele é o padrinho dos romances policiais. Mas eu não tinha estudado Poe, ele era apenas familiar. Mas quando Kevin me mandou o roteiro do “The Following”, ele mandou um livro com os romances do Poe e comecei a ler sobre o trabalho dele.

C: Interessante. Muita gente pensa, especialmente adolescentes e jovens, e eu escrevo para este público, que trabalhar em um set de TV ou de cinema é muito glamouroso. E nós dois sabemos que não é. Você poderia contar um pouco da sua rotina no set, quantas horas você trabalha?

MS: Não há nada de glamouroso num set de televisão, a não ser trabalhar com gente que é famosa.

C: Risos

MS: As horas de trabalho são brutais. Para mim, em média, são 14 horas de trabalho por dia. Mas na prética é muito mais que isso, é um trabalho de 24 horas, pois o Kevin (Williamson) mora em Los Angeles (cujo fuso é de 3 horas a menos que o horário de Nova Iorque onde Marcos está gravando “The Following”). Tenho reuniões quando está no meio da noite para mim. Sem contar com o fato de gravarmos a céu aberto. Neste momento estamos gravando do lado de fora de uma delegacia de polícia e está menos 2 graus Celsius, está nevando um pouco e nós temos que trabalhar com essa situação. A equipe toda tem que ficar do lado de fora também, não é  fácil. Só é glamouroso um final de semana, quando tem o lançamento e as pessoas estão assistindo ao seriado, isso é legal. Mas o trabalho do dia a dia é pesado, trabalhamos duro. E, para ser sincero, é por isso que fico chateado quando leio as pessoas
criticando a série. Um seriado é o resultado do trabalho de tantas pessoas que não aparecem na tela. E é muito difícil fazer uma série boa. É preciso muita ralação.

C: Eu concordo plenamente com você. Aliás, também não foi fácil trabalhar no set do “The Vampire Diaries”, não é?! Porque vocês gravavam muitas cenas à noite e cenas com efeitos especiais.

MS: Sim, no “The Vampire Diaries”, teve um tempo que passamos semanas vivendo a vida como se fôssemos um vampiro, a gente chegava em casa 7 horas da manhã e dormia até 1h, 2h da tarde e nos íamos para reuniões e começávamos a gravar novamente às 5 da tarde. E isso era uma rotina normal na gravação da série. Realmente foi um desafio fazer aquele seriado.

C: Aposto. Posso ver isso quando assisto aos episódios na TV. Você está planejando uma viagem para o Brasil em breve? Sei que seus pais são brasileiros, você fala português e é bem familiarizado com a cultura. Você planeja visitar o Brasil?

Marcos volta a falar português:

MS: O meu pai mora em Garopaba. Eu queria ir para o Carnaval agora, mas eu estava filmando. Acho que talvez o ano que vem para o Carnaval, depende do nossa programação de filmagens. Mas, eu gostaria de ir, claro, eu adoro o Brasil.

C: Que ótimo! Que bom! “The Following” já e um grande sucesso no Brasil, mesmo antes da sua estreia lá, que é amanhã. Voce sabia disso? Já emplacou no Brasil.

MS: Eu sei que estreia amanhã. Minha família diz que está todo mundo animado com a série, mas sabe é a minha família.

C: risos. Mas é verdade. Você já tem fãs lá e tem um site de fãs chamado “The Following Brasil”e eles me pediram para te falar que o seriado já está bombando por lá.

MS: Ah, e eu sei também que os tweets da Fernanda são também grandes responsáveis por isso. Ela sempre menciona o show. O que eu adoro, e aprecio muito, acho muito doce da parte dela. Mas eu não estava sabendo ainda que o show estava sendo tão esperado ou que as pessoas já estivessem animadas para a estreia.

C: Sim, estão todos animados! Muito obrigada por separar um tempinho para falar comigo, Marcos. Isso é muito
importante para nós. Desejo o melhor para vocês. Eu adoro” The Following” e sou muito fã do seu trabalho.

MS: Muito obrigada. Isso também significa muito para mim.

C: Obrigada você, foi ótimo falar contigo.

MS: Até logo.

C: Tchau.

Colaboraram com esta matéria: Fernanda Char (fã número 1 de Marcos Siega no Brasil) , Filipe Moya (assina a coluna “Só Seriados” no HEA e é dono do site Seriáticos) e a equipe do site The Following BR. (@the_followingBR)

Agradecimento especial a Fernanda Char, fã de carteirinha do Marcos Siega, que foi mencionada pelo diretor/produtor durante a entrevista. Ela se encarregou de  divulgar do trabalho do Marcos Siega no Brasil e também é uma amiga querida do Hollywood é Aqui.