Essa matéria contem spoilers da terceira temporada de Stranger Things.
Meu amor por Stranger Things não foi a primeira vista. Confesso que não sou muito fã de séries do gênero fantasia. Monstros e super poderes não são mesmo a minha praia. Mas, resolvi insistir com Stranger Things, afinal o seriado se passa nos anos 80, década que cresci, e Winona Ryder é (e será para sempre) uma das maiores divas da minha geração.
Desde o piloto minha ligação com a série era emocional, já que o figurino, a trilha sonora e o grupo de amigos (no melhor estilo “Conte Comigo”, um dos meus filmes prediletos na adolescência) me remetiam aos anos dourados da minha vida. Continuei assistindo Stranger Things muito mais para relembrar e reviver alguns momentos especiais da minha trajetória, do que pela série em si.
Mas, tudo mudou radicalmente na terceira temporada. Talvez porquê o roteiro tenha sido mais focado nos relacionamentos entre os personagens, do que no combate aos mostros inimigos, ou ainda, pela música da Madonna (minha pop star favorita!) ter sido pano de fundo de um dos momentos mais fofos da temporada (o passeio no shopping de Eleven e Max, que me lembrou minha melhor amiga e nossas aventuras no Shopping Tijuca, no Rio de Janeiro), ou ainda pela cena que Eleven lê a carta de Hopper, que por sinal me fez chorar que nem criança.
Sim, vocês vão dizer que estou apontando todos os momentos mais humanos dos personagens, mas o que descobri ao fazer uma análise das três temporadas de Stranger Things, que o que de fato me prendeu ao seriado esse tempo todo, não foi só o meu saudosismo da época em que cresci, mas o roteiro extremamente bem escrito, o elenco pra lá de talentoso, e até os efeitos especiais (que geralmente me incomodam) que são tão caprichados e pertinentes a estória, que me convenceram.
Continuo não sendo fã do gênero, mas fiquei encantadíssima com essa temporada que misturou emoção, humor, aventura, na medida certa, até para quem não curte muito o estilo da série .
Acho que ai está a genialidade dos “Duffer Brothers” (criadores de Stranger Things), produzir um seriado para quem não é chegado em fantasia. Porque a forma como eles desenvolveram a jornada dos personagens fez com que a fantasia se tornasse o pano de fundo, continua sendo o fio condutor da série, mas o destaque ficou mesmo para a relação entre os personagens, inclusive do vilão Billy com sua família. Por isso, acredito que tenha sido mais fácil nos identificarmos com a estoria, em muitos momentos.
A última cena , por exemplo, me tocou de uma forma especial. Eleven. Will, Joyce e Jonathan estão de partida da cidade e tem que dizer adeus aos amigos. Se eu já estava chorando com a cena anterior (que carta Hopper!!), a despedida (uma constante na minha vida nos últimos 10 anos, já que moro no exterior e minha família e amigos estão no Brasil), me deixou em prantos. Mas, não senti uma emoção ruim, de forma nenhuma, mas uma emoção com a qual me identifiquei profundamente.
E os meus seriados favoritos são aqueles que refletem algum aspecto da minha vida e, da realidade em geral, e foi justamente esse o efeito da terceira temporada de Stranger Things para mim.
Tem gente dizendo que a quarta temporada será a última da série . Espero que seja boato, porque agora (eu sei, to atrasada) estou completamente viciada e adoraria ver a galera se formar na faculdade. Até porque, eles teriam a minha idade e eu continuaria revivendo através da música, das estórias, das roupas, dos hábitos e das referências , um pouquinho da minha própria historia.