Quinta é dia de recordar e não existe nenhuma convenção de fãs que faça isso tão bem quanto o ATX TV Festival. Foi lá que o elenco de “Gilmore Girls” se reuniu em 2015 e foi por conta do sucesso desse reencontro que a Netflix produziu os quatro episódios inéditos no ano seguinte.
Ano passado, meu coração fã de “Felicity” e de sua protagonista, Keri Russell, surtou ao ficar frente a frente com as feras que estrelaram uma das minhas séries favoritas.
Já esse ano, eu tive uma oportunidade ainda mais especial, entrevistar os atores de “Greek”, que se reuniram no ATX. Foi a chance que eu precisava de contar para eles como o seriado foi importante para mim, quando me mudei para os EUA há 10 anos. Eu tinha acabado de chegar em um novo país, ainda não conhecia muita gente, estava me adaptando à nova realidade e “Greek”, no auge do sucesso, me fez companhia durante muitos dias em que maratonei a série e depois nas noites em que acompanhava os episódios, semanalmente. Fiquei arrasada quando acabou, pois seus personagens, além de terem me dado uma aula de como funcionava o sistema das fraternidades nas universidades nos EUA, me fizeram companhia durante o meu primeiro ano em LA.
Ao contar isso para Spencer Grammer (Casey Cartwright), Amber Stevens West (Ashleigh Howard), Aaron Hill (The Beaver/Walter) e Tiffany Dupont (Frannie Morgan) durante nosso bate-papo, em Austin, eu senti a emoção dos atores. Spencer me disse, “tão bom saber que nosso “Greek” foi tão importante para os fãs como foi para todos nós. Muita gente fala isso, mas nós eramos realmente uma família. E é a primeira vez, desde que a série acabou em 2011, que todos nós estamos juntos no mesmo ambiente. Nós nunca perdemos o contato, continuamos amigos, mas a vida de todo mundo tomou rumos diferentes, ficou corrida, e acabamos não tendo a chance de nos reunirmos. Por isso, esse é um dia tão importante pra todos nós, estou muito feliz e emocionada mesmo”.
Ao entrevistar Aaron, acho que ele resumiu o que “Greek” representou para ator e para os seus co-stars: “nós éramos super jovens, estávamos no começo de nossas carreiras, inclusive foi meu primeiro trabalho, meu primeiro teste de elenco, eu até cheguei atrasado, era um novato em LA e em Hollywood. Nós fizemos a transição da juventude para a vida adulta juntos e, para muitos de nós, foi a única universidade que cursamos já que na vida real nós não fomos para a faculdade. Aquela realidade fictícia nos deu a oportunidade de ter o gostinho da vida dos estudantes universitários, as festas, os romances, os dramas. Foi muito marcante pra gente. Inesquecível”.
Amber Stevens West concorda plenamente: “eu fiz muitos trabalhos depois de “Greek”, mas participar dessa série mudou a minha vida. Imagina que conheci meu marido (Andrew West, que interpretou o personagem Fisher em “Greek”) por causa deste projeto. E hoje temos uma filha. Mais reviravolta que isso impossível, risos! O engraçado é que, na época, nós começamos a namorar escondido, não queríamos criar um clima no set, misturar o pessoal com o profissional, sabe?! Mas foi paixão à primeira vista, e acho que, no auge da nossa inocência, por mais que a gente fizesse tudo pra esconder que estávamos juntos, claro que estava super evidente. Eu lembro que quando contamos pra galera que estávamos namorando, todo mundo, o elenco, a equipe, até os produtores falaram , jura?! Só vocês achavam que estavam nos enganando. Foi hilário!”.
Agora quem compartilhou a história mais reveladora foi Tiffany: vou ser bem sincera com você, eu não queria de jeito nenhum fazer o teste para interpretar a Frannie. Ela era muito má, quando eu li o roteiro eu pensei, eu não quero ser essa pessoa, ela é tão diferente de mim. E eu acho que ainda estava traumatizada, porque eu tinha feito faculdade e, apesar de nunca ter pertencido a nenhuma fraternidade, eu conhecia muitas Frannies e tinha pavor de todas elas. Medo das maldades que elas faziam na vida real. Mas, meu agente insistiu que eu fosse ao teste, e eu lembro que nem os diálogos eu tinha decorado direito, admito que fiz o teste de qualquer jeito, contra minha vontade. A ironia do destino é que porque eu estava de mau humor, os produtores amaram e me ofereceram o papel. Eu estava ainda bem reticente no início, mas os produtores me convenceram que seria excelente para minha carreira de atriz interpretá-la, justamente porque ela era tão diferente de mim, seria um exercício maravilhoso pra mim. E eles estavam certíssimos, no final, acho a Frannie um presente. Sem contar que “Greek” me trouxe esses amigos que são para a vida inteira”.
E se para Tiffany, sua personagem foi um presente, para mim, a turma de “Greek” foi parte integrante do início da minha jornada na terra estrangeira. Conhecer os intérpretes dos personagens que marcaram tanto aquela fase de mudanças na minha vida foi mais que um sonho realizado, foi um reencontro com velhos amigos, que tiveram um papel fundamental na minha vida.
Que se tornou ainda mais especial depois da frustração que senti em 2017, quando o projeto do filme, que marcaria o reencontro da galera de “Greek”, subiu no telhado. Mas durante o painel no ATX Festival, os produtores da série garantiram que ainda existe o roteiro e os atores afirmaram que têm total interesse em participar dessa reunião de amigos da universidade. Quem sabe, como aconteceu com “Gilmore Girls”, alguma plataforma ou canal veja o sucesso do reencontro dos membros dessa fraternidade, em Austin, e invista na festa para celebrar seus anos de formados na telona.