Ainda lembro como se fosse hoje o dia em que fui convidada para cobrir o tapete vermelho da première da série da MTV “Faking It”, no Paleyfest em LA. Com um enredo revolucionário, em que duas amigas, Karma (Katie Stevens) e Amy (Rita Volk), fingem ser um casal de lésbicas para serem populares no colégio, a série prometia dar o que falar.
Cheguei animada e me apaixonei pelas entrevistas que fiz com o criador, produtores e o elenco. Para a minha surpresa, Katie, filha de portugueses, quando soube que eu era brasileira, fez questão de bater um papo comigo no idioma dos seus pais. Uma fofa talentosa e super simpática que me contou que tem primos em Santos e que sonha em visitar o Brasil.
Mas tão sensacional como minha entrevista com Katie foi “Faking It’. No final do episódio piloto, eu já estava completamente viciada. Acompanhei todos os dramas e aventuras de Karma, Amy, Liam (Greg Sulkin, Shane (Michael Willett), Theo (Keith Powers), Reagan (Yvette Monreal) e toda a galera. O roteiro era excelente, deu uma voz à comunidade LGBTQIA+ como nunca tinha sido feito antes em um seriado adolescente. Eu não acreditei e fiquei arrasada quando foi cancelada no final da terceira temporada. Foi um choque, nosso fandom ficou com o coração partido.
Por isso vocês imaginam como eu pirei quando soube que o elenco e o criador, Carter Covington, se reuniram no ATX Television Festival esse ano? Eu já tinha encontrado e entrevistado novamente Katie, quando estreou sua série “The Bold Type”, lá mesmo no ATX, em Austin, mas rever o elenco desse seriado tão injustiçado foi um presentão!
A conversa não podia ter sido mais descontraída, todos amavam a série e sofreram como os fãs por conta do seu cancelamento prematuro. “A gente já tinha ideia do plot da quarta temporada, foi muito triste quando confirmaram o cancelamento”, disse o produtor e criador, mas Carter não descarta a possibilidade de um retorno: “agora com nosso elenco mais velho, teríamos que adaptar a estória, mas seria uma felicidade poder voltar a trabalhar com esse grupo maravilhoso de pessoas e dar o desfecho que ‘Faking It’ merecia”.
Katie e Rita não só fizeram coro, como afirmaram que seria um sonho para elas trabalharem juntas novamente, as duas contaram que se conheceram na sala de espera no dia do teste de elenco e se conectaram desde o primeiro momento. “Eu ia fazer o teste para interpretar a Karma, mas a Katie entrou primeiro e acho que arrasou, porque, quando entrei, eles me pediram para fazer o teste para Amy, e deu certo”, relembra Rita. “Acho que o pessoal viu que já parecíamos melhores amigas e tínhamos química, quando você estava me acalmando na sala de espera”, complementa Katie.
O ator Greg Sulkin (Liam) não pôde participar do painel, mas mandou um vídeo dando um alô especial aos fãs e seus companheiros de elenco de quem afirmou morrer de saudades. Os atores Keith Powers (Theo), Yvette Monreal (Reagan), que entraram na segunda temporada, lembram da importância desse trabalho em suas carreiras e na vida pessoal. “Quando a gente entra em um elenco que já está junto há algum tempo ficamos mais tensos, mas todos nos receberam tão bem, com tanto carinho. Foi maravilhoso, só tenho boas lembranças dessa turma” diz Yvette. E Keith destaca seu aprendizado: “Esse trabalho me ensinou muito sobre a comunidade LGBTQIA+. Foi uma aula importante, educou a minha geração. E o acolhimento que tivemos no set foi especial. Todos muito abertos a colaborar sempre”.
O painel contou com a participação de uma convidada muito especial, Kimberly Zieselman, advogada e uma mulher intersexo, que foi consultora dos roteiristas. Uma das personagens principais de “Faking It” Lauren Cooper, intepretada por Bailey De Young, foi a primeira personagem intersexo num seriado adolescente nos EUA.
Kimberley, produtora executiva da InterAct, uma ONG que luta pelos direitos de crianças intersexo, ressaltou a extrema importância da existência dessa personagem em um seriado da MTV. “Eu me senti representada pela primeira vez na TV. Não só eu, mas muitos jovens que têm a mesma condição. Essa série abriu portas para as outras que temos hoje em dia, na época era algo inédito. Foi uma honra colaborar com os roteiristas na revisão dos scripts. Eles sempre foram muito cuidadosos pois queriam retratar a realidade em respeito a nossa comunidade”.
O ator Michael Willett, intérprete de Shane, o protagonista masculino, disse que foi libertador para ele viver um gay tão “cool” na escola, “com o tanto de preconceito que a comunidade LGBTQIA+ sofre, nada mais satisfatório do que ser super popular no colégio justamente por ser gay, “o Shane viveu o sonho de muita gente, foi realmente um privilégio fazer esse trabalho, não só porque eu estava cercado de amigos, em um ambiente seguro, mas eu estava interpretando um personagem gay que era respeitado e popular, um exemplo do que deveria ser com todos os jovens, em todas as escolas”.
Antes de se despedirem todos agradeceram ao público pelo apoio e pelo carinho ao longo dos anos. Nós fãs nunca esqueceremos a grandiosidade deste seriado e, assim como o elenco, torcemos por uma quarta temporada.
Nada é impossível, afinal foi graças a uma “reunion” como essa, em um painel no ATX Television Festival, que “Gilmore Girls” ganhou quatro novos episódios especiais na Netflix.
E aí, galera, quem vota para retorno de “Faking It”? Eu já estou pronta para fazer as entrevistas no tapete vermelho. Fica a dica para as plataformas de streaming e à MTV!
“Faking It” conta a história de duas amigas que se amam – de maneiras um pouco diferentes. Após numerosas tentativas de se tornarem populares no colégio, Karma (Katie Stevens) e Amy (Rita Volk), são “tiradas do armário” por engano. Agora, todos da escola acham que elas são lésbicas e namoram, o que as transforma em celebridades instantâneas. Seduzidas pela recém-encontrada fama, elas decidem manter a farsa. Fonte: Adoro Cinema