Só em Beverly Hills a gente enfrenta o caos no trânsito em dia do Golden Globes Awards. A cerimônia, que abre a temporada de premiações em LA, acontece anualmente no início de janeiro no The Beverly Hilton Hotel. Pra gente fã de entretenimento, é sempre uma desculpa para reunir os amigos e fazer uma festinha para comentar as roupas das celebridades no tapete vermelho e, claro, vibrar na torcida para que os nossos filmes, séries, atores, atrizes e diretores favoritos levem a estatueta pra casa.
O Golden Globes é um prêmio promovido pela Hollywood Foreign Press Association, formada por um grupo seleto de jornalistas, dos mais diversos cantos do mundo, que elegem os vencedores. Apenas um membro desta associação também vota no Oscar, mas o Golden Globes, além de entreter, serve como uma excelente vitrine, especialmente, para os filmes que querem garantir uma vaga na corrida pela estatua de ouro mais famosa do cinema.
Este ano, o Golden Globes rolou no último domingo, dia 6, e para meu completo surto, “The Americans” ganhou o prêmio de melhor série na categoria drama. Mais do que justo, já que é um dos melhores seriados produzidos nos EUA nos últimos anos, finalmente, em sua última temporada, a série foi reconhecida e prestigiada como deveria, pelos membros da HFPA. O engraçado é que eu falo tanto dessa série que recebi mensagens de texto de vários amigos, de LA e NY, me parabenizando pela vitória de “The Americans”. Me senti uma das produtoras e fiz um escândalo em casa, como não fazia desde que a JLAW levou o Oscar de melhor atriz pelo filme “O Lado Bom da Vida”.
Mas não só “The Americans” fez a minha alegria de fã assistindo ao Golden Globes, Alfonso Cuarón ganhou tanto como diretor, como melhor filme estrangeiro, por seu Roma, para mim, o melhor filme do ano. Seus dois discursos foram relevantes e acompanhados de um agradecimento em espanhol. Lindo como Roma. Além disso, como não poderia deixar de ser, Lady Gaga levou melhor música, por “Shallow” em “Nasce Uma Estrela”, assim como a maravilhosa Patricia Clarkson, que levou melhor atriz de série drama, por sua atuação de fazer a peruca voar na maravilhosa “Sharp Objects” e Rachel Brosnahan, também, ganhou por sua adorável Mrs. Maisel, na categoria melhor atriz de comédia.
A atriz Sandra Oh foi a anfitriã do show, ao lado de Adam Samberg, e entrou para a história como a primeira atriz asiática a ganhar dois Golden Globes, o primeiro em 2006, por sua performance em “Grey’s Anatomy”, e no domingo, por “Killing Eve”, aliás, uma série pra lá de espetacular.
Saoirse Ronan, nossa eterna Lady Bird, não estava concorrendo ao prêmio este ano, mas deu o ar de sua graça como apresentadora de uma das categorias. Seus companheiros de cena em “Lady Bird”, Timothée Chalamet e Lucas Hedges estavam lá concorrendo a prêmios, por “Querido Menino” e “Boy Erased – Uma Verdade Anulada”, respectivamente. Eles não levaram para casa, mas já foi especial rever esses talentosos atores novamente.
Agora o grande destaque da noite foi a vitória de Glen Close na categoria melhor atriz drama, pelo filme “The Wife”. Surpreendeu a todos, inclusive a própria atriz que fez o discurso mais emocionante e importante da noite. Dando um show de humildade, Glen Close celebrou o momento como se tivesse sido a sua primeira vez (e este foi seu terceiro Golden Globes, sem contar que ela já foi indicada 6 vezes ao Oscar). Além disso, falou da sua mãe, que ao envelhecer se arrependeu por ter vivido à sombra do seu marido, como a sua personagem em “The Wife”, filme que levou 14 anos para ser feito, mas chegou na hora certa, tanto para a carreira da atriz, como para Hollywood que luta pela inclusão de mulheres na indústria do entretenimento. Regina King, outra atriz brilhante que venceu por sua atuação em “Se a Rua Beale falasse”, na categoria melhor atriz em filme de comédia, também prometeu em seu discurso produzir mais filmes em que, pelo menos, 50% da equipe fossem de mulheres. Tanto Glen, como Regina, foram aplaudidas efusivamente por uma plateia cheia de estrelas.
A cerimônia teve seus momentos divertidos, mas devo confessar que, enquanto celebrava os premiados mencionados neste post, eu discordava também com os escolhidos como melhor filme, tanto na categoria drama, como comédia. Sim, eu curti “Bohemian Rhapsody” e gostei bastante de “Green Book”, mas acho que nenhum dos dois merecia levar o Golden Globes pra casa. Eu teria certamente votado em “Nasce uma Estrela” e “Vice”, como melhor drama e comédia. Infelizmente, ainda não faço parte do seleto círculo de jornalistas estrangeiros que fazem parte da organização, mas quem sabe um dia eu chego lá. Enquanto isso, continuo de dedos cruzados esperando o anúncio das indicações ao Oscar, dia 22 de janeiro e torcendo para que meus favoritos da temporada, consigam garantir um lugar nessa badalada corrida.
Até lá recordamos nossos encontros com alguns dos indicados e vencedores do Golden Globes 2019:
Elenco da série The Americans
Première de Sharp Objects:
Alfonso Cuarón e elenco de Roma:
Se a Rua Beale Falasse – Regina King:
Nasce uma Estrela – Bradley Cooper: